Enquanto acontece o SPFW aqui no Brasil, os holofotes internacionais se dividem entre a nossa semana de moda e os lançamentos masculinos de inverno que rolam em Milão. O portal FFW não poderia ficar de fora dessa cobertura: nossa correspondente local, a intrépida jornalista Juliana Lopes, envia conteúdos exclusivos direto do mundo de lá. Confira:
Por Juliana Lopes, de Milão para o FFW
Um clima de quermesse, gente de todas as idades confraternizando ao ar livre, rodeadas por plantas, aperitivos, drinks e, amarrando tudo isso, a moda da família Missoni. O lançamento da coleção masculina para o inverno 2010, durante a Semana de Moda Masculina em Milão, que terminou nesta terça-feira (19/01), foi uma apresentação num quintal sofisticado em um elegante bairro milanês, perto da Basílica de Sant’Ambrogio. O clima era de total informalidade: tanta que algumas pessoas subiram ao palco pra tirar foto ao lado dos meninos (!).
E, nas roupas, uma busca extrema por sobreposições, não só das peças em si, mas dos conceitos de confortável e elegante. Dentro de um limite comercial, mas bastante perfeccionista. Tricôs que vêm por cima de coletes estruturados de linho. Calças estreitas, retas, combinadas com cardigans volumosos e cachecóis infinitos. Gravatas aparentemente austeras, mas feitas com pontos propositadamente falhados. A escolha pela cartela de cores parte do nude, o azul, o marrom, e tem alguns “pulos” para tonalidades mais altas. “Busquei um homem real”, diz Ângela Missoni, que assume o design da marca desde a década de 90. Ela cedeu entrevista ao FFW enquanto degustava seu drink:
As festas no interior do Brasil têm o mesmo clima dessa apresentação, com gente bebendo, comendo, crianças, jovens e idosos misturados no mesmo ambiente. A moda tem que ser assim?
A moda é uma festa de família! (A Missoni, de fato, é, como tradicionalmente nas industrias italianas, uma empresa familiar). A moda tem que ser acessível e ter o mesmo espírito intimista dos porta-retratos com fotos de nossos parentes. A Missoni desenha para três gerações. Meu pai (Ottavio Missoni, fundador da empresa) aos 89 anos fica feliz com o que veste. É claro que ele não quer se vestir como um jovenzinho, mas ele também quer se sentir contemporâneo.
Quando você diz que as pessoas têm vontades de ser contemporâneas, impossível não pensar: o que é contemporâneo agora?
Contemporâneo é o que é real.
A inspiração vem de um conforto das nossas origens?
Sim. Pensei na natureza, mas também nas culturas que se cruzam, por isso os patterns mais étnicos. Não sei dizer exatamente o caminho da criação mas no final encontra-se harmonia e é preciso ter harmonia sempre.