Por Patrícia Favalle
A manhã desta terça-feira (18/01) escreve mais um importante capítulo da história da moda brasileira: a grife Maria Bonita apresenta sua coleção de Inverno 2010 nas dependências do SESC Pompeia, um dos edifícios erguidos pela arquiteta ítalo-brasileira Achilina Bo Bardi.
Mais conhecida pelo seu apelido, Lina costurou um jeito irreverente de traçar a arquitetura. Criadora do edifício que abriga o Museu de Arte de São Paulo, o MASP (já reparou como ele parece levitar nos entornos da avenida Paulista?); da Casa de Vidro, onde atualmente funciona a sede do Instituto Lina Bo e Pietro Bardi; do Museu de Arte da Bahia; e do Centro de Convivência Vera Cruz, entre tantos ambientes urbanos, sua imaginação cedeu leveza ao concreto.
O edifício que abriga o SESC Pompeia, arquitetado por Lina Bo Bardi: uma ode ao modernismo em formas transgressoras ©Agência Fotosite
O desfile que acontece no SESC Pompeia é um dos passos que vai ajudar na reabertura da Casa de Vidro, onde se encontra um acervo museológico de Lina: a Maria Bonita vai doar as cortinas feitas especialmente para o local.
Convidamos Anna Carboncini, diretora do Instituto, para contar mais sobre Lina, sem dúvida, uma das personalidades mais importantes da cultura nacional.
Como você descreveria Lina Bo Bardi?
Arquiteta, designer e pensadora. Chegou ao Brasil em 1946 na companhia de Pietro Maria Bardi, com quem acabara de se casar, para uma viagem que duraria dois anos. Entretanto, a conectividade e a simpatia que sentiram pelas pessoas e lugares os inspirou a ficar.
Como foi este momento?
Desde o começo eles atuaram no campo das artes e da arquitetura, áreas em que tinham vastos conhecimentos. Logo colocaram em prática as ideias amadurecidas na Itália e o fizeram com generosidade e inteligência. Lina, nos seus escritos, utilizou muito o termo ‘liberdade’.
E como esse ideal marcou o trabalho dela?
Acredito que ela foi guiada por esta maravilhosa sensação de poder conhecer o brasileiro e entendê-lo. Por conta disso, conseguiu resgatar a mão de um povo visto em toda sua imaginação e simplicidade. Nos seus projetos é possível detectar espaços públicos marcados pela grandiosidade e pelos detalhes de cada linha.
Em resumo…
As pessoas sentem que aqueles endereços foram criados para elas, onde podem ser acolhidas e respeitadas.
Além das casas e de outras estruturas de vanguarda, Lina também assinou a criação de móveis e joias. Pode falar um pouco sobre esta produção?
Em 1951, o Pietro Bardi, então diretor do Museu de Arte de São Paulo, mostrou um desfile da Dior com modelos e roupas originais da maison. A partir deste evento nasceu a ideia de fazer a mesma coisa para a moda nacional. O Museu abriu estúdios onde foram desenvolvidos os tecidos, muitos deles num tear manual, os esboços das coleções e a confecção das peças. O resultado foi apresentado em 1952, num desfile dedicado apenas aos criadores nacionais. Vale lembrar também que Lina desenhava as roupas e as joias que usava. No segundo caso, era notória a preocupação dela em enaltecer e divulgar as pedras brasileiras.
As obras de manutenção que suspenderam as visitações à Casa de Vidro já foram finalizadas?
O Instituto está se preparando para a reabertura ao público. Nesse sentido, a parceria com a Maria Bonita é muito bem-vinda (a grife oferecerá as cortinas da casa), e aguardamos a colaboração de outras empresas para finalizarmos essas mudanças.
Como definiria a relação do casal Bardi com a cidade de São Paulo?
Deixaram tudo o que tinham para o Brasil, especialmente, para a capital paulistana, como demonstração de apreço e de agradecimento pela acolhida que tiveram por aqui.
Instituto Lina Bo e Pietro Bardi
e-mail: institutobardi@institutobardi.com.br
tel.: (11) 3744.9902 e 3744.9830
+ institutobardi.com.br
SESC Pompeia
ONDE Rua Clélia, 93 – São Paulo – SP
CONTATO (11) 3871.7700
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MASP
ONDE Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo – SP
CONTATO (11) 3251.5644
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