Entre os convidados internacionais, as maiores estrelas do Fashion Rio são mesmo Scott Schuman e Garance Doré. Casal 20 da blogosfera, os mais atentos notam a dupla, que anda pelo Píer Mauá sempre junta, e tratam de passar várias vezes na frente deles. Os olhos treinados dos fotógrafos notam, mas fazem pouco movimento no sentido de chamar alguém, muito menos clicar. Mas garantem que estão produzindo bem no Rio – só preferem a luz natural.
Mesmo um tanto ansioso para não perder o próximo desfile (que acabou sendo a estreia elogiada de Lucas Nascimento), o duo respondeu tudo que o portal FFW perguntou, e uma coisa é certa: os dois, que estão juntos há um ano e meio, são muito apaixonados.
Scott Schuman e Garance Doré na primeira fila do desfile de Lucas Nascimento ©Priscila Vilariño
Primeiro, onde nasceram?
Garance Doré: Em Córsica [França].
Scott Schuman: Indianápolis, Indiana [EUA].
Onde moram?
GD: Paris.
SS: Nova York.
Quantos anos tem?
GD: 34.
SS: 42. Olha, ela falou a verdade!
Que câmera usa?
GD: Uma Canon 5D.
SS: Uma Canon 5D.
É verdade que foi você quem deu essa câmera para a Garance?
SS: Eu dei a primeira, essa é uma 5D Mark II.
Quando era criança, o que queria ser?
GD: Uma artista.
SS: Um jogador de futebol americano. Ou beisebol.
Para onde vão depois?
SS: Viajamos amanhã para Florença.
GD: Os desfiles são em Milão, mas é lá que ficam os showrooms.
O que faziam antes de se tornar fotógrafos de streetstyle por profissão?
GD: Eu ilustrava, mas não só para revistas de moda. Até porque não há muito mercado para isso.
SS: Eu tinha um showroom especializado em coleções de jovens estilistas.
GD: Qual era o nome?
SS: Schuman. [risos]
Quando percebeu que poderia viver do blog?
GD: Não houve um momento específico. Diria que faz dois anos.
SS: Eu também não sei. As coisas foram acontecendo e, uma hora, percebi.
Scott, você é frequentemente apontado com pioneiro dos blogs de streetstyle. Concorda?
SS: Absolutamente. Na época em que comecei, havia eu e o Facehunter, que fotografava mais rostos, não estilo. Havia um ou outro, mas não era a mesma coisa. Eu conseguia fotografar homens e mulheres em um nível superior, diferente.
Dizem que você é bem específico com seus retratados. Prefere cortes bons, proporções…
SS: Eu diria que não. Comparado a alguns outros sites, tenho uma abrangência maior. Talvez eu repare mais nesses detalhes porque fiz curso de costura e alfaiataria, mas não me restrinjo ao look. Hoje, por exemplo, estava em um outro bairro por aqui e vi numa barbearia velhinha um homem trabalhando, e aquela momento me comoveu. Gosto de achar um jeito romântico de fotografar.
E o que acha da nova safra de blogs de streetstyle?
SS: Não vejo muitos, na verdade. Um dos meus favoritos é o de Garance, e não é porque ela é minha namorada. Éramos amigos antes de começar a namorar, e eu sempre a admirei. Ela consegue ilustrar, escreve muito bem, fotografa com espírito, e agora faz vídeos. É muito esforçada. Às vezes ainda faz aquelas montagens com fotos, bilhetes, cenários, que parecem fáceis, mas não são. Quando começamos a sair, ela se preocupava em não copiar meu estilo, e achou o seu próprio estilo muito rapidamente. Acho que o site dela é uma das melhores coisas na internet inteira, é sério. O que sinto é metade inveja e metade orgulho.
GD: Obrigada. [risos]
Vocês costumam trabalhar juntos. Formam uma boa dupla?
GD: Sim. Estamos constantemente nos desafiando e nos inspirando.
Garance, você costuma fotografar mais mulheres. Para você, é mais fácil achar mulheres estilosas?
GD: Eu gosto de fotografar o que gostaria de usar, e acho que as mulheres gostam mais de ver outras mulheres. Quero achar algum jeito bom de fotografar homens, mas não como Scott faz. É um desafio.
Scott, como foi o processo de criar o livro?
SS: Foi muito gostoso. Foi legal escolher as fotos, e ainda melhor fazer a edição de qual seria seguida de qual. Também gostei de escrever o texto, que fiz em Indiana pouco depois de meu pai morrer. Foi um bom momento emocional para aquilo. Fiquei feliz com o resultado e, pelo que me disseram, outras pessoas também.
Qual foi o momento mais surreal que vocês tiveram?
GD: Foram tantos…
SS: Certa vez, Karl Lagerfeld foi até Garance e disse: “bom livro”. Ele estava falando sobre o meu livro, mas achou que fosse dessa mulher maravilhosa.
GD: Obrigada de novo [risos].