Estariam as super celebridades de Hollywood – e seus contratos milionários – com os dias contados? A medida em que filmes de baixo orçamento e atores desconhecidos passam a ser os principais responsáveis pelos maiores sucessos de bilheteria mundial, grandes estúdios questionam a relevância de manter os astros e estrelas como principais atrativos de um longa-metragem.
Em 2009, uma série de filmes de baixíssimo orçamento, com elenco pouco (ou nada) conhecido, se mostrou muito mais lucrativa do que as mega produções e celebridades “classe A”. O filme “Se Beber Não Case” arrecadou US$495 milhões em bilheterias ao redor do mundo. “Distrito 9”, filme de ficção-científica no qual o ator principal – o desconhecido sul-africano Sharlto Copley – contracena com aliens tratados como refugiados políticos, foi responsável por US$200 milhões em lucros. Enquanto o filme de terror “Paranormal Activity”, com os atores recém-descobertos Katie Featherston e Micah Sloat, já se aproxima dos US$100 milhões no “box office” – os produtores gastaram cerca de US$10 mil no filme. Ou seja, o lucro já é de 10 000%. Isso sem deixar de lado o mega sucesso “Crepúsculo”, filme que custou apenas US$50 milhões e acabou se tornando uma verdadeira febre mundial, transformando os novatos Robert Pattinson e Kristen Stewart nos mais novos ídolos da adolescência global. Para colocar em perspectiva, a atriz Angelina Jolie tem um cachê individual estimado em US$27 milhões/filme, segundo divulgou uma pesquisa realizada pela Forbes em junho deste ano. Dependendo do filme, esse “salário” pode comprometer 50% do capital de investimento. Um risco que não é mais aceitável na nova ordem mundial.
ALGUMA COISA ESTÁ FORA DA ORDEM?
Na verdade, não. Isso é um dos sintomas da crise global: os estúdios de Hollywood estão aprendendo a sobreviver no mundo novo, fechando as torneiras das grandes produtoras e favorecendo filmes de baixo orçamento e elevada criatividade. Começa a descer pelo ralo a fórmula de sucesso das super produções. O lugar que foi ocupado durante décadas pelas celebridades começa a ser tomado por valores como roteiro, edição, direção e atuação do elenco. A impressão que temos é que a mesa está começando a virar: as super celebridades – super caras – se tornam cada vez menos lucrativas no balanço final.
A pergunta que não quer calar? Na Era das estrelas cadentes, não seria um bom momento para que as modelos voltassem a ter papel de destaque nas publicações de moda? Talvez a fórmula lucrativa inventada por Anna Wintour lá nos Anos 80 esteja com os dias contados:
Já que a indústria do cinema está revendo seus valores, não seria um bom momento para o mercado editorial de moda fazer o mesmo? ©Reprodução