Alicia Vikander. Se você já viu Ex-Machina, sabe de quem estamos falando. Se não, apenas guarde esse nome. Até há pouco o segredo mais bem guardado do cinema atual, Alicia está com quatro filmes entrando em cartaz simultaneamente mundo afora, em que atua ao lado de Christoph Waltz, Bradley Cooper, Eddie Wegener e Michael Fassbender, namorado dela. Ela também estará no próximo filme da franquia Bourne, com Matt Damon e direção de Paul Greengrass. Mas foi com a androide Ava, de Ex-Machina, que nos encantamos por Alicia. Update: por esse trabalho ela foi indicada ao Globo de Ouro 2016 por Melhor Atriz Coadjuvante.
Conversamos com Vikander, que ainda está se beliscando por conta do novo mundo que aparece à sua frente. Ao ver as fotos que ilustram esta matéria, entendemos o que Alicia tem – e que fica tão claro em Ex-Machina. É a frieza versus delicadeza que é intrigante. Uma sensualidade mais escondida, menos óbvia, mas que está claramente lá. O rosto suave, mas com olhar perigoso. Uma menina frágil, doce e ingênua? Olhe mais de perto.
Certamente é esse “não sei o quê” o fator de atração para tantos diretores e projetos tão diversos. Do cult de Alex Garland ao próximo de Guy Ritchie ao novo “Bourne” à sensação The Danish Girl, em que Eddie Redmayne interpreta Einar Wegener, a pessoa que fez a primeira cirurgia de mudança de sexo (male to female) da qual temos confirmação, ainda nos anos 1920. Por esse papel ela foi indicada ao Globo de Ouro 2016 como Melhor Atriz. “Ainda sou novata nessa profissão, mas é uma coincidência que tantos dos meus filmes estejam saindo ao mesmo tempo. Filmes que eu fiz há alguns anos e ficaram muito tempo em pós-produção, e outros que fiz recentemente e estrearam mais rápido.”
Feliz coincidência, sorte ou força do destino para qualquer atriz que está começando. Se por um lado ela se sente pronta para ficar mais conhecida, por outro se preocupa com a superexposição. “Imagino que as pessoas vão se cansar da minha cara. Mas quando alguém se aproxima e diz algo legal sobre um filme que você fez, é a coisa mais doce… Na verdade, eu tive que me beliscar não sei quantas vezes nos últimos anos, mas também acho que é possível manter a vida privada.”
Antes de Alicia se firmar como uma grande promessa para 2015/16, a Louis Vuitton, sob o comando de Nicolas Ghesquière, já havia entendido o potencial da atriz e a convidou para ser uma das atuais musas da marca. O que faz todo o sentido. Alicia é uma atriz da nova geração, um rosto fresco, uma jovem mulher sem vícios de estilo, uma imagem da qual ainda não nos cansamos – elemento fundamental para uma marca como a Vuitton.
“Fiquei muito lisonjeada com o convite da Louis Vuitton. Comecei a comprar revistas de moda aos 13 anos e me lembro de ficar sempre impressionada com as campanhas, mas claro que nunca me ocorreu que um dia eu seria o rosto de uma dessas marcas. Foi bem surreal descobrir que seria parte da história de uma empresa como a Vuitton”, disse.
Ela tem usado as roupas da marca em eventos que atende pelo mundo com personalidade e estilo próprio. Longe de ser uma fashion victim, Alicia opta pela praticidade, mesmo porque seu atual estilo de vida não permite que seja muito diferente. “Eu viajo o tempo todo e aprendi que a vida fica mais fácil se eu não tenho que levar muitas roupas. Para mim, a moda tem que ser leve e divertida, uma maneira de expressar a personalidade ou um humor particular. Não sei se são minhas raízes escandinavas, mas prefiro algo mais simples e minimalista. Hoje pego um par de botas, um salto alto, uma calça preta, um tricô, um casaco bem legal e atemporal e algumas bolsas. E então troco os sapatos e as bolsas para me adequar a ocasiões diferentes.”
Alicia nasceu em Gotemburgo, Suécia, e desde pequena frequenta o meio artístico. A mãe é atriz, e a pequena Alicia passava horas na coxia do teatro, porém, a primeira escolha dela foi o balé. Treinou duro por seis anos, mas resolveu parar quando notou que as colegas ensaiavam até tarde e acordavam de madrugada para retornar às aulas, enquanto ela queria poder ter mais liberdade e sair com as amigas. A partir daí, ela já sabia que queria atuar e vieram muitos curtas e programas de TV até que conseguisse o primeiro papel no cinema, em Pure, aos 19 anos. Em todos os trabalhos como atriz, os treinos como bailarina vieram a calhar. “Minha experiência com dança é uma ferramenta que uso para compor as personagens, como elas se movimentam ou falam. Como eu não fiz escola de teatro, em que você experimenta as coisas e também falha bastante, tive que aprender e errar de outra maneira, na escola de balé, no set, em frente aos outros atores…”
Não tem sido diferente na moda. Alicia está em todos os lugares, em veículos de moda importantes, como Love, Interview e W, fotografada por grandes nomes como David Sims e Roversi, que assina as imagens deste editorial especial, com peças da coleção de inverno 2015 da Louis Vuitton. “Os diretores, atores e fotógrafos incríveis com quem trabalho me deixam segura para correr riscos.”
* Todas as fotos por Paolo Roversi com looks Louis Vuitton
* Matéria originalmente publicada na FFWMAG 41, à venda em bancas no Brasil ou para compra online através desse link