Inspirados pela contribuição que Sonia Rykiel deixou para a moda usando o tricô como marca registrada de suas criações coloridas, ao mesmo tempo divertidas e sexy, com o conforto de quem é inteligente, irônico e não se leva muito a sério típico da parisiense do rive gauche, ficamos com vontade de investigar mais sobre essa técnica para descobrir ou relembrar fatos importantes e curiosos, que passam pelas marcas de moda importantes do knitwear às origens do tricô. Sabia que elas remontam aos egípcios e a, pasmem, o pioneirismo dos homens como tricoteiros de mão cheia? Sim, comecemos então por eles:
1. Vovôs do tricô
Bem antes das vovós havia os vovôs – ou tatatatataravôs – do tricô. A origem do tricô – tipo, quem fez primeiro – é incerta na história da técnica, que considera a possibilidade do tricô ter nascido em algumas regiões ao mesmo tempo. Mas um dos primeiros registros está associado aos homens do Egito. Com a intenção de melhorar sua performance na pesca, os homens teceram, com duas agulhas, uma rede para pegar mais peixes ao mesmo tempo. Voilà, inventaram a rede de pesca. Logo tiveram a ideia de fazer blusas – os sweaters rudimentares – daquele tecido que era muito mais maleável do que o algodão usado desde então nas roupas, um tecido retilíneo mais duro, o equivalente a um lençol de cama engomado.
2. Egito ê
Foi também no Egito que foram encontradas as primeiras peças de tricô, datadas do ano 1.000 a 1.400 depois de Cristo. Pela complexidade da padronagem e as técnicas sofisticadas de tingimento em tons índigo, supõe-se que o início da confecção do tricô seja anterior e as roupas tenham desaparecido por terem sido tecidas com fios delicados (como seda) e perecíveis.
3. Cruzadas espanholas
De origem árabe, o tricô teria entrado e se espalhado pela Europa durante as Cruzadas espanholas. O termo “to knit” não existia em inglês até meados de 1.400.
4. Elsa Schiaparelli e Coco Chanel
No final dos anos 1920 o tricô foi introduzido como uma tendência da alta moda em grande parte graças a Elsa Schiaparelli. Ao lançar seu famoso sweater de tricô com o trompe l’oeil de nó de marinheiro no início de sua carreira, ela divulgou seu nome e transformou o tricô com pegada esportiva em item de desejo de moda da época. Chanel também deu sua contribuição para o “empoderamento fashion” do tricô ao lançar seus cardigãs e sweaters com referências esportivas.
5. Tricô de máquina
Já em 1589 foi inventada a máquina de tricô na Inglaterra. Depois disso, o tricô manual foi gradativamente se tornando um hobby e a indústria do tricô industrial se organizando entre os séculos 17 e 18.
6. Decadente
Agora a gente vive um momento do tricô em alta, com marcas internacionais e nacionais, com exemplos, no último caso, de tricôs luxuosos como os da Coven, Lolitta, GIG e Egrey. Nos anos 80 e 90, porém, um grande fluxo de tricô industrial barato e sem preocupação com design, vindo da China, colocou o tricô na lista negra da moda, ganhando a fama de roupa de vovó.
7. Novidade para os asiáticos
Embora tenham sido justamente os chineses que produziram as toneladas de tricô sem qualidade que fizeram a má fama do material por um bom período, eles próprios não tinham ouvido falar da técnica até os séculos 19 e 20 e já na versão industrial: nos países asiáticos, não há qualquer registro histórico de prática do tricô manual.
8. Missoni e Sonia Rykiel
Se Sonia Rykiel é a rainha do tricô à française, o título italiano não tem outro dono senão a Missoni. Ambas as marcas têm em sua identidade um mix importante de cores, cada uma à sua maneira e surgiram com mais ou menos uma década de diferença (Missoni começou a fazer sucesso nos anos 60 e Rykiel nos 70, depois de um sweater seu estampar a capa da Elle francesa). A italiana faz um balanço de tons menos vibrantes, muitos com referência à natureza (tons de terra, verde musgo). A partir do uso de cores, cria uma ideia de perspectiva e movimento óptico em composição de formas com a técnica, principalmente, do jacquard, com destaque para o seu famoso zigue-zague. Já Sonia Rykiel aposta em cores primárias no fundo preto para criar contrastes a partir das listras para expressar uma imagem urbana ao mesmo tempo leve e marcante.
9. Azzedine Alaïa
Com o estilista tunisiano icônico da moda parisiense, o tricô vira sinônimo de feminilidade, de segunda pele que contorna e valoriza as curvas do corpo feminino com conforto e exalando sensualidade. Aqui o tricô ganha uma qualidade de design precisa e minimalista, sem estampas, com base no preto e branco combinado a tons de pele e cinza, com técnicas diversas no tricô computadorizado.
10. Fashionistas no tricô
Com a volta da valorização do que é único, feito sem pressa e artesanalmente, o tricô ganhou o interesse de famosos e fashionistas. Atrizes como Sarah Jessica Parker, Julia Roberts e Cameron Diaz são exímias tricoteiras, assim como nossas fashionistas brasileiras Susana Barbosa (diretora da Elle) e a maquiadora Vanessa Rozan. Há cursos muito divertidos para aprender a técnica, caso do oferecido pela Novelaria.