Gustavo e Gisela deram uma volta longa até lançarem uma marca juntos, a Lapima, que faz óculos artesanais de primeira qualidade. Gisela Negrão, 34, foi viver na Alemanha aos 14 anos para estudar balé clássico e ficou na Europa por quatro anos, fez faculdade de publicidade, mas até os 24 anos trabalhou profissionalmente como bailarina no Brasil e em Portugal. Foi uma lesão no tornozelo que a fez retornar ao Brasil e mudar de rumo: começou a trabalhar na área de mkt na Medley Indústria Farmacêutica, negócio da família de seu pai na época.
Gustavo Assis, 38, viveu em Boston quando tinha 18 anos, cursou Administração de Empresas e sempre teve bom faro para os negócios. Aos 19 abriu sua primeira loja em Campinas, empresa que durou por 12 anos e foi expandida para diversas áreas no estado de São Paulo.
Gustavo e Gisela se conheceram, casaram, tiveram o primeiro filho até que Gisela deu outra virada na carreira e se tornou sócia do marido no comando das lojas de varejo que tinham. Após alguns anos, eles venderam o negócio e decidiram abrir uma marca especializada em óculos. Assim nasceu a Lapima em 2016, em uma parceria com o e-commerce Gallerist. Eles investiram em um processo de desenvolvimento que envolve alta tecnologia, com usinagem de armações em volume 3D, e todos os modelos são feitos à mão.
Com um produto de alta qualidade, eles miram o mercado internacional. Seu site e e-commerce são em inglês, com preços em dólares. E, apesar de vender em lojas brasileiras, como Dona Santa (Recife) e Gallerist (online), seu primeiro ponto de vendas físico foi aberto em Zurique, na Suíça.
Na entrevista abaixo, Gisela conta sobre os principais diferenciais da Lapima:
Por que vocês escolheram a Suíça como ponto de venda?
A Suíça é conhecida por ser um mercado altamente crítico com produtos de design e qualidade. Zurique é super cosmopolita e encontramos um parceiro muito bom, que nos permitiu a entrada que desejávamos para expandir a marca do Brasil para Europa. Neste momento, estamos negociando nossa entrada em outros países da Europa, assim também como outras capitais nacionais.
Os óculos da Lapima chegam a ser mais caros que óculos de marcas como Chanel, Prada, Fendi. O que faz o preço ser tão elevado?
Nosso método produtivo une a tecnologia de usinagem com o conhecimento artesanal e somos um atelier com produção limitada, não temos grande escala. Nosso trabalho envolve pesquisa, desenvolvimento e direito autoral. Pensamos em cada óculos que fazemos e tudo isso, obviamente, tem um valor. Somos uma empresa independente. e nossos óculos têm o mesmo preço de óculos com trabalho autoral fora do país.
Como vocês pensaram no design das peças?
O design é o principal protagonista pra gente. Começamos com uma busca gigantesca para conseguir produzir do nosso jeito que no fim, resultou em fabricação própria. O design da Lapima é diferente, tem volume, “movimento” e seu desenvolvimento levou dois anos. Primeiro definimos o tema do óculos e seu formato frontal, que é a parte mais importante da criação, pois define o impacto inicial que o produto gera ao ser visto. E então, fazemos todos os desenhos à mão.
Cada óculos leva pelo menos duas horas para ser feito e nesse esquema, conseguimos produzir um número limitado por mês. O material é todo importando e a embalagem também é desenhada por nós, em couro legítimo feito por artesãos.
Para qual público vocês criam?
Quando pensamos a Lapima pela primeira vez, pensamos em criar para pessoas que gostam das boas coisas da vida, gostam de viajar, admiram a beleza, gostam do simples porém bem feito, bebem da fonte da arquitetura, artes plásticas, dança e arte em geral.
Da experiência de vocês, como o brasileiro lida com os óculos hoje? Ele compra muito mais do que antigamente?
No Brasil, onde o sol brilha a maior parte do tempo, óculos de sol são uma necessidade, mas cada vez mais, eles também tomam um lugar de importância na hora de montar um look. Por isso, não apenas os brasileiros têm comprado cada vez mais óculos, é uma opção a mais que pode completar a produção de um look, e por um preço diversificado.