Nem só de música se faz um álbum. Um importante campo fértil para os artistas se deleitarem com a criatividade é a composição da capa dos CDs, vinis e, mais recentemente, os álbuns via streaming. Afinal, é através do campo visual um dos métodos primários para divulgá-los e também fator essencial que encapsula todo o mood que o músico quer transmitir, obtendo uma identidade visual que será usada ao longo da divulgação, com os anúncios e turnês.
Francesco Spampinato é escritor e historiador de arte contemporânea e a cultura visual e, neste mês, lança pela editora Taschen o livro Art Record Covers, em que examina exatamente essa relação entre o campo visual e musical ao realizar uma antologia explorando a capa dos álbuns que foram feitas por artistas que representaram alguns importantes movimentos artísticos.
Para tanto, ao longo de 448 páginas, Spampinato selecionou 500 capas da década de 1950 até os dias atuais, analisando como a arte contemporânea – partindo do modernismo, passando pela arte pop, conceitual, o pós-modernismo, dentre outros movimentos–, se relacionou com a produção musical e influenciou na estética das imagens que foram distribuídas juntamente com a música para milhões de pessoas.
Para cada álbum, há uma lista com análises críticas, o artista responsável pela capa, o músico, nome do álbum, gravadora, ano de lançamento e informações sobre o trabalho artístico original.
Entre os destaques, estão artistas de peso, como Salvador Dalí e o seu surrealismo na capa de Lonesome Echo, álbum de 1955 de Jackie Gleason; o álbum de estreia do The Velvet Underground, de 1967, com a icônica banana de Andy Warhol; Robert Mapplethorpe, que registrou a capa de Horses, de sua parceira Patti Smith, em 1975; Jean-Michel Basquiat, que produziu , em 1983, sob o seu próprio selo a arte da capa e o vinil Beat Bop, um dos registros mais valiosos do rap, de Rammellze e K-Rob. No mesmo ano, o álbum de David Bowie, Without You, teve a capa feita por Keith Haring; em 1988, a arte de Gerhard Richter compôs a capa de Daydream Nation, álbum do Sonic Youth; o artista de rua Banksy e o álbum do Blur de 2003, Think Tank; a caveira de Damien Hirst para o Narcissus Road do The Hours, lançado em 2007; até Yayoi Kusama, que produziu a capa de Lucky, em 2013, álbum da DJ japonesa Towa Tei.
“Eu tinha todo um ritual com as capas dos discos. Eu olhava fixamente as imagens por um longo instante e pensava sobre a música”, disse Kim Gordon, co-fundadora do Sonic Youth, em uma das entrevistas que compõe o livro. “Colocando as capas numa fileira, eu criava histórias e as narrava à música. Eu até fazia algumas danças”. Além de Gordon, também há entrevistas com os artistas Tauba Auerbach, Shepard Fairey, Christian Marclay (NEA), Albert Oehlen e Raymon Pettibon.
O livro custa US$ 69 e pode ser comprado no site da Taschen.