Por Guilherme Meneghetti
A estilista Simone Nunes acaba de abrir uma agência que oferece ampla consultoria para empresas. Trabalhando em diversas frentes da moda, Simone teve a ideia de juntar todas as funções em uma só: oferecer uma consultoria de atuação multitasking, entregando uma visão completa do negócio. Chamou sua amiga para a empreitada, a designer de produto e diretora criativa Fernanda Abrusio, e assim surgiu a Agência Conservatório.
Simone foi um dos nomes descobertos no projeto Hot Spot, em meados da primeira década dos anos 2000, e pertence à mesma safra da Amapô e da extinta Neon, de Dudu Bertholini e Rita Comparato. Com sua marca homônima, ela desfilou em oito temporadas do SPFW (a última em 2010, com a coleção Verão 2011), depois foi para Londres, onde cursou Branding e Marketing no Condé Nast College e recebeu excelência em seu projeto final, que deu vida à marca de biquínis Serpentina. Simone então focou no mercado internacional e acumulou experiências nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.
Ao voltar ao Brasil em 2014, começou a aplicar a expertise adquirida fora: deu aulas de varejo de moda para a C&A, consultoria de tendências e estratégia de mercado para diversas marcas, foi product manager de uma importante multinacional petrolífera, entre outras funções. Tem o dedo dela, por exemplo, a ótima fase atual da Iódice – ela é responsável pelo estilo da grife há algumas temporadas.
Em entrevista ao FFW, Simone nos contou por telefone sobre sua nova agência.
Como e quando surgiu a ideia da Conservatório?
Em 2014, depois que voltei de Londres, surgiram diversos convites para atuar em diferentes áreas do mercado de moda. Fui percebendo que havia algumas possibilidades neste setor, certas demandas que eu poderia atender oferecendo uma consultoria para as empresas. Então chamei a designer de produto e diretora criativa Fernanda Abrusio para abrirmos a Agência Conservatório.
Para você, qual é a principal falha das marcas de moda do mercado atual?
Não vemos como falha, mas como uma demanda do mercado: a busca por um profissional multitasking que tem uma visão 360° do business, podendo oferecer a criação interligada com todas as áreas do negócio. A empresa economiza tempo e tem resultados mais precisos.
Nesse sentido, como a sua consultoria pode ajudar?
As consultorias e estratégias são feitas de acordo com a necessidade do cliente. Por exemplo, temos clientes de atacado que planejam coleções com um ano de antecedência. Neste caso, passamos as tendências focadas em seu público-alvo de uma maneira pontual e completa, e não genericamente, mas direcionando as “traduções” dessas tendências para o varejo bem como ao produto, a coleção como um todo.
Também temos clientes como a Furoshiki Store, que fica dentro da Japan House, em São Paulo. Fizemos o branding, a construção da marca, do logo, da papelaria, dos uniformes, além da curadoria e criação de produtos, desde lápis a quimonos.
Quais os diferenciais da agência?
Não existe uma agência de estilistas. Existe agência de branding, de marketing, mas a nossa é pioneira na personalização do trabalho e também na entrega. Por exemplo, podemos entregar um desfile, como é feito na Iódice, ou uma coleção comercial completa, com toda a gestão de produção. Fazemos reposicionamento de imagem através da coleção, como fizemos com uma marca de bolsas, ou estratégia de compra.
Em geral, somos multitasking, porém com foco no produto, pois também somos estilistas e conhecemos todo o processo de construção pelo qual uma marca de moda passa, e por isso oferecemos essa consultoria tão completa – o que acaba se adequando perfeitamente ao cliente. Uma de nossas exigências no contrato, por exemplo, é oferecer consultoria para a marca em, no mínimo, três coleções, pois acreditamos no resultado que podemos gerar neste período, acompanhando todo o processo.
Como o trabalho é dividido entre você e a Fernanda?
Em todos os projetos fazemos juntas o brainstorming e as estratégias, depois nos dividimos em criação de produto e criação gráfica.
Vocês têm agências parceiras na Itália, Espanha e, mais recentemente, em Paris. Como funciona essas parcerias?
Fazemos cross sourcing. Isto é, quando os clientes deles têm uma necessidade no Brasil, nós atendemos. Como foi o caso da empresa italiana Pielleitalia, que cuida da guideline da SBI – Shell Business International na Suíça. Eles precisavam de um profissional daqui para ser product manager da Shell Brasil. Através do Coletivo Frescobol, nosso parceiro na Espanha, fizemos o trabalho. No caso contrário, quando nós precisamos de profissionais por lá, a FFB – Fashion Frabric Bureaux (parceira da Itália) faz sourcing de confecção, tecelagens e aviamentos para nossos clientes na Europa.
A Conservatório também tem marcas próprias sob seu guarda-chuva. Conte um pouco delas.
Sim! Temos a Serpentina e a ROOM. Ambas são projetadas para exportação, mas colocamos algumas peças na Choix, em São Paulo, porque tem uma curadoria incrível, além de sempre acreditar em novos projetos e parcerias de longa data.
A Serpentina surgiu em 2014 (foi o projeto que recebeu excelência em Branding e Marketing na Condé Nast College). É uma marca de biquínis que pensa e cuida da água – dos rios, lagos e oceano. Através de uma parceria com o Instituto Ipê, cada peça vendida é garantida uma muda de árvore para auxiliar o processo de reflorestamento da Mata Atlântica.
Já a ROOM foi criada ano passado. O foco é tricô, mas o mix de produtos é completo. Amamos criar para a ROOM porque é uma marca low profile, então só criamos e produzimos o que desejamos, passamos longe da pressa, o que resulta em peças atemporais – sonho de qualquer estilista! Temos clientes em Londres que revendem todas as peças da marca, já que não trabalhamos com coleções.
E quais são os próximos passos?
Em julho participamos da Feira de Paris com a Serpentina e foi maravilhoso! Agora vamos focar no mercado nacional e dar continuidade nos cuidados com os nossos clientes daqui. Também fotografamos neste fim de semana a campanha da ROOM, com o Rogério Cavalcanti. Continuaremos com o nosso trabalho a todo vapor. Essa semana, por exemplo, vou para Nova York fazer pesquisas para uma cliente.