Por Rodolfo Vieira
New York is Burning! Em meio às celebrações do mês do orgulho, a comunidade LGBTQ+ recebe destaque ímpar no universo cinematográfico com a première de Pose, nova série produzida por Ryan Murphy, lançada no dia 03.06 pelo canal FX, nos Estados Unidos.
Ambientada na Nova York dos anos 80, época de gravação do documentário icônico Paris is Burning, de Jennie Livingston, a série é dividida em oito episódios para sua 1ª temporada e retrata em detalhes o cenário artístico ligado ao boom da cultura dos bailes – ou balls – LGBTQ+ de NY, em tempos reconhecidos por intensa marginalização e pressão social imposta à comunidade gay da época – decorrente, sobretudo, do advento do HIV do início dos anos 80.
Murphy, nome por trás de produções como Glee e American Horror Story, faz profunda imersão nesse universo ao evidenciar os clubes onde os bailes aconteciam, a figura do narrador que ditava as “categorias” – influência notável em RuPaul’s Drag Race –, as gírias, a representação do vogue (estilo de dança nascido com os bailes do Harlem, em Nova York, e essenciais para a história da comunidade até hoje) e, claro, o figurino exuberante, que conta até com peças garimpadas em brechós assinadas pela Versace, Lacroix e Mugler.
A série conta com a história de Blanca, papel da atriz MJ Rodriguez, nova-iorquina transexual que deixa sua casa após ser diagnosticada com HIV e decide fundar uma “house” (inspirado no termo fashionista) para abrigar e oferecer apoio aos jovens rejeitados por suas famílias, eventualmente nomeada House Evangelista – rival da House Abundance. Exatamente como vemos em documentários e filmes, onde a cada baile as casas se enfrentam com desfiles temáticos ou competições de dança. Mas não é só isso.
O diretor, conhecido por suas obras engajadas, contextualiza o brilho e poder dos bailes com questões reais da época (e até hoje) como a ascensão do luxo nos Estados Unidos ao inserir a história de Patty (Kate Mara) e Stan (Evan Peters), funcionário da Trump Tower e chefiado por Matt (James Van Der Beek).
Além de tocar em pontos político-sociais, sem clichês, Pose se destaca por ser uma produção com o maior elenco transgênero na história da televisão, com cinco atrizes transexuais negras e um time de 140 pessoas LGBTQ+ envolvendo escritores, cineastas e produção. Os lucros da série, por fim, serão revertidos inteiramente à organizações ligadas à comunidade LGBTQ+ escolhidas e divulgadas por Ryan Murphy.
Ainda não há confirmação de estreia da série no Brasil.
Confira um dos trailers divulgados abaixo: