Uma vila invernal rodeada por montanhas foi o cenário do desfile da Chanel, o último criado por Karl Lagerfeld. Como sempre, a cenografia era impecável e impressionante, com vários chalés de madeira – até uma fumacinha saía de uma das chaminés.
Emoção desde o início
O desfile começa com um momento de silêncio em homenagem a Karl. Com toda as modelos já posicionadas, um áudio tirado de uma entrevista de Karl Lagerfeld ecoa com sua voz firme, rápida e inconfundível. No áudio ele lembra que uma mulher uma vez disse a ele sobre os cenários da Chanel: é como entrar numa pintura. “Eu nunca me esqueci disso”, ele diz, encerrando o áudio. Em seguida, uma modelo surge com o chapéu encobrindo seu rosto. E quando ela começa a caminhar, é Cara Delevingne, que já se aposentou das passarelas e veio prestar sua última homenagem a Lagerfeld, de quem era tão próxima.
Chanel girls
Na passarela, estavam as modelos que Karl adora e que fazem praticamente todos os shows. Mariacarla Boscono, Cat McNeil, Mica Arganaraz, Kaia Gerber e as brasileiras Cris Herrmann, Amanda Sanchez (modelo de prova da Chanel há anos) e Carolina Thaler.
Penélope
A atriz espanhola e uma das musas da Chanel fez sua estreia na passarela da marca, segurando uma rosa branca em homenagem ao designer.
Convidadas
Celebridades e modelos que trabalham para a Chanel ou são amigas de Karl prestigiaram o desfile. Marion Cotillard, Kristen Stewart, Naomi Campbell, Janelle Monáe, Claudia Schiffer, Caroline de Maigret, Lara Stone, Liu Wen, Karen Elson estavam na primeira fila.
Trilha
Seu colaborador de longuíssima data, Michel Gaubert, fez uma trilha silenciosa, quase espiritual, com uma música de Phillip Glass. E o final fez muitos da plateia irem às lágrimas. Assim como aconteceu no desfile da Fendi, em Milão, a música final foi Heroes, de Bowie.
Mais do cenário
Aqui dá para ver mais da montagem e como o Grand Palais é transformado numa vila na neve.
Pequeno detalhe
E a vida segue
Uma ilustração feita por Karl, que o mostrava junto à Coco Chanel, estava dentro do material sobre o desfile que repousava em cima de cada cadeira. A frase “The beat goes on…” estava rabiscada na parte de cima. Pode bem ser que Karl já tenha deixado isso preparado, assim como deixou instruções de como as lojas deveriam ser decoradas e como as vendedoras deveriam se comportar no evento de sua morte.
É difícil imaginar a Chanel sem Karl Lagerfeld, mesmo que essa transição já estivesse em andamento – Virginie Viard, nova diretora criativa, apareceu ao seu lado nos últimos desfiles. Ela trabalha com Karl há 30 anos e certamente merece esse upgrade, mas não deixa de ser uma atitude conservadora por parte da marca. O recado é: tudo vai continuar como está.
O release informa que essa coleção foi desenhada por Karl Lagerfeld e Virginie Viard, mas ela não deveria ter aparecido ao final deste desfile específico. Foi o último suspiro de Karl e estava mais para um tributo do que apresentação de uma coleção. Havia uma tristeza no ar, sua ausência foi sentida naquele momento e sempre será. Ao final, não deveria aparecer ninguém. A Chanel deveria assumir o vazio – ao menos momentâneo – que surge da morte de Lagerfeld e deixar que, apenas na nossa imaginação, Karl surgisse ali para dar seu último obrigado.
+ Assista ao video completo do desfile aqui