Esta semana, a crítica de moda Vanessa Friedman publicou um texto no New York Times que vale à pena ser repercutido. Trata-se dessa corrente que estamos vendo de marcas pequenas e médias conscientizando as pessoas sobre a necessidade de continuarem, de alguma maneira, a vender. Simplesmente porque esta é sua única fonte de renda – e dela algumas ou muitas pessoas dependem.
Freedman descreve no texto um sentimento que começou a crescer em relação à moda logo que a pandemia estourou. “Há pessoas terrivelmente doentes e moribundas por causa do novo coronavírus. Pessoas perdendo membros da família. Pessoas perdendo empregos. Fazer compras é tão… auto-indulgente. Tão desnecessário. Ou como um leitor me escreveu, ‘vergonhoso'”.
Mas tudo tem dois lados. Essa indústria é uma parte vital para a economia do Brasil (e do mundo) que gera milhões de empregos diretos e indiretos, em uma cadeia que inclui estilistas, costureiras, modelistas, diretores de arte, fotógrafos, modelos, stylists, produtores, artesãos, etc.
Se estivéssemos vivendo um tempo normal, este seria o momento em que as novas coleções estariam chegando às lojas físicas e virtuais, com novidades (a preço cheio) para a próxima estação que esta entrando. Mas ao contrário disso, as lojas estão fechadas, os descontos vieram fora do tempo e algumas operações estão totalmente paradas.
O artigo ainda relata que muitas multimarcas mundo afora estão enviando produtos de volta aos designers sem pagamento e ainda recusando-se a aceitar novos estoques. Aqui no Brasil também tivemos relatos de muitos pedidos cancelados. Isso é um baque para qualquer empreendedor, especialmente em um país – o nosso – com pouco ou nenhum subsídio do governo.
As marcas micro e pequenas estão agarradas aos seus sites e plataformas de e-commerce porque as vendas online são sua única fonte de receita para que seu negócio se mantenha vivo. “Fazer compras agora não é apenas uma questão de consumo. É uma questão moral”, diz Vanessa. “Suas escolhas podem ajudar a salvar uma geração de pequenos designers e empresas independentes”. Comprar algo hoje (caso essa possibilidade seja viável pra você) de uma marca com a qual você tenha afinidade é um ato de solidariedade, empatia e também uma aposta no futuro.