Coluna POTENCIALIDADES por Jal Vieira
No mundo da moda, é muito comum vermos a estética das periferias replicada nas passarelas nacionais e internacionais, mas que surgem nas comunidades e de movimentos culturais criados ali. Enxergando essas potências, Rafaela Pinah – pesquisadora decolonial, diretora criativa e coolhunting –, funda, então, o Coolhunter Favela. Um laboratório de pesquisa etnográfica que nasce com o objetivo de identificar e decodificar a origem de manifestações estéticas e culturais das periferias ao redor do mundo.
Rafaela que, além de pesquisadora e curadora, é uma artista multifacetada que iniciou no universo da moda por meio de um curso no Senai Cetigt e realizou grandes trabalhos com marcas como Nike, Adidas, Natura e Rider, trabalha com uma equipe composta por nomes como a stylist Allanis, a designer gráfica e pesquisadora Cassiane Sousa, a diretora fotográfica e de arte Jéssica Senra, o designer, coolhunter e DJ Vitor Freire, e Neïth Assogbavi, pesquisadora etnográfica e correspondente da Elle sul-africana.
A idealizadora do projeto presente na cidade do Rio de Janeiro diz que a ideia surgiu como um processo de autocura com o propósito de resgate cultural com um olhar contemporâneo, mas que, nessa busca, identificasse também sinais estéticos do passado. Além de entender esses espaços e as corporalidades que não só fazem parte dele, mas que o constroem e transformam o tempo todo.
“QUEREMOS NÃO SÓ RESSIGNIFICAR TENDÊNCIAS E SINAIS, MAS TAMBÉM VISIBILIZAR E FORTALECER A PRODUÇÃO SIMBÓLICA QUE NASCE PARA ALÉM DOS CIRCUITOS TRADICIONAIS DAS GRANDES CIDADES”.
Além da identificação dessas tendências, o Coolhunter busca viabilizar que esses conteúdos cheguem à essas pessoas e rompa barreiras geográficas, sociais e politicamente impostas. Esse tipo de informação muitas vezes não chega a esses lugares ou, quando chega, não é uma linguagem que se incorpore e faça sentido à vivência dessas pessoas: “Quando eu falo de periferias, eu friso as periferias mundiais, globais. O nosso olhar não se restringe apenas ao Rio. É entender como essas limitações periféricas têm conexões.”
Rafaela defende que as grandes capitais precisam aprender a olhar para esse novo mercado que tem poder e desejo não só de consumo, mas de novidades. O que ela e sua equipe buscam no trabalho do Coolhunter Favela vai além da identificação de movimentos culturais, mas está na conexão com quem tem criado uma nova forma de pensar, transformar e aumentar potencias individuais e coletivas ao redor do mundo.
Para conhecer mais da Coolhunter Favela acesse: www.instagram.com/coolhunterfavela
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