Nos últimos anos, o Mycelium tem ganhado os holofotes. O material extraído do cogumelo promete ser o novo material alternativo e sustentável para a moda, capaz de substituir o couro e oferecer uma série de possibilidades. Sarah Burton, à frente da Alexander McQueen está ciente disso e na nova coleção da marca, apresentada em Nova Iorque pela terceira vez na história da marca, os fungos são parte central da narrativa (assim como na natureza).
O cenário, vegetativo e úmido, bem como a música “The Forest” do The Cure que sai das caixas de som denuncia a inspiração da coleção ainda antes do desfile começar. As cores fortes das peças, entre um azul elétrico, verdes e amarelos quase neon e forte vermelho, são inspirações diretas das cores desses cogumelos na natureza, que formam teias subterrâneas na vegetação e estampas literais de fungos também aparecem sobre sutéteres e vestidos. A alfaitaria de Burton também continua bastante presente nessa coleção em ternos completos e blazers estilizados como partes únicas. O couro também aparece como destaque, seja em vestidos ou nas jaquetas perfecto que vão se desconstruindo até virarem um vestido. A referência as subculturas britânicas também aparecem looks com referências ao punk, com tricôs manuais em patchwork e couro pontuados por ilhoses.
Ternos estampados com efeito spray com o desenho de um corpo em movimento, fazem referência a um dos mais icônicos momentos de moda de Lee McQueen, do desfile de Verão 99, quando Shalom Harlow tem seu vestido pintado ao vivo em spray por dois braços robóticos. O próprio McQueen também era um grande fã de novos materiais e da experimentação entre os limites da natureza e da civilização. Apesar de ainda não ter usado como Mycelium como substituto para o couro nesta coleção, a marca afirma que está estudando além desta, outros substitutos para o material e que 85% da coleção foi criada a partir de upcycling e materiais reaproveitados.