Wakanda Forever: filme da Marvel é aula sobre representatividade e sustentabilidade
O estilista Rafael Silvério escreve para o FFW sobre a aguardada continuação de Pantera Negra
Wakanda Forever: filme da Marvel é aula sobre representatividade e sustentabilidade
O estilista Rafael Silvério escreve para o FFW sobre a aguardada continuação de Pantera Negra
Fui convidado para a pré-estreia de Wakanda Forever, a aguardada continuação de Pantera Negra após a morte se seu protagonista, Chadwick Boseman, o Rei T’Challa, morto em agosto de 2020 devido a complicações relacionadas a um câncer colorretal.
O filme vinha cercado por várias dúvidas: como seria um novo Pantera Negra? Quem herdaria o trono? O roteiro daria conta de entreter sem a força motriz de Chadwick?
Ryan Coogler, diretor do filme, não se acovardou em ignorar a perda pelo seu protagonista e nos conectou com vários tipos de homenagem, mergulhando em um processo de reparação que atravessou vários momentos na construção de uma nova Pantera Negra. O filme homenageia Chadwick em vários momentos, honrando os que passaram e abriram caminho sem deixar de olhar para frente.
A batalha deve ter sido imensa, mas a vitória é louvável. Wakanda Forever contempla uma saga do herói passando por todos os estágios do luto que, segundo a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross analisa em seu livro “Sobre a Morte e o Morrer”, são cinco: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.
Aliás, o elenco feminino negro não só nos emociona como nos proporciona momentos de ação, humor e drama. Angela Bassett entrega uma Rainha Ramonda verossímil e com profundidade ao compor uma mãe em luto pela morte do filho e que retoma ao trono mais uma vez em um regime transitório. É uma das melhores atuações que vi este ano e não me espantaria ao vê-la concorrendo como melhor atriz coadjuvante nas premiações do próximo ano – seria a primeira estatueta para um filme de super herói nas categorias principais. Realmente espero por isso.
Até porque, diferente dos outros filmes de super herói, este entrega uma complexidade humana relevante para os dias atuais, uma verdadeira masterclass de tudo o que temos discutimos a exaustão sobre diversidade e sustentabilidade.
Já faz algum tempo que pesquisadores e trend hunters apontam que o Hemisfério Sul é o grande celeiro não apenas das novas ideias, mas de recursos naturais, e o filme tem essa crítica bem presente através do olhar colonizador em busca do Vibranium, o metal que ajudou a impulsionar Wakanda em uma sociedade avançada.
Outro artificio usado pelo roteiro de Wakanda Forever é a expansão da cultura negra olhando para como ela se espraia a partir da Diáspora Africana e a Pangeia, fazendo uma pesquisa profunda em povos originários somado ao que há de mais moderno em efeitos visuais e especiais. O filme tem todos os componentes para fazer novos fãs e manter os anteriores ainda mais animados.
Ouso dizer que tudo fica ainda mais significativo por retratar tantas emoções e formas possíveis de exercemos empatia pelos personagens. A gente realmente fica na torcida para que eles consigam, assim como nós, superar as mágoas e perdas.
Vale destacar a trilha sonora, que é um show a parte com a mistura de ritmos latinos com afrobeats, com participação de Burna Boy, Teams e The Future além do comeback de Rihanna com a canção original “Lift me up” que, no contexto do filme, é uma coroação.
Corre pra ver porque no cinema a experiência ganha dimensões galáticas!