“As proporções da coleção são grotescas e desumanas, em uma reação uivante a alguns dos comportamentos humanos mais decepcionantes que testemunhamos em nossa vida”, disse Rick à imprensa após o desfile, que aconteceu nos cômodos da sua cultuada casa brutalista, em Paris – após temporadas desfilando nos jardins do museu Palais de Tokyo.
Independente de gostar ou não da estética proposta por Owens, é impossível não se deslumbrar com a sua consistência e a sua visão muito própria que, apesar de incisiva, não deixa de ser incrivelmente poética. Num momento que as palavras disruptivo e transgressor parecem bobas, Rick as veste com total naturalidade, ele não quer chocar por chocar, mas questionar.
Sem medo do risco e zero apego comercial, ele redesenha a silhueta em seu extremo: oval, acolchoada, invertida, inflada, texturizada, desabada e, claro, brutal. Obviamente, as bubble boots criadas em parceria com o designer britânico Straytukay vão ser as imagens mais viralizadas do dia, mas há ali uma série de outras ideias tão interessantes quanto.
Rick não espera e idealiza o futuro, a imagem futurista não é proposta para um amanhã incerto, mas para o hoje: bolsos em evidência, ombros que mais parecem montanhas, adereços que lembram grades com cristais bordados, silhuetas protetoras que remetem a muros de concreto. Há muito mais fragilidade do que agressividade – e é justamente por isso que ele é um dos criadores mais geniais da atualidade.