Será que existe o pós-glamour? Haider Ackermann me fez pensar sobre isso em sua estreia à frente da Tom Ford, que aconteceu hoje (05.03), em Paris. É tudo tão plástico, tão cinematográfico, tão perfeito que não parece pertencer ao nosso universo. É como se os Jetsons fossem vestidos para habitar um outro planeta, pois na Terra já não é mais possível, já não cabe mais aqui.
Os tecidos pareciam ir para muito além do que entendemos, as casas dos botões dos tuxedos, a forma como as lapelas desenhavam o colo, a beleza assustadoramente espacial – os lábios vermelhos laqueados de Kristen Mcmenamy, um modelo com o cabelo vermelho e laranja como Bowie de Starman. Eu disse e repito: é de outra galáxia.
Os vestidos-aeronaves derretidos desafiam a gravidade – Pieter Mulier que se cuide. Depois de tantos anos falando sobre realidade, guerras, crise no luxo, vem o combo Haider e Tom nos dizer o óbvio: existe um mundo melhor, mas ele é caríssimo. É puro cinema, distopicamente [sic] belo. Preciosismo sideral. Ao final, aplaudido de pé, pois quem estava saudoso de glamour teve um belo presente aos olhos e a imaginação.