A garota Miu Miu é por essência estranha, geek, nerd; introspectiva no gesto e exuberante na forma. Depois de algumas temporadas bem pop, meio rebelde e quase em estado de mania – com saias plissadas e mini comprimentos e um ar super girlie –, ela voltou às origens. Dos anos 1920 até os 1990 todas as décadas foram contempladas.
A música de elevador que abriu e encerrou o show é outra ironia de Miuccia, que gosta de temperar as apresentações com provocações aqui e ali. De Sarah Paulson a Amelia Gray, passando por modelos trans e mais velhas, a Miu Miu mais do que nunca quer se sintonizar com o presente e ampliar sua identidade. O casting masculino também foi mais variado, menos twink-boyish como é de praxe.
Se muitos disseram que sentiram o desfile da Prada muito Miu Miu, agora podemos também afirmar o contrário: o último bloco com boleros de pele e saias lápis, bem polido, parece maduro para a marca que vinha acostumando a todos com uma estética quase college. Lembra Candy Darling, as garotas que frequentavam a Factory do Warhol nos anos 1960 e o documentário The Queen (1968), mas também há um lado bem sporty com tracksuits em versão deluxe e uma imagem menos lady like.
Tops acetinados propositalmente exibidos, trench coats, camisolas, alfaiataria, segunda pele, tricôs, couro, brilhos… Todos parecem ter muitos desejos e vontades e Miuccia, aparentemente, quer que todos eles sejam contemplados ao entrar em uma loja da Miu Miu.