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    Grandes mulheres: a musa de Klimt, uma stylist da Elle e a lutadora santa
    Emilie Louise Flöge, por Gustav Klimt ©Reprodução
    Grandes mulheres: a musa de Klimt, uma stylist da Elle e a lutadora santa
    POR Redação
    Peggy Roche ©Reprodução

    Peggy Roche em foto de 1975 ©Reprodução

    Peggy Roche foi uma stylist importante da revista Elle francesa na década de 50/60. Símbolo do chique parisiense, com seu look delicadamente masculino, Peggy desfilou para Givenchy e Guy Laroche, antes de conhecer a grande romancista feminista independente Françoise Sagan (Bonjour Tristesse) e virar sua amante por 20 anos. Mais tarde, Peggy lança sua marca que lamentavelmente não sobrevive à sua preguiça comercial.

    Peggy era uma musa e um esteio para a escritora que, pulando de crises de desintoxicação para crises de nervos, contava com a amante para ressuscitá-la. As duas estão enterradas lado a lado desde a morte de Sagan, em 2004.

    Emilie Flöge você também conhece: ela foi a amante de Gustav Klimt (obrigado à leitora Daise Daiane pela dica). Ela está retratada em várias obras do pintor, dentre as quais o luxuoso “Beijo” que alguns críticos mal-amados viram como uma representação da submissão feminina mas que é uma quase lisérgica interpretação da união de duas pessoas apaixonadas. Emilie foi mais do que uma modelo que se entrega em poses encomendadas, ela era uma renomada estilista em Viena e incorporou na moda todas as tendências avant-garde.

    Emilie não foi só a amante do grande pintor, foi a musa que, graças a seu estilo, com simetrias geométricas bizantinas, constituiu a tela de fundo da originalidade de Klimt.

    Emilie Louise Flöge, por Gustav Klimt ©Reprodução

    Emilie Louise Flöge, por Gustav Klimt ©Reprodução

    No sítio de Paris de 451, os temidos Hunos estavam prestes a ocupar a cidade subindo o rio Sena. Genoveva, notável membro do parlamento da cidade, convoca a população apavorada: “Que os homens fujam, se quiserem, se não forem capazes de lutar. Nós mulheres ficaremos e suplicaremos sozinhas a Deus”. A história não conta se os homens permaneceram, o que se sabe é que Genoveva se instalou sozinha na ponta de uma ilha para fazer prova de que a população estava pronta para a luta. Os sanguinários, assustaram-se com a corajosa aparição e fugiram dali para nunca mais voltar.

    Genoveva virou santa e foi a musa que inspirou o escultor Paul Landowski (o mesmo do Corcovado) para a estátua do Ponte de Tournelle sobre o Sena.

    As musas são mediadoras entre o divino e criador. Musas não são entes passivos, nem mandados. São entidades que através de suas habilidades específicas acendem e iluminam os artistas. O criador, em transe, precisa ser tomado pela musa – ser divino, polimorfo, assexuado – para conceber.

    Audrey Munson na escultura na West End Avenue, em Nova York ©Reprodução

    Audrey Munson na escultura na West End Avenue, em Nova York ©Reprodução

    Audrey Munson, que você talvez conheça pelas suas várias estátuas em Nova York (como por exemplo na frente do hotel cafona-glam Plaza, na ponte Manhattan ou em frente a biblioteca pública da cidade) foi uma modelo inspiradora e chamada de “a primeira super modelo da América”. Sua vida, contada em “A maldição da beleza”, de James Bone, é uma aventura rocambolesca e triste. Além de ter sido a primeira atriz a se despir no cinema, Audrey, que nasceu em 1891, foi o maior frisson dos ateliers americanos. Seu corpo foi imortalizado nas curvas evanescentes do gosto belle époque, mas sua vida terminou de forma melancólica em um asilo psiquiátrico onde permaneceu por 60 anos.

    Musa e modelo não são a mesma coisa embora, muitas vezes hipnotizados, costumamos dizer que tal modelo é musa.

    Modelos como tantas Audrey só inspiram.

    Musas como Genoveva, Emilie ou Peggy inspiram e possuem.

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    Fernand Alphen é formado em História, é musa e tem a sua.

    Colaborou para esse artigo Renato Duo.

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