Sabe quando você levou o mantra “party hard or go home” a sério demais e no caminho de volta pra casa já decide mudar de vida e ser mais saudável? Então, o desfile couture da Balenciaga foi meio nesse mood… A apresentação que aconteceu na manhã de hoje (26.06), durante a semana de alta-costura, foi mais Demna do que nunca.
Explico: enquanto as roupas eram urbanas e esportivas, as modelos desfilavam de forma bem etérea – e não agressiva como estamos acostumados nos desfiles de pret-à-porter –, cena que ficava ainda mais engraçada por conta da música, um som de meditação guiada, sim, aquelas disponíveis no Youtube e apps indicadas para ouvir ao amanhecer ou para a higiene do sono. O que mostra que o humor do diretor criativo continua – mesmo que um tanto contido.
Camisetas foram as grandes protagonistas, seja as que repousavam sobre os chapéus, seja as com merch que lembram o de bandas punk (ou seriam filmes de terror?) estruturadas e encorpadas. E não para aí: jeans fazendo as vezes de peplum, patchworks sem fim que uniam camisetas de futebol, jaquetas, calças, shorts de nylon e casacos; o couro pesado aplicado em vestidos. Seus onipresentes casacos de neve, os doudounes, reapareceram. Jaquetas foram outro ponto central: bikers, jeans, motorcycle, parkas…
O momento mais inédito (mas que já tinha surgido na coleção passada) consiste nas amarrações e junções, que remetem ao conceito de upcycling e aos princípios da linha Artisanal da Margiela proposta anos atrás. Tudo de mais ordinário e que distancia o casual do que entendemos como alta-costura, ele reinterpreta. Em determinado momento você começa a ouvir mais a trilha do que prestar atenção nas roupas, mas aí se lembra, que para um rebelde como Demna esse pode ser justamente o intuito almejado por ele.