“As roupas se movem como uma escultura cinética, viva, animada com pregas e drapeados. Os capuzes escondem e revelam rostos emoldurados como um retrato de mulher, um retrato de beleza“, disse à imprensa Pieter Mulier segundos após o desfile da Alaïa que fez seu retorno ao calendário oficial da semana de moda de Paris.
A apresentação foi o mais excepcional exercício e equilíbrio do que entendemos como moda. Há quem faça roupas, há quem faça moda, Pieter faz os dois com uma desenvoltura única, resultado não apenas de uma imagem marcante e impactante, mas principalmente pela reunião de uma série de técnicas altamente elaboradas.
44 looks que resumem a identidade de uma marca que poderia ter caído no esquecimento com a morte do seu fundador, mas se mantém no imaginário atual ocupando um lugar cativo. Azzedine dizia “a base da beleza é o corpo” e Mulier parece ter compreendido isso.
Os primeiros três looks já deixam essa filosofia bem explícita: segunda pele como base, quadris marcados com ancas – a região antes temida é a obsessão de vários designers nessa temporada internacional. Os coletes esculturais dos looks são verdadeiras armaduras que seduzem e protegem essa mulher-heroína.
Plissados curvados, nervuras, drapeados, franjas… uma balé extraordinário, em que movimentos ganham um novo significado. Pieter desafia a gravidade com seus vestidos flutuantes, que escondem e revelam, chocam e provocam com uma beleza que celebra a forma em seu ápice. Uma verdadeira aparição, sem dúvidas, um dos seus melhores desfiles à frente da Alaïa e, definitivamente, uma das principais imagens dessa temporada de inverno 25/26.