A Balenciaga tirou os fashionistas cedo da cama neste domingo, como já vem se tornando tradição em seus desfiles de pret-à-porter. Numa grandiosa sala cercada por cortinas teatrais vermelhas, Demna Gvasalia apresentou sua visão de moda já bastante conhecida dos seguidores da marca.
Enquanto na trilha a atriz Isabelle Huppert narrava todos os detalhes da construção de uma jaqueta couture, na passarelas desfilava um casting de figuras das ruas parisienses, ruas estas que vão muito além da Paris conhecida pelos turistas, mas de figuras reais que habitam as bordas da cidade, ignoradas pela maioria dos guias. Elas carregam tudo o que tem, e muitas delas só tem seus passaportes, seu pé de sapato descasado (que na verdade é uma clutch) e a roupa do corpo. Seria aqui uma referência aos imigrantes que chegam à Europa todos os dias em busca de uma vida mais digna?
Mas as figuras que habitam Paris, cidade onde a Balenciaga se estabeleceu, não foram as únicas a participar do casting. De sua mãe à profissionais que moldaram a visão de moda de Demna e foram inspiração para a coleção também cruzaram a passarela como Linda Loppa, Diane Pernet e a crítica de moda Cathy Horyn. Essas sim foram as grandes surpresas do show.
O foco da coleção são os ombros estruturados e acentuados em jaquetas de alfaiataria, bombers, bikers de couro reciclado, trench coats e a silhueta alongada com várias peças criadas a partir de estoques de tecido e até mesmo toalhas de mesa. Nos pés, um novo tênis, um máxi sneakers de solado ainda mais chuncky do que já estavamos habituados que parecem alguns tamanhos maior que o número dos modelos. Aqui talvez mais uma sútil referência à vida na cidade e seus moradores de rua. Paris vive uma de suas piores crises habitacionais e sociais em décadas e Demna parece querer refletir também sobre isso. Um clash entre o mundo dos sonhos do luxo e a crueza da vida real.
Nosso destaque fica para a estampa de tatuagem que apareceu como segunda pele em diversos looks e num moletom de capuz. Ela foi assinada pelo artista brasileiro Pedro Saci.