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    Barbie: por que entramos nesse surto coletivo?

    A editora do FFW Camila Yahn reflete sobre o retumbante sucesso do filme que explora a nostalgia como ferramenta de marketing.

    cena do filme Barbie. fot: divulgação

    Barbie: por que entramos nesse surto coletivo?

    A editora do FFW Camila Yahn reflete sobre o retumbante sucesso do filme que explora a nostalgia como ferramenta de marketing.

    POR Camila Yahn

    É interessante perceber como o filme da Barbie tornou-se este surto coletivo que temos visto. A boneca não estava mais em seu ápice – hoje com celulares, redes sociais e plataformas de filmes, os brinquedos tradicionais ganharam fortes rivais – mas ninguém conseguiu escapar ileso dessa nova febre um tanto nostálgica.

    Com uma verba de marketing de mais de US$ 100 milhões, a Mattel criou não apenas o assunto do momento, mas um novo jeito de vender uma marca. E pra mim, aí está a maior crítica – o problema não é o filme da Barbie, mas a maneira como uma grande empresa faz a gente achar que um projeto é disruptivo quando, na verdade, é uma jogada de marketing multimilionária e bem planejada. 

    Quando a própria Mattel é ridicularizada no filme ou quando a Barbie é criticada por uma adolescente, podemos perceber como algo corajoso e raro em um blockbuster controlador, mas é uma maneira de se safar das críticas que certamente viriam.

    Convidar Greta Gerwig para dirigir foi o início perfeito para uma abordagem mais subversiva de como trazer a Barbie para as telas nos tempos de hoje. Greta é a inteligente, sensível e premiada roteirista e diretora de Lady Bird e Little Women, dois filmes que abordam questões femininas. Ela traz para o projeto seu parceiro Noah Baumbach, um dos principais nomes do cinema independente nos Estados Unidos, por trás do lindo A Lula e a Baleia, e roteirista de vários filmes do Wes Anderson. 

    Juntos, eles usaram sua credibilidade pra tornar relevante um filme sobre a boneca Barbie – convenhamos, este longa poderia ser um comercialzão de duas horas para a Mattel. Eles introduziram na narrativa as críticas que a Barbie recebeu ao longo de sua existência, como representações irrealistas dos corpos e falta de diversidade, e a percepção sobre as dificuldades de ser mulher no mundo real e sobre a natureza da vida em si, que é tudo, menos fácil. Naturalmente, sem deixar de carregar nas delícias alucinógenas do mundo Barbie, como casas sem paredes, dias perfeitos, flutuar até o carro, dormir e acordar de salto e… a melhor de todas, o matriarcado. Tudo ao som de uma trilha pop-solar com Dua Lipa, Lizzo, Billie Eilish, Nicki Minaj e Tame Impala. 

    Então, se existe algo como um Blockbuster subversivo, este pode ser o caso. Eu ri e chorei no meio de uma plateia majoritariamente vestida de rosa, em um cinema de rua. Acompanhei Barbie & Ken em sua jornada de descobertas e não tive como não rir quando ele, para seu deleite, descobre o patriarcado.

    Acredito que a diretora foi até onde pôde nas reflexões sobre consumismo e padrões de beleza, mas claro, ainda é um nível superficial. Ainda assim, penso em como serão as próximas Barbies a serem lançadas depois que nossa personagem descobre que não existem pessoas ou vidas perfeitas.

    O filme que tem conseguido algo difícil: agradar as pessoas que amam, as que não gostam, os guardiões corporativos da marca (Mattel) e a Warner Brothers, que investiu US$ 145 milhões na produção. 

    Há estimativas de que a Mattel irá lucrar até US$ 1 bilhão com derivados do mundo Barbie e parcerias comerciais em todo planeta. A barbieficação aqui no Brasil está na Zara, no Candy Crush, no Burguer King e até no vagão de metrô. 

    Barbie é mais que uma febre pink e certamente muito mais que um filme, mas uma nova maneira de fazer marketing usando o cinema e a nostalgia como propulsores. Aguardemos os próximos lançamentos da Marvel & Co.

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