Como a moda será impactada pela vitória de Donald Trump
Como deve ser a próxima gestão do ex-presidente baseado em ações do primeiro mandato e promessas de campanha.
Como a moda será impactada pela vitória de Donald Trump
Como deve ser a próxima gestão do ex-presidente baseado em ações do primeiro mandato e promessas de campanha.
Na quarta-feira (06.11), o clima na internet estava marcado por uma mistura de sensações e incertezas, após a vitória de Donald Trump sobre Kamala Harris na disputa presidencial dos Estados Unidos. A vitoria do republicano gerou apreensão sobre o que de fato vai acontecer no segundo mandato de Trump.
Políticas mais restritivas, nacionalistas e anti-imigrantes, aumento das tarifas sobre produtos importados, retrocessos em pautas de sustentabilidade e inclusão são alguns dos pontos destacados por analistas como possíveis consequências para este segundo mandato. A indústria da moda norte-americana vem sofrendo na última década e será certamente impactada. Ontem (06.11), as ações da Lululemon, Gap e Nike, três grandes marcas locais, caíram.
Separamos os principais pontos para ajudar a entender melhor o cenário do que pode vir por aí e certamente terá um impacto não apenas local, mas global.
POLÍTICAS COMERCIAIS NACIONALISTAS
A eleição de Donald Trump trouxe uma abordagem focada no comércio interno dos EUA, com a campanha “America First”. Essa política incentivou a produção dentro do país com o objetivo de reduzir a dependência de produtos importados, especialmente da China, principal concorrente dos Estados Unidos. O objetivo era criar mais empregos nos EUA e fortalecer a economia interna, o que teve um impacto direto na indústria. Porém, um estudo recente da Partnership revelou que o número de pessoas empregadas em vagas relacionadas com a moda na cidade de Nova York, por exemplo, caiu de 182 mil em 2014 para cerca de 129 mil este ano – um declínio de quase 30%. Agora ele promete criar um milhão de novos empregos até 2027.
IMPACTOS NOS IMPOSTOS E NOS PREÇOS PARA O CONSUMIDOR FINAL
A política comercial de Trump aumentou significativamente as tarifas sobre produtos estrangeiros, o que afetou matérias primas essenciais para a moda, como tecidos e suprimentos. Durante seu primeiro mandato, o governo aplicou tarifas de 10% a 20% sobre todas as importações, o que afetou diretamente os preços das marcas de luxo europeias que tem no mercado norte-americano um de seus maiores faturamentos. Talvez isso explique a presença de Alexandre Arnault, um dos herdeiros e diretores do grupo LVMH no último comício de Trump em Nova York, às vésperas da eleição.
Já a taxação de até 100% sobre produtos da China, a maior fonte de importação de vestuários, provocou um aumento nos custos de importados tornando a produção de roupas e acessórios mais cara e impactando diretamente as marcas que dependiam de insumos do exterior. Esse aumento de custos foi repassado aos consumidores, elevando o preço final dos produtos. Segundo o BoF, a Federação Nacional de Varejo publicou na segunda-feira (04.11) um estudo que concluiu que as tarifas propostas por Trump prejudicariam o poder de compra dos consumidores em US$ 50 bilhões ou mais a cada ano.
SUSTENTABILIDADE
Trump é um negacionista climático. Com menos regras ambientais e incentivos à produção local, as empresas de moda podem não se sentir motivadas a adotar práticas sustentáveis. Isso significa que, para muitas marcas, a sustentabilidade pode não ser uma prioridade. Caberá à opinião pública a pressão para que marcas de moda continuem a investir (mesmo que de forma superficial) em ações sustentáveis para evitar boicotes dos consumidores.
IMIGRANTES
Há muitas incertezas sobre o futuro dos imigrantes legais e ilegais no país. Seus discursos sobre deportação sempre foram vistos como exagerados, mas desde a campanha eleitoral deste ano, esse tema se intensificou e se tornou cada vez mais radical. Inúmeros estudos já comprovaram que o país colapsaria sem imigrantes.
PRODUÇÃO LOCAL É UM PROBLEMA
Embora houvesse incentivo para produzir mais no país, a falta de infraestrutura e de mão de obra qualificada dificultou a produção em larga escala nos EUA. Produzir roupas nos EUA se mostrou mais caro do que em outros países, onde os custos de mão de obra e materiais são menores. Isso dificultou a competitividade dos produtos americanos, que, com preços mais altos, ficam menos atraentes no mercado global em comparação com os importados. Apesar disso, existe um certo otimismo por parte de empresários e designers locais em torno do fortalecimento do “American Made”.
MAKE AMERICAN CULTURE GREAT AGAIN
O discurso nacionalista pode favorecer as marcas que celebram os simbolos e tradições americanas que devem ganhar mais espaço nos carrinhos de compras. Nesse sentido, é possível vermos mais coleções adotarem as cores da bandeira e imagens iconográficas ufanistas ligadas à cultura local.
MENOS IMPOSTOS PARA OS RICOS E EMPRESAS
Enquanto Kamala propunha taxar grandes fortunas para financiar politicas públicas de saúde, por exemplo, agora isso está longe de acontecer. Trump já discursava contra isso desde seu governo anterior, e agora afirma que vai reduzir impostos para pessoas de alta renda e redução da taxa de imposto corporativo para 15%. O impacto real disso ficará na conta dos grupos de renda média e baixa, que continuarão pagando valores desproporcionais aos seus ganhos.
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