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    Duquesa, a nova sensação do trap fala sobre moda, nova turnê e Afropunk

    Em entrevista, a artista revela suas expectativas com a nova fase e compartilha sua relação com moda, beleza e música.

    Duquesa, a nova sensação do trap fala sobre moda, nova turnê e Afropunk

    Em entrevista, a artista revela suas expectativas com a nova fase e compartilha sua relação com moda, beleza e música.

    POR Laura Budin

    No RJ, em SP ou em BH sempre vai ter… Duquesa! Com apresentações marcadas no Rock In Rio e Afropunk Bahia, a sensação do trap, rap e R&B deu start em sua mais nova turnê ‘‘Taurus, Vol. 2’’ nessa última sexta-feira (15.08) na Audio, em São Paulo. Em conversa com a FFW, Duquesa divide suas expectativas para o show de estreia do novo álbum, sua relação com a moda e até dicas de beleza que não saem de sua rotina. A dona das faixas ‘‘Purple Rain’’, ‘‘99 Problemas’’ e ‘‘Tá Eu e a Nicole’’ é um dos grandes nomes do cenário musical nacional e promete ser a sua nova artista favorita.

    Confira a entrevista completa abaixo:

    Qual a sua expectativa para o show de estreia do Taurus, Vol. 2?
    Eu acho que eu tô ansiosa para as partes de R&B, porque é a primeira vez fazendo uma visão assim com uma banda inteira de mulheres pretas e eu acho muito lindo não só de ver, mas de ouvir elas tocando porque são duas meninas muito incríveis, sabe? A guitarrista, por exemplo, a Mari Fernandes, eu já queria ela há muito tempo e eu queria muito que ela viesse para minha banda. E aí nessa virada do ano para 2024, aconteceu algumas coisas e ela falou: ‘Ah, tô livre tô sem banda fixa’ eu falei ‘Chegou a minha vez, é minha’.

    E eu acho que ter mulheres pretas tocando piano, guitarra, dá um gás, sabe? Porque a musicalidade nunca vem direto para a gente, é sempre muito elitizada esses instrumentos e tocar alguma coisa é sempre muito elitizado, então vai ser bonito de ver a minha DJ – a DJ Midi, todo mundo sabe [risos] – que é uma mina pretona do Capão Redondo.

    Eu vou estar lá, minhas bailarinas [de] todos os corpos. Então, pensa que a gente tem do manequim 38 até 55 no palco, sabe? É uma coisa que visualmente dá um ânimo para quem tá assistindo que se identifica com tantas mulheres, tantos corpos e tantos jeitos e se inspira também. Eu acho que meu show não é só eu, eu acho que é para as pessoas que estão lá em cima do palco comigo: é o show delas também! Então vai ter solo de guitarra, solo de piano, vai ter solo das bailarinas, então o momento de R&B vai ser tipo assim o ápice do sex appeal, do tesão, do romance e dessa coisa mais sensual.

    Eu sempre digo que as minhas bailarinas e as meninas que trabalham comigo me devolvem a autoestima porque elas sentem a música, elas dançam. Acho que além do último bloco, porque vai ser uma surpresa – o ápice do do evento – talvez o segundo bloco, o R&B é muito quente.

    Qual música você está mais animada para performar?
    Ah, eu acho que ‘‘Voo 1360’’! Vai ser uma música que fecha o segundo bloco, então vai ser o momento em que as meninas vão mostrar o que tem, sabe? É um momento de groove, então as pessoas vão dançar, relembrar os momentos e dançar junto com a gente – é o momento que o público também vai interagir com a gente. Então eu acho que vai ser muito lindo!

    E ‘’Pose’’ também! ‘‘Pose’’ pela primeira vez eu, Zaila e Urias no palco. Vai ser incrível! A coreografia tá linda, a música também é muito foda assim de de dançar, então acho que eu tô empolgada com essas duas.

    Quais são as suas expectativas pro Rock in Rio?
    Então, eu acho que o dia 16, na Audio, é um grande experimento que a gente tá entendendo o que vai dar muito certo, porque a gente tá depositando muitos dias de ensaio, muitos dias de preparo do show, muito investimento na questão de novos equipamentos – coisas que a gente queria evoluir já um tempo nessa questão de entrega – então a gente tá preparando desde a luz do telão, da roupa, os equipamentos, acho que vai ser um grande teste.

    Mas é uma casa de show e agora quando a gente parte para um festival, a gente vai entender que tudo que a gente fez de laboratório deu certo. Eu acho que a gente vai vir muito mais não tão ansioso, porque a gente vai fazer [o primeiro show] dia 16, mas eu acho que a gente vai vir muito mais firme, sabe? A gente tá meio que dando pequenos laços e eu acho que no Rock in Rio e nos outros festivais, a gente vai dar uma grande nó que vai definir o que a gente vai ser no restante do ano e no restante da turnê.

    Como é pra você voltar para a Bahia fazendo parte do line-up do Afropunk?
    Eu tenho um gosto muito grande de tá no Afropunk, porque nem tudo na minha carreira foi tão fácil, né? Na Bahia, principalmente, se você não toca com uma banda, se você não faz uma voz e violão, então eu nunca tive muito shows na Bahia, quando eu era independente era muito difícil o mercado para mim porque eu rimava, fazia rap, fazia trap, não tinha muito espaço.

    Muitas vezes, eu ouvi que tinha eventos que eu não tava compatível, que eu não tava preparada para estar, que eu não podia estar, que fulana, que fulano tava mais preparado porque tinha banda, porque tinha mais influência. Então, eu voltar para Bahia mostrando que: ‘Olha, existe rap aqui que precisa ser valorizado tanto quanto alguém que canta a voz, violão e banda’. E eu vou provar que todas as pessoas que fecharam a porta quando eu pedi, pessoas que acharam que é rap e trap não vingavam, pessoas que fizeram muitas vezes eu desanimar do meu próprio sonho, do meu objetivo de estar entre as maiores e melhores do Brasil.

    Eu acho que lá eu vou mostrar que eu sou do interior da Bahia, eu sou cantora de rap, eu sou cantora de trap, eu sou cantora de R&B e eu sou tão boa quanto todas as pessoas que fazem outras coisas ou de outro gêneros e mereço estar neste lugar assim como todas as pessoas que ainda fazem isso em Feira de Santana, Vitória da Conquista, no Recôncavo. Querendo ou não é triste você pensar que você precisa sair para voltar melhor ou sair para voltar a respeitada, sair para voltar grande o suficiente.

    Eu tô muito feliz, porque o Afropunk é um evento que eu admiro muito, mas eu tô muito feliz também para provar que existem rappers na Bahia que precisam ocupar esses lugares. Eu quero trazer um espetáculo diferente pro Afropunk, sabe? Eu tô ainda maquinando o que que vai ser, como vai ser, como a gente vai fazer, mas eu quero que seja um momento especial.

    Qual é o seu feat do sonhos?
    A SZA, ela! [Daqui] alguns anos luz à frente, eu me vejo fazendo um trabalho com ela. Eu sinto que eu tô cada dia mais perto de realizar meus sonhos, porque eu tô chegando em lugares que eu nunca nem imaginava, imagina as coisas que eu sonho. É só trabalhar mais um pouquinho, lançar mais coisa, fazer tudo certinho para chegar a altura dela e fazer um feat ou algo com ela.

    Como funciona o seu processo de escrita e composição?
    Eu acho que é um 360, sabe? Eu tenho uma forma de pensar que eu não consigo verbalizar. Eu sou uma pessoa difícil de verbalizar, eu sou uma pessoa que você fala um monte para mim e eu falo ‘É, tudo bem’, só que na minha cabeça tá um texto, sabe? Então eu vejo situações, eu vejo acontecimentos que eu não verbalizo, isso é um defeito mesmo, depois a gente tem que gastar com terapia porque não verbalizou, né? [risos]

    Mas eu sempre fui uma adolescente tímida. Eu acho que eu nunca fui tão estimulada a falar o que eu penso porque eu naturalmente sou muito grossa, sou muito bruta, eu não tenho jeito de falar com as pessoas sabe? Eu acho que há mil formas de falar a mesma coisa e às vezes eu escolho pior e aí a pessoa tem que me amar muito para compreender que eu sou grossa natural e eu não tô sendo grosseira, eu só sou assim.

    E aí eu acho que a música é um refúgio para eu conseguir dizer coisas que talvez eu diria conversando com alguém, mas eu seria grossa. Sei lá ‘‘Tá Eu e a Nicole’’ é a prova disso. Esse verso eu fiz quando a Tasha & Tracie foi para o BET e as pessoas detonaram ela pelas roupas dela. E eu fico pensando: a moda, na maioria das vezes, foi influenciada por pessoas pretas. Então, as grandes marcas, as grandes referências só foram elas, assim como a Tasha & Tracie só foram elas. Então, a gente está no nosso local de fala, até quando a gente quer trazer algo novo, quando a gente quer trazer nossa essência, a gente tá no nosso local de fala, a gente tem esse aval.

    E a galera mais cafona quer ditar o que é chique. As pessoas, na maioria das vezes, não tem esse lugar de fala, só que eu seria muito grossa, se eu falasse: ‘Queridinho, na moral, você se veste mal para caralh*’. E aí eu seria grossa, eu esculacharia, tá ligado? Mas aí, eu preferi fazer uma música pra poder verbalizar o que eu achava sobre aquilo, entendeu?

    E eu faço a minha música de acordo com o que eu penso, com o que eu quero para minha vida, com situações que eu analiso, mas eu tento sempre ser engraçadinha, porque eu acho que a música me dá esse poder de de ser sarcástica. Eu gosto muito Tyler, The Creator, eu acho que ele faz isso muito bem. Eu acho que ele é um cara engraçadinho e fala coisas muito duras e rimas muito pesadas, mas as pessoas gostam de ver ele, como ele se move, como ele canta, como ele brinca e eu acho que é isso que eu levei para o meu trabalho, essa referência dele.

    Qual videoclipe até agora foi o mais divertido de gravar?
    Eu acho que ‘‘Taurus’’ foi o mais divertido e mais cansativo também. A gente malhou o dia todo, eu não aguentava. Eu agachei várias vezes no equipamento, fiz o leg press, a gente pedalou várias vezes. Foi difícil de fazer. No outro dia, a gente tava acabada, ninguém conseguia fazer um nada assim, só queria descansar, mas foi divertido!

    Qual é a sua relação com a moda?
    Então, eu acho que a moda para mim, eu vim ter contato com algo que eu verdadeiramente gosto quando eu comecei a ter poder monetário, né? Quando eu comecei a ter meu próprio dinheiro para comprar uma blusa que eu gosto. Na minha família era muito tradicional: ‘não deu mais na sua prima, vai para você, não cabe mais na sua tia, vai para você’. Claro que minha mãe sempre prezou comprar um tênis, por mais barato que fosse para eu começar a escola, a mochila mais barata que tivesse, independente da estampa [risos].

    Então, eu criei uma parada que eu queria tudo preto. Ou preto, ou todo branco, ou tudo cinza e hoje em dia, eu vejo que eu cheguei num lugar onde eu tenho muitas adolescentes que também não tem poder monetário e querem se vestir igual a mim. Então, eu me preocupo no sentido de como ser algo que eu gosto e mostrar para essas meninas que elas podem ser 25% de mim. Então, eu nunca me relacionei muito firme com marcas de luxo, nunca tive muito contato com marcas de luxo. Eu acho que o único ponto que eu gosto de um pouco de ‘‘luxar’’ é perfume ou maquiagem que são coisas minhas íntimas e que eu gosto realmente. Quando eu tive acesso ao meu primeiro perfume importado foi num aniversário meu que eu juntei grana para comprar o meu primeiro perfume, mas eu não tenho coisas de grandes marcas e algumas marcas gostam de mim e me mandam coisas, é muito mais nessa dinâmica.

    Eu tento sempre ser monocromática, eu peso muito em acessórios, cabelo,um tênis daora para que as pessoas coloquem um conjunto, moletom preto, os colares que tiver em casa, uma maquiagem, o penteado que você gosta e você vai olhar no espelho e falar assim: ‘Nossa eu tô muito parecida com a Duquesa!’ e isso ser barato, isso ser acessível. Porque eu sofria muito também com isso, eu sofria muito em não conseguir me parecer com a Rihanna. Eu sofria muito em não me parecer com as referências que eu tinha de moda.

    Mas em questão de cosmético, eu acho que eu tenho muito mais vaidade, de perfume. Eu gosto muito de coisas na mão, tatuagem na mão, vários anéis – eu compro os mais baratinhos mesmo só para encher a mão, porque eu gosto muito de cumprimentar as pessoas e eu gosto que as pessoas sintam uma mão macia, uma unha bonita, uma tatuagem, uma pulseira e falar: ‘Nossa, essa é a Duquesa’, sabe? Um colar, às vezes até eu mesmo faço uns colares.

    Eu acho que é mais nesse ponto, eu acho que o meu cuidado e a minha responsabilidade com as minhas fãs vem muito entender que eu era e estava no mesmo lugar que elas. E são meninas que estão no primeiro emprego, tem mina que é mãe. Então, tipo, pô, vai falar para uma mãe de 19 anos – porque acontece,né? As meninas periféricas acabam que caem nesse limbo de ser mãe muito nova – e aí eu vou falar para uma mãe que gosta do meu som ‘Compra uma Prada’, eu não vou falar isso. Eu vou falar: ‘Minha filha, ó, bota uma bermuda jeans, uma calça, um cropped, bota um tênis, vai pra rua, bota um acessório que você gosta, uma maquiagem, um cabelo daora, você tá igual a mim!’.

    Qual é a dica de beleza da Duquesa?
    Ah, eu tenho uma que eu aprendi, quando você tem um perfume mais barato, você passa óleo corporal e joga o perfume por cima e aí ele fica muito mais tempo. Outra coisa que eu aprendi também, porque eu não gosto muito de gloss, então têm batons específicos que fica mais hidratado do que muito brilhoso. E aí eu gosto muito [também] dessa parada de contorno vai no olho também como sombra, gel de sobrancelha para ficar arqueadinha, eu acho que essas são as diquinhas que eu uso assim de macete.

    Se você pudesse trocar de guarda-roupa com alguma celebridade, qual seria?
    A Rihanna! Nossa, eu trocaria muito com a Rihanna, Rihanna é foda, mano. Inclusive na gestação, ela provou que mesmo o corpão que ela ganhou, depois do bebê e durante a gestação, ela ainda foi muito mamãe moderna, de styling.

    E se fosse escolher o guarda-roupa de outra mulher do trap?
    Com a Tracie, eu acho ela muito foda, porque a Tracie ela consegue colocar uma bermuda Cyclone, um cropped e um colar de pedras verdes e fica muito lindo. Eu acho que eu me identifico muito com ela por isso, ela exagera mais em acessório do que roupa exatamente, eu acho isso muito elegante.

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