Eusexua: Tudo que você precisa saber sobre a nova era de FKA Twigs
No álbum mais ousado de sua carreira, a artista britânica redefine os limites entre música, moda e estética, transformando a pista de dança em um manifesto visual e emocional.
Eusexua: Tudo que você precisa saber sobre a nova era de FKA Twigs
No álbum mais ousado de sua carreira, a artista britânica redefine os limites entre música, moda e estética, transformando a pista de dança em um manifesto visual e emocional.
FKA Twigs sempre foi uma artista que não se limita à convenções. Com o lançamento de ‘‘Eusexua’’, ela reforça sua posição como uma das figuras mais vanguardistas da cena contemporânea, onde a estética futurista e as influências do underground se encontram. Em um álbum que explora temas de identidade, sensualidade e o imaginário sci-fi, Twigs não apenas desafia os limites sonoros, mas também os visuais – sua estética, que transita entre o experimental e o mundano, traz à tona um discurso visual tão afiado quanto sua musicalidade. Nos looks de ‘‘Eusexua’’, o corpo é uma tela em que o cyberpunk e a cultura rave se fundem, resultando em um estilo que não apenas acompanha sua arte, mas a amplifica.
Com o lançamento do álbum, Twigs leva ‘‘Eusexua’’ para os palcos. A turnê, que começa em março de 2025, passará por cidades que foram centrais na criação do álbum, como Praga, Berlim, Paris e Manchester, e incluirá performances em festivais como Coachella, Primavera Sound e We Love Green.
Hoje, o FFW explora como FKA Twigs redefine a relação entre música, moda e identidade em ‘‘Eusexua’’, mergulhando na evolução de seu estilo, sonoridade e estética, desde o futurismo até referências de subculturas.
Como a nova era começou
O pontapé inicial para a era ‘‘Eusexua’’ foi envolto em mistério e antecipação. Em 2023, FKA twigs apresentou a performance ‘‘Unearth Her’’ durante o evento Valentino L’École, que precedeu o desfile da coleção de Verão 2024 da marca. Embora ninguém soubesse que o single ou o projeto se chamariam ‘‘Eusexua’’, a apresentação já deixava claro que algo novo e disruptivo estava a caminho. Twigs trouxe para o palco uma coreografia de Benoît-Swan Pouffer, do Ballet Rambert, usando trajes que oscilavam entre bodysuits e underwears em tons neutros.
A transição para a nova era ganhou mais força com a turnê de divulgação de ‘‘The Crow’’, filme de Rupert Sanders, onde a artista britânica incorporou uma vibe sci-fi chic. Os tons nude dominaram seu guarda-roupa, enquanto o cabelo, raspado na frente e combinado com dreads e tranças volumosas, tornou-se uma assinatura visual marcante.
Em agosto de 2024, Twigs levou o conceito ainda mais longe com um evento exclusivo em Nova York, onde apresentou o álbum completo para convidados como Julia Fox, em um porão tomado por uma atmosfera de techno e eletricidade. Descrito como ‘‘uma das experiências mais fabulosas da vida’’ pela artista e jornalista nova-iorquina Linux, o evento consolidou ‘‘Eusexua’’ como uma promessa autêntica na música.
Das raves de Praga ao DNA coletivo
O álbum ‘‘Eusexua’’ nasce do fascínio de FKA Twigs pela cena underground de raves em Praga, onde ela mergulhou na intensidade do techno e das subculturas alternativas. Inspirado pelas atmosferas sombrias e eufóricas das pistas de dança, Twigs moldou um projeto que une o espírito da cena rave ao potencial transformador da música eletrônica.
Desde o lançamento do remix de ‘‘Eusexua’’ por Anyma, acompanhado por um visualizer dirigido por Jason Miller com direção criativa e styling de Yaz XL, Twigs tem levado a essência do álbum a públicos globais. Como afirmou a própria artista, ‘‘Eusexua foi criado de um solo queimado e agora ela alça voo’’. A mensagem do projeto é clara: injetar o movimento Eusexua no DNA coletivo por meio de raves ao redor do mundo, unindo o espírito underground à capacidade da dance music de tocar as maiores plateias.
O álbum
Após três anos desde ‘‘Caprisongs’’, FKA Twigs retorna com ‘‘Eusexua’’, lançado em 24 de janeiro de 2025 pela Young e Atlantic Records. O álbum, com 11 faixas, é uma ode ao estado de êxtase e autoconsciência, explorando traumas pessoais e sua própria jornada de cura. Twigs descreve ‘‘Eusexua’’ como a sensação de se perder no tempo, seja na pista de dança ou em momentos de conexão íntima. Mais do que um tributo ao hedonismo, o projeto transforma a pista de dança em um espaço de sobrevivência e libertação, utilizando batidas hipnóticas, letras viscerais e uma produção inovadora de colaboradores como Two Shell e Koreless.
A faixa-título, lançada como primeiro single, acompanha um videoclipe dirigido por Jordan Hemingway, e o álbum ainda inclui destaques como ‘‘Girls Feel Good’’, ‘‘Room of Fools’’ e ‘‘Childlike Things’’, uma faixa co-escrita por North West. Entre as promoções, Twigs chamou atenção ao estrear músicas em eventos como a London Fashion Week, integrar nomes como Phoebe Waller-Bridge e Yves Tumor em seus vídeos – além de trazer como antecipação o teaser “HAVE YOU EXPERIENCED EUSEXUA?” com amigos e colaboradores da indústria como Amelia Gray.
Comparações já surgiram, ligando ‘‘Eusexua’’ a trabalhos icônicos como ‘‘Ray of Light’’ de Madonna e ‘‘Post’’ de Björk, reforçando a conexão de Twigs com narrativas e experimentações visuais marcantes.
A dança, os videoclipes e a identidade de Twigs
Desde o lançamento de ‘‘Eusexua’’, o primeiro single de seu aguardado álbum, FKA Twigs tem se firmado como uma mestra na criação de universos visuais imersivos, com videoclipes que exploram a dança, a sensualidade e a transformação. Dirigidos por Jordan Hemingway, os videoclipes de ‘‘Eusexua’’ e ‘‘Perfect Stranger’’ são distópicos e intensos, com uma estética futurista e erótica.
No primeiro, Twigs é apresentada em um escritório frio e corporativo, onde a coreografia alienígena de Zoi Tatopoulos e a escolha de roupas minimalistas de Georgia Pendlebury e Yaz XL destacam sua jornada de libertação – a transformação de Twigs em uma criatura humanoide simboliza sua busca por renascimento. Em ‘‘Perfect Stranger’’, a paleta de cinzas e os looks de Mowalola e Rick Owens adicionam uma camada de sensualidade sombria, enquanto a cantora passa por diferentes metamorfoses, explorando as múltiplas facetas de sua identidade.
A dança, sempre uma parte essencial de sua identidade, é usada como uma ferramenta de expressão, refletindo a transformação e o renascimento emocional abordados em sua música.
As roupas que moldam a era ‘‘Eusexua’’
Sob a direção da stylist Georgia Pendlebury, o visual sci-fi chic que sempre foi uma assinatura da artista agora atinge novos níveis, destacando modelagens futuristas, texturas ousadas e acessórios que parecem saídos de um universo distópico. A narrativa estética começou a se desenhar também durante a press tour de The Crow, onde Twigs vestiu marcas independentes como Miaou, Jade Cropper, Rambaut e Wassim El Hodayebi, complementadas por joias de artistas como Freya Douglas Ferguson. Botas com saltos extravagantes, óculos alienígenas e headpieces metálicos pontuaram uma vibe alien/buggy que ecoa sua abordagem não convencional.
Já no videoclipe do single ‘‘Eusexua’’, ela surge com as icônicas botas infláveis de Rick Owens e um corset médico vintage, enquanto em ‘‘Perfect Stranger’’, segundo single do álbum, Twigs mescla peças de Mowalola e Owens, consolidando sua estética techno-futurista. Performances como a no Sphere, em Vegas, mantêm a coerência visual, com looks da marca Oriens que capturam a essência da nova era.
Maquiagem: A assinatura alienígena de Matilda Mace
A nova era de FKA twigs não seria completa sem a ousada maquiagem criada por Matilda Mace, que elevou sua estética para outro nível. Padrões simétricos e gráficos começam a tomar forma: linhas sinuosas, reminiscentes de ondas sonoras ou hieróglifos futuristas, desenham o rosto da artista como uma obra de arte viva. Essas composições, muitas vezes complementadas por tatuagens falsas na mesma estética, equilibram o tribal e o tecnológico, criando uma aparência que flerta com o alienígena e o ancestral ao mesmo tempo. Essa abordagem, marcante e quase ritualística, não apenas reforça a narrativa visual da era, mas também consolida Twigs como um ícone que rompe barreiras entre beleza e arte performática.
Cabelo: A rebeldia e a arte de FKA Twigs
Desde o início de sua carreira, o cabelo tem sido uma extensão da narrativa de Twigs, moldando sua imagem como um ícone de beleza ‘‘estranha’’ que desafia padrões. Na era ‘‘Eusexua’’, o estilo radical e simbólico do cabelo ganha ainda mais destaque, refletindo sua conexão pessoal com a ancestralidade e estética futurista. Trabalhando ao lado do renomado hairstylist Louis Souvestre, Twigs abraçou o “skullet” – uma versão ousada do mullet com laterais raspadas e o comprimento atrás mantido longo e texturizado. Essa escolha, que ela própria documentou ao raspar o cabelo em um vídeo íntimo, carrega influências de figuras históricas e artísticas, como crianças do nordeste africano dos anos 1970 e esculturas egípcias antigas, incluindo as de Akhenaten e sua filha mais velha.
Na press tour de ‘‘The Crow’’ seus looks foram mesclados com uma fusão de cabeça raspada com dreadlocks, tranças e cachos esculpidos. Twigs e Souvestre também exploraram laces, perucas e cortes dramáticos, como o ‘‘Karen from HR pixie’’ – nome dado por Souvestre – usado no videoclipe do single ‘‘Eusexua’’. Esses estilos são tanto um manifesto contra padrões ocidentais de beleza quanto um tributo às raízes jamaicanas de Twigs, demonstrando como ela transforma a ‘‘estranheza’’ em sua assinatura.