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    Por dentro da exposição que revela o processo criativo da coleção da Maison Margiela Artisanal 2024

    Bia Nardini nos leva para dentro da exposição que está em cartaz em Tóquio

    Por dentro da exposição que revela o processo criativo da coleção da Maison Margiela Artisanal 2024

    Bia Nardini nos leva para dentro da exposição que está em cartaz em Tóquio

    POR Redação

     

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    Perto de sua despedida da Maison Margiela, John Galliano marcou a história da moda – mais uma vez – de maneira inspiradora, como o mercado estava clamando.

    Janeiro, 2024, Paris.
    John Galliano assina a coleção Primavera 2025 Artisanal da Maison Margiela e ultrapassa a obsolescência prevista por essa indústria, deixando tanto os profissionais dela, quanto os amadores, apaixonados por ela, comentando a seu respeito por mais de uma semana, um recorde da atualidade. Seja pela complexidade das peças, a sensação de ver suas inseguranças sendo reconhecidas, ou pela falta de trabalhos menos comerciais como este, é inegável que o trabalho fugiu superou qualquer expectativa.

    Outubro, 2024, Digital.

    Meses à frente, um resgate à maquiagem assinada por Pat McGrath para esta coleção volta a ser destaque como inspiração para as festas de Halloween ao redor do mundo. Trejeitos dos modelos, que cambaleavam pela passarela sob coreografia de Pat Boguslawski, também chamam a atenção. Uma série de tutoriais que transformam a coleção mais exclusiva de uma marca de luxo em uma referência artística, ao invés de uma imposição estética. Depois de anos mais discreto, John Galliano se reafirma como um dos maiores criativos da atualidade, fugindo da simples funcionalidade do design.

    Novembro, 2024, Tokyo: Maison Margiela Artisanal 2024 Exhibition Tokyo

    Mais uma vez a coleção é revisitada, mas, agora, pela própria marca que decide expor para o grande público, todo o trabalho por trás da apresentação memorável , convidando aqueles que se interessaram pela obra para uma imersão gratuita em seu universo.

    Logo acima da loja da marca na cidade mais agitada do Japão, um momento de calmaria. Som de chuva, gemidos ao fundo, paredes escuras e uma sensação de proteção. Após subir três lances de escada com pouca iluminação, focando em cada passo e sendo orientada em japonês – sem qualquer entendimento – a sensação de refúgio explorada na coleção foi levada para a Ásia. Ali, todos eram bem vindos com suas estranhezas e particularidades.

    À primeira vista, expostos na parede, cerca de 40 livros de pesquisa, referências que iam Irving Penn a Hans Bellmer, passando pelas merkins – perucas pubianas -, lingeries eróticas, modificações corporais, Mickey Mouse, Walt Disney, entre diversas outras inspirações que juntas são, no mínimo, intrigantes. 

    Em seguida, uma mesa com cadernos de registros das provas de roupa, cada um focado em um look, eternizando cada processo. O encaixe do espartilho, a escolha da maquiagem, como o modelo se comportaria e assim por diante.

    Ao redor da sala essa dinâmica se repetia, vez ou outra sendo quebrada por peças vestidas em manequins ou apoiadas nas mesas, mostrando seus detalhes, sejam eles específicos da construção do produto que aparece dissecada, explanando a ausência de simplicidade de sua estrutura, ou sejam eles específicos dos acabamentos, como o bordado de correntes delicadas, sobre uma renda mais delicada ainda, do look 9.

    Os acessórios também não deixaram a desejar, em especial os sapatos, fruto de uma colaboração com Louboutin. Com silhuetas estranhamente interessantes e nitidamente desconfortáveis, os pares foram exibidos dentro de vidros, como experiências laboratoriais. Alguns não contavam com uma parte da sola, outros exploravam curvaturas suntuosas que harmonizam com os quadris exagerados.

    Espuma, tecido, estrutura. Assim surgem os espartilhos que sustentaram toda uma coleção de corpos não aclamados pela moda há décadas. Enquanto o quadril era ressaltado, a cintura se estreitava de maneira tão extrema que alguns modelos precisaram fazer exercícios de respiração para conseguir vestí-los. Mais Galliano impossível.

    Dezembro, 2024, Digital.

    A poucos dias do encerramento do ano, Maison Margiela Artisanal 2025 se consagra não apenas como a coleção mais aclamada da semana de alta costura Primavera 2025, mas como coleção mais aclamada dos últimos anos em geral. Em um tempo de padronização dos produtos de alto luxo, numa busca desenfreada por números cada vez mais astronômicos que parecem não chegar mais, a Maison Margiela reanimou um sonho e o manteve ventilando desde então. Manter um trabalho em evidência por tanto tempo valoriza, exalta e reconhece o valor de uma moda mais elaborada e menos passageira. Enquanto o mercado repete narrativas frequentemente falhas, John Galliano deixa a marca evidenciando que ainda há espaço para novas histórias, desde que sejam feitas de forma genuína.

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