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    Quem é a misteriosa família dona da Chanel?

    A reservada família Wertheimer é uma das mais ricas da França e tem negócios em vários setores. Conheça a história por trás da fortuna deles. 

    Quem é a misteriosa família dona da Chanel?

    A reservada família Wertheimer é uma das mais ricas da França e tem negócios em vários setores. Conheça a história por trás da fortuna deles. 

    POR Gabriel Fusari

    Quando pensamos em uma família poderosa que controla marcas de moda, logo vêm à mente os Arnault ou até os Pinault, donos dos conglomerados de luxo LVMH e Kering, que detêm grande parte das marcas de luxo do mundo. No entanto, ao falarmos da Chanel, poucas pessoas conhecem quem realmente está por trás dos negócios da marca. Recentemente, o nome da família Wertheimer tem ganhado destaque, pois serão eles que escolherão o dono diretor criativo da marca francesa. Também foi anunciado que os proprietários da Chanel estariam entre os novos investidores da The Row. Ambas as notícias o que gerou muita especulação sobre quem controla a grife. Com uma fortuna de US$20 bilhões e uma postura austera que se perpetua por gerações, quem está à frente da atual gestão dos negócios são os irmãos Alain e Gérard Wertheimer.

    Diferente de outros donos de conglomerados, eles são mais reservados e evitam se expor a todo custo. Raramente eles são vistos nos eventos e desfiles da marca, e, quando isso acontece, geralmente estão na terceira ou quarta fileira. Preferem concentrar seus esforços em observar o mercado e investir em negócios que sejam frutíferos e duradouros, como fizeram desde que adquiriram a Chanel. “Somos uma família muito discreta, nunca falamos,” afirmou Gérard Wertheimer ao New York Times em 2002. “É sobre Coco Chanel. É sobre Karl. É sobre todos que trabalham e criam na Chanel. Não é sobre os Wertheimer.

    COMO TUDO COMEÇOU

    Em 1924, Coco Chanel buscava alguém para ajudar a  expandir os negócios de perfumes, com o recém-lançado Chanel Nº 5 que já era sucesso de vendas. Foi então que o co-fundador da Galerie Lafayette Théophile Bader, apresentou a designer aos magnatas Paul e Pierre Wertheimer, no hipódromo da cidade onde havia aberto a primeira boutique Chanel, Deauville (França). 

    Os irmãos Paul e Pierre resolveram entrar no negócio que seria muito vantajoso para eles. É que Ernest Wertheimer, pai da dupla, havia investido na fabricante de cosméticos Bourjois no final do século XIX. Logo, eles teriam a estrutura de produção e venda para o mundo todo. Então foi dada a largada para a parceria: 70% da empresa nas mãos de Wertheimers, 20% nas mãos de Théophile Bader e 10% nas mãos de Coco Chanel. Apesar de toda a estrutura estar organizada para o sucesso, a forma que a divisão dos negócios foi feita deixou Mademoiselle Chanel incomodada. Em 1928, ela começou um processo de contestação legal que chegou ao apogeu durante a Segunda Guerra Mundial. 

    Para quem já assistiu The New Look (Apple TV+) lembra que por conta do avanço dos Nazistas por toda a Europa, os Wertheimers, que são de origem judaica, tiveram de fugir para Nova Iorque enquanto Chanel permaneceu apenas com a loja de perfumes aberta, sem produzir nada de roupas nem alta-costura. Tirando proveito da lei de ocupação que não permitia que Judeus tivessem negócios na França, Coco tentou tirar a empresa das mãos da família que tinha deixado o construtor de aeronaves francês Félix Amiot como responsável. As tentativas falharam, fazendo com que Chanel e Pierre dessem uma trégua e fizessem um novo acordo após a morte de Paul, em 1948. 

     

    PÓS GUERRA

    Em 1954, Pierre comprou a empresa completa, desde as porcentagens de perfume até a alta-costura, buscando orquestrar uma volta da Chanel que estava com a imagem deteriorada no pós guerra. Após a volta do exílio da Suíça, Coco Chanel reassumiu a parte criativa da marca, lançando a bolsa acolchoada, o tailuer de tweed e os sapatos bicolores que se tornaram símbolos atemporais da marca que leva seu sobrenome. 

    Onze anos depois, Pierre falece, deixando toda sua herança para seu filho Jacques Wertheimer, pai dos atuais donos da Chanel e grande colecionador de artes – em seu espólio, existiam peças de Nicolas de Staël, Bernard Buffet e Joseph Cornell. Como empresário ele era um grande esteta, o que o levou a encontrar o diretor artístico perfeito para o cargo: Jacques Helleu , que ficou 40 anos e realizou campanhas memoráveis até hoje, em especial, as do Chanel Nº 5.

    A NOVA CHANEL

    Quando Coco Chanel morreu, em 1971, a família trocou toda direção da casa em busca de renovar a Chanel. Alain assumiu como presidente com apenas 25 anos. Seus primeiros passos foram introduzir a coleção de prêt-à-porter, expandir ainda mais a distribuição das fragrâncias e contratar em 1983 Karl Lagerfeld para o cargo de diretor criativo. Na década de 1990, Alain e Gérard se tornaram os donos oficiais da Chanel após o falecimento de seu pai. O resultado? Foram catapultados a posição de uns dos homens mais ricos da França.  De acordo com a revista Challenges, a fortuna deles era estimada em 115 bilhões de euros, o que os coloca em 3º lugar entre os 500 mais ricos do país. 

    Karl Lagerfeld com seu leque inseparável.

    Hoje, os irmãos Alain e Gérard são os nomes mais altos do escalão da Chanel, enquanto Alain é o presidente executivo da marca em Nova York, Gérard atua como membro da liderança, diretamente da Suíça. Além deles, outros nomes da família tem negócios que aumentam o espólio da dinastia e fazem parte do monopólio dos Wertheimer. 

    O meio-irmão Charles comanda a holding sediada nas ilhas Cayman, que detém Chanel e outras operações, como a as marcas de trajes de banho Eres e Orlebar Brown; a especialista em cashmere Barrie; a chapeleira Maison Michel; o ourives Goossens e um grupo de vinhedos composto pelo Château Canon, Château Rauzan-Segla, Domaine de l’Ile e St. Supéry. Além desses, eles também cuidam do estábulo de corrida centenário Wertheimer et Frère.

    karl lagerfeld e virginie viard (2019)

    Desde 2018, a empresa tem passado por mudanças estruturais. A primeira delas, neste ano, foi divulgar resultados financeiros que se mostraram consolidados. Na sequência, contrataram Leena Nair, ex -executiva da Unilever para assumir o cargo de CEO Global, que antes era de Alain. Em 2023, as receitas da marca totalizaram US$19,7 bilhões, com um crescimento de 16% em relação ao ano anterior e um lucro operacional de US$6,4 bilhões. Por aqui, publicamos sobre esses dados e falamos sobre o aumento de receitas e números de funcionários, que conta com 36.500 pessoas, quem lembra?

    O foco dos Wertheimers atualmente tem sido encontrar um sucessor para Virginie Viard, que deixou a direção criaiva da marca em 2024. Mas também, de acordo com o site WWD, a busca pelo sucessor dos irmãos não deixa de ser uma prioridade. O favorito para essa missão é Nathaniel, filho de Alain, que se juntou recentemente aos negócios da família junto ao primo e colega de faculdade Arthur Heilbronn, que por sua vez deve assumir a holding que controla tudo. 

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