Rick Rubin: quem é o nome por trás de discos históricos da música mundial
De Johnny Cash a Jay-Z, o produtor redefiniu carreiras e assinou alguns dos álbuns mais importantes das últimas décadas.
Rick Rubin: quem é o nome por trás de discos históricos da música mundial
De Johnny Cash a Jay-Z, o produtor redefiniu carreiras e assinou alguns dos álbuns mais importantes das últimas décadas.
Rick Rubin nunca precisou aparecer para deixar sua marca na música. Com barba longa, pés descalços e um jeito quase místico de produzir (e de se apresentar), ele redefiniu o som de artistas tão distintos quanto Johnny Cash, Jay-Z e Red Hot Chili Peppers. Mais do que um produtor, Rubin é considerado um arquiteto de atmosferas, um especialista em lapidar artistas sem impor sua assinatura. Seu nome está por trás de alguns dos discos mais influentes dos últimos 40 anos, seja injetando peso no hip-hop, resgatando a essência do rock ou encontrando novas profundezas na música pop.
Fundador da gravadora Def Jam, Rubin começou sua trajetória na cena punk de Nova York, mas logo se mudou para o hip hop. Nos anos 1980, ajudou a transformar Run-D.M.C. e Beastie Boys em fenômenos globais, lapidando a mistura inédita de rap e rock dos artistas. Bons exemplos são dois álbuns lançados em 1986: Licence to Ill, dos Beastie Boys, e Raising Hell, do Run-D.M.C.. Com o tempo, expandiu seu alcance e produziu discos que atravessaram gerações – de Metallica a Shakira, de Adele a Kanye West. Em seu livro O ato criativo: uma forma de ser (Editora Sextante), lançado no Brasil no ano passado (depois de ficar em primeiro lugar na lista de vendas do jornal The New York Times), ele revela características de seu processo: cortar excessos, buscar a verdade na música e, acima de tudo, confiar no artista. O resultado? Uma discografia que não segue tendências, mas ajuda a criá-las.
A seguir, veja outros álbuns icônicos graças ao toque invisível de Rick Rubin.
Red Hot Chili Peppers – Californication (1999)
Depois do caótico ‘‘One Hot Minute’’, o RHCP precisava de um reset – e Rubin soube exatamente como fazer isso. Ele trouxe John Frusciante de volta à guitarra e moldou um som mais melódico e introspectivo, sem perder a identidade funkeada da banda. ‘‘Californication’’ se tornou um dos maiores discos dos anos 1990 e consolidou o Peppers como referência do rock alternativo.
Eminem – The Marshall Mathers LP (2000)
Se ‘‘The Slim Shady LP’’ apresentou Eminem ao mundo, ‘‘The Marshall Mathers LP’’ o transformou em um fenômeno – e Rick Rubin teve um papel essencial nisso. O produtor ajudou a criar o clima sombrio e tenso do álbum, com batidas secas e agressivas que amplificaram a força das letras. O resultado foi um dos discos mais impactantes do hip-hop.
Beabadoobee – This Is How Tomorrow Moves (2024)
A rainha do bedroom pop cresceu e trouxe ninguém menos que Rick Rubin para sua nova fase. O produtor ajudou a dar um acabamento mais robusto ao indie melancólico da cantora, adicionando nuances de folk e um senso de grandiosidade. O resultado? Um disco que soa como um encontro entre Elliott Smith e The Smashing Pumpkins, mas com um frescor que é 100% Beabadoobee.
Kanye West – Yeezus (2013)
Quando Kanye apresentou ‘‘Yeezus’’ para Rubin, o álbum ainda estava inflado e sem forma – então o produtor fez o que sabe melhor: reduziu tudo ao essencial. Cortando excessos e refinando as batidas, ele ajudou a transformar o disco em uma obra minimalista e agressiva. O resultado foi um dos projetos mais experimentais da década, provando que, às vezes, menos é realmente mais.
Shakira – Fijación Oral, Vol. 1 (2005)
Antes de dominar os palcos de arenas pelo mundo e criar refrões impossíveis de esquecer, Shakira confiou a Rick Rubin a produção executiva de seu primeiro álbum totalmente em espanhol após o sucesso global de ‘‘Laundry Service’’. Ele ajudou a equilibrar sua identidade latina com uma produção sofisticada e radiofônica, criando um som que dialogava com diferentes públicos. Fijación Oral, Vol. 1 provou que a cantora podia transitar entre culturas sem perder sua essência – e rendeu um Grammy de Melhor Álbum de Rock/Alternativo Latino.
Mick Jagger – Wandering Spirit (1993)
Se Jagger parecia confortável demais nos anos 1980, Rubin chegou para mudar isso. O produtor incentivou o vocalista dos Stones a abandonar os excessos da época e retornar às raízes do rock, criando um disco direto e cheio de energia. ‘‘Wandering Spirit’’ pode não ter sido um grande sucesso comercial, mas é um dos projetos mais honestos da carreira solo de Jagger.
Jake Bugg – Shangri La (2013)
Rubin viu em Jake Bugg um eco dos trovadores britânicos dos anos 1960, como Donovan e Bob Dylan, e ajudou a refinar sua sonoridade no segundo álbum. Gravado no mítico estúdio Shangri-La, o disco trocou a pegada lo-fi do primeiro trabalho por uma produção mais encorpada, com influências de country e rock clássico. O resultado dividiu opiniões, mas mostrou que Bugg tinha fôlego para ir além do rótulo de ‘‘novo Dylan’’.
Adele – 25 (2015)
O encontro entre Adele e Rick Rubin parecia improvável, mas fez sentido. Rubin entrou no projeto para trazer um senso de organicidade e atemporalidade às faixas, incentivando arranjos mais minimalistas e emocionais. Embora sua participação tenha sido menor do que no álbum anterior, seu toque está presente nos momentos de pura melancolia cinematográfica.
Metallica – Death Magnetic (2008)
Após o criticado ‘‘St. Anger’’, o Metallica precisava de uma redenção – e Rubin entregou. Ele incentivou a banda a recuperar a energia dos anos 1980, resultando em um disco que remete ao thrash metal de ‘‘Master of Puppets’’ e ‘‘…And Justice for All’’. Apesar das polêmicas sobre a mixagem e o volume exagerado, ‘‘Death Magnetic’’ trouxe de volta o peso e a complexidade técnica que os fãs queriam.
Jay-Z – 99 Problems (2003)
Rubin pode não ter produzido todo ‘‘The Black Album’’, mas sua influência em ‘‘99 Problems’’ é inconfundível. A faixa une hip-hop e rock de forma crua, remetendo ao trabalho do produtor nos anos 1980 com Run-D.M.C. e Beastie Boys. O beat seco, a guitarra cortante e o flow implacável de Jay-Z criaram um hino atemporal que segue tão relevante quanto no dia do lançamento.