Começou ontem no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a 14ª edição do Festival SP-Arte. Até domingo (15.04), estarão expondo no espaço algumas das galerias nacionais e estrangeiras (de 15 países) mais expoentes no mercado das artes, além de uma programação completa dentro e fora da Bienal, que inclui performances de longa duração, visitas guiadas, exposições, lançamentos de livros, talks – ciclo de debates com especialistas, artistas e colecionadores -, uma seção dedicada a designers independentes e novos expositores, que participam do evento pela primeira vez. Veja a programação completa aqui.
“Em um cenário de instabilidade econômica do país, a solidez e relevância conquistadas junto ao mercado garante que a SP-Arte continue sendo um destino
para galeristas do mundo inteiro. Para 2018, queremos reforçar nossas atenções nas novidades produzidas no setor”, afirma Fernanda Feitosa, diretora e fundadora da SP-Arte. “Além da permanência de galerias já consagradas, a Feira também reserva espaço para novos expositores, que trazem olhares inéditos sobre a produção artística”.
Entre eles estão Cayón (Madri) e Fragment (Moscou), ambos destaque entre os novos integrantes gringos do evento – essa é a primeira galeria russa a expor na SP-Arte. No que diz respeito às nacionais, completam a lista as paulistanas Adelina, Verve, Base e Mapa, e a carioca Gaby Indio da Costa, entre outras. David Zwirner e Marian Goodman (Nova York), White Cube (Londres), neugerriemschneider (Berlim), kurimanzutto (Cidade do México) e as nacionais já conhecidas Dan, Bergamin & Gomide, Vermelho, A Gentil Carioca, Casa Triângulo, Fortes D’Aloia & Gabriel, Luisa Strina e Millan seguem na programação – veja todos os expositores aqui.
O foco este ano é aumentar ainda mais o número de visitantes. “Insistiremos nesta aposta, que vem ao encontro de um de nossos principais objetivos: trabalhar pela formação de público, tanto de novos apreciadores, como de colecionadores de arte. Queremos proporcionar a nossos visitantes uma imersão neste universo”, conta Fernanda.
O FFW separou três destaques da SP-Arte 18. Veja abaixo:
Arte x Moda
Haverá duas performances que dialogam com moda: a do Brechó Replay e a de Karlla Girotto.
A questão das vestimentas, e seu impacto na vida cotidiana, é abordada na produção da plataforma criativa Brechó Replay. Criando conexões entre arte, moda e política, seus integrantes propõem um olhar atento ao movimento social que os leva a criar histórias e ambientações onde corpos excluídos possam ter protagonismo.
Karlla Girotto é artista, professora e pesquisadora nas áreas de artes visuais e subjetividade. Tem como principais eixos de pesquisa “modos de existência como produção artística”, “linguagens artísticas híbridas” e “processos de criação e produção de subjetividades”. Coordena o grupo de pesquisa e propostas estéticas G>E, que gerou o projeto Ateliê Vivo (ambos sediados na Casa do Povo). Na SP-Arte, Karlla parte da pergunta “O que pode ser manipulado num trabalho de arte?” para apresentar uma performance que busca ampliar os multisensoriais aspectos da percepção. Usando estratégias de manipulação, trata de materializar o que acontece entre os conceitos de corpo e performance, ambos um sistema complexo de experiências e representação.
Mulheres em foco
Anna Bella Geiger, Lotty Rosenfeld, Ana Vitória Mussi: três artistas latino-americanas multidisciplinares participam da coletiva Radical Women: Latin American Art, 1960-1985, exposição itinerante que traz as práticas artísticas de mulheres da América Latina em um período chave na história do continente, explorando sua relação com o desenvolvimento da arte contemporânea regional e suas repercussões internacionais. Iniciativa do Hammer Museum, de Los Angeles (EUA), a exposição chega no segundo semestre à Pinacoteca do Estado de São Paulo.
A carioca Anna Bella Geiger completou 85 anos no dia 4 de abril e vem produzindo sem parar desde os anos 1950. Na década de 70 passou a desenvolver um trabalho muito voltado para mapas – grande influência do seu marido Pedro Geiger, geógrafo com quem foi casada durante 60 anos. A cartografia é uma maneira da carioca tratar de questões políticas e ideológicas e são esses os trabalhos que estarão em evidência na exposição da Caixa Cultural.
Ana Vitória Mussi faz parte de uma geração de artistas que, na década de 1970, incorporou novas linguagens à arte contemporânea ampliando os temas e suportes da produção brasileira. Natural de Laguna (SC), iniciou sua carreira no Rio de Janeiro em plena ditadura militar. Nesse contexto, subverteu os usos tradicionais da fotografia e criou uma obra potente, que questiona tanto a situação política da época, quanto o estatuto da imagem na cultura de massas, tema ainda bastante recorrente em sua produção. Além da SP-Arte, estará com exposição na Galeria Lume.
Já Lotty Rosenfeld é uma artista visual chilena que tem vasta trajetória, marcada permanentemente pelo levantamento de questões e críticas ao quadro institucional no contexto político e social que prevalecem em seu país. A artista chilena pertenceu ao movimento neovanguardista de artistas e escritores Escena de Avanzada, que surgiu em decorrência ao golpe de estado de 11 de setembro de 1973. Além disto, participou do grupo artístico C.A.D.A (Colectivo de acciones de arte), relacionado a artes visuais e literatura.
Performatividade e sua conexão com as questões sociais
No ano em que o setor Performance ganha curadoria própria de Paula Garcia, artista visual e colaboradora artística do Marina Abramovic Institute, a proposta é apresentar um painel que expõe o quanto esta linguagem tem se conectado com os mais importantes movimentos sociais. Discriminação racial, marginalização e homofobia são alguns dos temas que têm inspirado importantes movimentos performáticos.
Serviço
SP-Arte/2018
Quando: 12 a 15 de abril – quinta-feira a sábado, das 13h às 21h; domingo, das 11h às 19h.
Onde: Pavilhão da Bienal: Parque Ibirapuera, Portão 3 – São Paulo.
Quanto: R$ 45,00 e R$ 20,00 (meia promocional).
Mais informações: sp-arte.com