Quando a palavra “metrossexual” finalmente foi aceita no Brasil, os japoneses já estavam criando um novo fenômeno da beleza masculina: o “soshokukei dandshi”. Em japonês, a frase significa “machos herbívoros”, e tem a ver com uma nova geração de homens entre 20 e 30 anos que têm grande interesse em moda e aparência pessoal.
Com a crise global iniciada em 2008, os homens soshokukei dandshi se tornaram menos agressivos e competitivos, já que precisam lidar com problemas financeiros e oportunidades de emprego. Eles rejeitam a masculinidade tradicional quando se fala tanto de romance e de trabalho quanto de consumo.
A gigante dos cosméticos Shiseido, que lançou sua linha masculina no Japão em 2004, conduziu uma pesquisa no país em 2008 e concluiu que 70% dos homens nipônicos acreditam que a aparência importa, e 15% gastam em média ¥2 000 (cerca de R$ 40) por mês em cosméticos.
O cantor Keisuke Kuwata na campanha da UL•OS, que tem como alvo homens entre 40 e 50 anos ©Reprodução
O fenômeno tem um fundo sociológico mais amplo: com mais mulheres entrando no mercado de trabalho, os homens estão utilizando cosméticos para impressionar as chefes, colegas e clientes. As mulheres não escondem que querem que os homens pareçam limpos e arrumadinhos, com cabelos, unhas e pele tão bons quanto seus uniformes de trabalho.
Como o nicho no mercado cresceu e apareceu, empresários de moda e beleza aproveitaram o espaço. Chegaram revistas voltadas aos soshokukei dandshi, como a “Men’s Club”, e lojas de departamento, como a Isetan, agora oferecem centenas de itens para a aparência masculina.
Capas da “Men’s Club” e “Men’s Fudge”: nova masculinidade ©Reprodução
Quando se fala de moda e beleza, os homens japoneses tem mentes muito mais abertas que os brasileiros, que ainda resistem em assumir que fizeram as unhas, por exemplo. Será que o conceito de homens herbívoros um dia chegará ao Brasil?