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    Première Vision foca no denim para criar identidade da indústria têxtil
    Première Vision foca no denim para criar identidade da indústria têxtil
    POR Redação

    Exposição das peças em que estilistas fizeram intervenção em denim ©Divulgação

    A 9ª edição da Première Vision São Paulo, um dos mais importantes eventos mundiais de tendências do segmento têxtil, começa nesta terça-feira com ênfase no denim. O salão apresenta as novidades de fabricantes de fios, fibras, tecidos, malhas, acessórios, estúdios de design e bureau de tendências para Primavera/Verão 2015, mas neste ano conta também com uma exposição de criações feitas por estilistas utilizando o índigo. A ideia dos organizadores é mostrar que o material tem inúmeras possibilidades, e instigar o trabalho em conjunto entre indústria e estilistas.

    Calça do estilista Alexandre Herchcovitch produzida em denim Emana e que faz parte da exposição ©Zé Takahashi/Agência Fotosite

    Alexandre Herchcovitch, que participa da exposição, acredita que a parceria entre estilistas e indústrias é essencial para o desenvolvimento de matérias-primas que atendam à necessidade dos criadores. “Entendo que, desta forma, o processo de desenvolvimento seja mais ágil conforme a demanda gerada pelo estilista, proporcionando ao consumidor um denim com maior conforto, com superfície, lavagens e tingimentos novos, assim como benefícios tecnológicos que favoreçam a saúde.” O estilista apresenta uma criação em que utiliza o denim chamado Emana, produzido em parceria com Rhodia e  Canatiba, que auxilia no combate à celulite. A peça foi desfilada na temporada Inverno 2014 do Fashion Rio, que aconteceu em novembro.

    Calça produzida pelo estilista Ronaldo Fraga para a exposição ©Divulgação

    Para o estilista Ronaldo Fraga, o mais legal deste projeto é de alguma forma romper a distância que ainda existe entre o designer e a indústria no Brasil. Ele apresenta uma calça feita de índigo cortado e tramado em tressê, que mistura o espírito de uma “five pockets” com alfaiataria. Entre os participantes da exposição estão Ellus, Der Metropol, Victor Dzenk, Sacada, Raquel Alvarez e Cacau Francisco, além de artistas.

    O país é o segundo maior fabricante de denim do mundo e o terceiro maior mercado consumidor. Mesmo assim, a gerente da Première Vision São Paulo, Luana Cloper, explica que o setor “tem muita força, mas hoje vive um momento delicado no posicionamento global do setor têxtil”. Um dos fatores que levaram a esse momento é o déficit na balança comercial do setor, de US$ 5 bilhões anuais. Para os organizadores do salão, que é um evento global, isso não é ruim, já que é uma garantia de muitos expositores de fora do país. E isso pode ser percebido nos números do evento. Na edição passada, foram 110 expositores, de 14 países. Neste ano, o número total de participantes caiu para 97, mas os mesmos 14 países continuam presentes. “O problema não são as importações, mas a baixa exportação”, afirma a gerente, que reclama das dificuldades enfrentadas e dos baixos incentivos oferecidos pelo governo.

    “Há um esfriamento dos ânimos, mas isso não é motivo para cruzarmos os braços. É o momento de as indústrias buscarem diferenciação”, diz Luana. Por isso, para tentar driblar esses problemas, uma das estratégias é criar uma identidade brasileira no mercado internacional, explorando principalmente o trabalho manual aliado à inovação tecnológica. Além disso, há ainda o apelo de o denim ser fabricado a partir do algodão, uma fibra que sempre está relacionada ao verão — e não há nada mais brasileiro do que o verão.

    Nesse contexto do mercado têxtil, o mais lógico para as empresas brasileiras parece ser mesmo investir na criação de uma identidade, muito baseada no denim. Por isso, a intervenção é artística, mas tem o viés mercadológico de inovação e de fomentar o trabalho em parceria. “Não podemos continuar com o fabricante que pena a base e o estilista, a silhueta. Nesse momento de dificuldade, em que temos que redirecionar a atuação e direcionar o olhar para novos negócios, tudo pode e deve ser pensado em grupo”, conclui Luana.

    A Première Vision começou em Paris e atualmente também acontece em Nova York, Xangai, Moscou e São Paulo.

    9ª Première Vision @ São Paulo
    21 e 22 de janeiro de 2014
    Das 10h às 19h
    Expo Center Norte – Pavilhão Vermelho
    Rua José Bernardo Pinto, 333, Vila Guilherme
    Entrada gratuita e exclusiva para profissionais do setor
    + premierevision-saopaulo.com

     
     
    + Veja mais algumas peças que fazem parte da exposição:
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