Flávia Brant e Gabriela Paiva, fundadores da Trix Store ©Ricardo Toscani/FFW
Flávia Brant e Gabriela Paiva, ambas de 23 anos, abriram a Trix Store a partir de um desejo comum de ter roupas de qualidade, com design e a um preço acessível. Criada para ser uma marca de fast-fashion, que ambas acreditam ser uma lacuna no mercado brasileiro, a principal preocupação das suas fundadoras é a fidelidade à proposta inicial de preço e à personalidade da marca.
Com formações distantes da moda – Flávia estudou marketing e Gabriela, administração –, os seus caminhos acabaram por se cruzar e desembocar na empresa que construíram juntas e que carrega a identidade e gosto pessoal de cada uma. Amigas há 12 anos, fundaram a Trix Store em novembro de 2011 com apenas 15 modelos e o sucesso foi imediato. Hoje, cada coleção tem aproximadamente 40 modelos, e elas têm um atelier e loja, em um espaço inaugurado em agosto de 2012; recentemente, elas lançaram também uma coleção de camisetas em parceria com a AACD, e estão aumentando os seus pontos de venda online e sua oferta para acessórios e sapatos. Tudo, claro, no seu próprio ritmo. “Por enquanto somos nós que fazemos tudo, desenhamos, ficamos na loja e tratamos de todo o resto”, contam em entrevista ao FFW.
O atelier da Trix Store ©Ricardo Toscani/FFW
A próxima coleção da Trix Store estará disponível a partir do dia 18.10. Enquanto isso, leia abaixo a entrevista que o FFW fez com Flávia e Gabriela, no recém-inaugurado atelier e loja na rua Jacques Félix, 27, na Vila Nova Conceição, em São Paulo:
Como começou a Trix Store?
Flávia: Eu me formei em marketing pela FAAP. Comecei a trabalhar em uma agência de publicidade para ver como era e foi uma super experiência. Mas eu sempre quis trabalhar com moda, então fui fazer um curso de especialização na Parsons em Nova York, voltado para Fashion Design e Marketing. Assim que cheguei, comecei a trabalhar no Carlos Miele, que foi uma experiência muito enriquecedora. Quando sai já tinha a Trix Store em mente, saí já focada nisso. O primeiro lançamento foi em novembro de 2011, mas a gente começou a planejar em fevereiro/março.
Gabriela: Eu fiz administração no Ibmec. Gostava muito dessa parte de números e administração, mas sempre gostei muito do lado criativo também. Quando entrei na faculdade vi que tinha muito número e eu estava desesperada para fazer alguma coisa mais ligada às artes. Então fui fazer um curso na Escola PanAmericana, de coleção de moda. Sempre gostei de moda, mas nunca tinha pensado nisso como uma profissão. Fiz esse curso, gostei muito e as pessoas começaram a pedir as roupas que eu fazia. Comecei uma marca que chamava Gabi Marques e fiz umas quatro coleções com essa marca, mas vi que faltava muito know-how. Então fiz outros dois cursos na Escola São Paulo de marketing de moda, outro de modelagem no Senac, e fui trabalhar com o Pedro Lourenço, que foi o maior aprendizado de todos. Aprendi muito lá, fiquei um ano e meio e saí só para fundar a Trix Store. No começo tentei levar as duas coisas juntas, mas a Trix começou a crescer e saí do Pedro.
As estampas para a próxima coleção ©Ricardo Toscani/FFW
Como foi o primeiro lançamento?
Flávia: Foi um sucesso total. Nós pensamos em fazer a coleção para vender pela Trix Store, mas também em comércio online e multimarcas. Tivemos uma demanda muito grande e no segundo dia já não tínhamos nada para mandar para lugar nenhum! E aí é que a gente pensou que tínhamos que planejar melhor, aumentar a grade.
Gabriela: E a Trix Store surgiu de querermos encontrar no mercado brasileiro uma marca que tenha as tendências, que tenha design e coisas novas, com uma qualidade boa, mas por um preço acessível. As fast-fashions lá fora, que todo o mundo ama, aqui no Brasil não existem. Então era isso que a gente queria. Era um desejo pessoal nosso e fomos entendendo que era das nossas amigas e das amigas delas também! (risos)
Qual acreditam ser o diferencial da Trix Store?
Flávia: Agregamos o que nós gostamos com qualidade, modelos e cores. Todas as coleções nós focamos em fazer estampas exclusivas. Isso foi uma coisa que sempre buscamos. Todo mundo parece igual, sempre com as mesmas estampas e com as mesmas roupas e nós quisemos desde o início fazer coisas exclusivas, então todas as coleções fazemos duas estampas exclusivas e todo mundo super enlouquece! Eu acho que é um grande diferencial perto de outras marcas.
Gabriela: A Trix Store tem muito das nossas personalidades e do nosso gosto. E as pessoas que vêm aqui acabam por se tornar nossas amigas, quando já não são.
E quem desenha as estampas?
Gabriela: As duas. E colocamos em diversos tecidos, como cetim, malha, seda e em várias peças também.
Mural de inspirações e lista de “to-do’s” na Trix Store ©Ricardo Toscani/FFW
Onde se inspiram para criar as coleções?
Flávia: Viagens e cidades principalmente. As nossas duas últimas coleções foram inspiradas em lugares legais. Não só em cidades necessariamente, mas em um lugar ou algo que vimos nesse lugar. A nossa última foi Marrocos. É muito bom porque às vezes vemos fotos nossas nos lugares e na hora de fazer a coleção é gostoso rever e relembrar esses momentos.
Gabriela: A de Outono foi Capadócia e a próxima, de Alto-Verão, vai ser o Mediterrâneo. Até o nome das peças – saia Atenas, blusa Mykonos… Nesta coleção lançamos bolsas de palha e na próxima coleção vamos lançar sapatos com estampas exclusivas da Trix Store.
Trix por quê?
Flávia: O nome na verdade foi visto na numerologia, e significa sorte, sucesso, e o “x” é muito representativo e explicável. Fomos vendo as letras que batiam e deu Trix.
Onde podemos encontrar peças da Trix?
Gabriela: Vendemos em lojas multimarcas, como a Pash, temos o nosso próprio e-commerce e estamos também em outros sites de venda online: desde a segunda coleção estamos no ModaAgora, fizemos uma pocket collection para o Gallerist, que é um blog & shop, estamos no The Boutique e por enquanto andamos conforme a demanda. Estamos crescendo e acompanhando o ritmo.
Flávia e Gabriela em frente a uma das araras da Trix Store ©Ricardo Toscani/FFW
Qual foi o investimento inicial que vocês fizeram na marca?
Gabriela: Na verdade a gente sempre pensou que tínhamos que crescer com o crescimento da marca, então no início não investimos muito. Investimos R$ 10 mil cada uma e hoje em dia o nosso faturamento é mais ou menos dez vezes o que a gente investiu. Nós nunca pensamos em abrir uma loja no shopping assim logo de cara. Estamos indo aos poucos. E também não queríamos pedir dinheiro aos pais, queríamos uma coisa nossa.
Vocês se posicionam como uma marca de fast-fashion; qual o preço médio de uma peça Trix Store?
Gabriela: Nosso preço médio é R$ 160 e nossa peça mais cara, que são vestidos bordados, nessa coleção custam R$ 320. Na próxima, como têm mais bordados, chegam a R$ 380. Mas são exceções. Tem blusinhas a R$ 80 e R$ 90.
Flávia: E tem outra coisa importante também: do mesmo jeito que nós fizemos as roupas pensando nas nossas amigas e nas roupas que nós gostaríamos de usar, pensamos também nas nossas mães ou pessoas da idade delas e naquilo que elas gostariam de usar. Então apesar de sermos uma marca jovem, o nosso público é muito amplo, vai dos 13 até os 60 anos. Desde o começo a gente faz peças para todas as idades.
Uma das vencedoras do Dia do Estilista com a sua criação já produzida e um dos croquis da marca ©Ricardo Toscani/FFW
Vocês criaram uma ação muito legal…
Gabriela: Sim! Nós temos o Dia do Estilista, que fizemos na última coleção, e que pretendemos fazer em todas as coleções. É um dia em que convidamos as nossas amigas e as clientes para desenharem a peça que elas gostariam de ver na próxima coleção. Distribuímos umas folhas com os manequins e as peças escolhidas são produzidas e entram na coleção com o nome da pessoa que desenhou. E você ganha de presente a peça que desenhou.
Flávia: E nós fazemos sempre no mínimo três cores de cada peça, então nós pedimos também para as pessoas falarem em que cor gostariam de ver a peça e aí a gente faz a peça nessas cores. No lançamento, todo mundo que esteve aqui no Dia do Estilista é convidado e as vencedoras recebem as peças. A pessoa que fez a roupa vê as pessoas comprando a peça que tem o seu nome e isso é muito gratificante.
E a parceria com a AACD, como surgiu?
Flávia: Desde a primeira coleção nós já queríamos ajudar de alguma forma, mas não queríamos simplesmente pegar em um valor e dar. No início não tínhamos estrutura porque sempre imaginamos que a produção seria grande. Mas quando nos sentimos mais seguras fomos falar com o marketing da AACD, que achou a ideia bacana e mandamos as estampas para eles.
Gabriela: A parceria foi ótima, as camisetas venderam super bem e fizemos até masculino. As camisetas ainda estão à venda por R$ 80 e todo o lucro vai para a AACD. Mais para a frente nós pretendemos fazer com outras instituições.
Gabriela e Flávia com as camisetas que criaram para a AACD ©Ricardo Toscani/FFW
Onde querem chegar com a marca?
Gabriela: Estamos indo aos poucos, mas se pensarmos a longo prazo, acho que queríamos ver a Trix Store pelo Brasil inteiro, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas…
Flávia: Sim, mas por enquanto queremos ficar muito aqui no ateliê, que ainda é novidade, e continuar crescendo no e-commerce.
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