A 29ª Bienal de São Paulo abre ao público _com entrada gratuita_ a partir deste sábado (25/09). E muita gente já quer saber o que tem de bom, de diferente e de imperdível nesta edição. O portal FFW conversou com 3 especialistas em arte: Jan Jfeld, Ricardo Oliveros e Renato de Cara.
Confira as indicações de quem entende _de fato!_ do riscado quando o assunto é arte:
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JAN JFELD, DIRETOR DE SHOWBIZ DO UOL E SÓCIO DA GALERIA VERMELHO
Twitter: @janfjeld
Há muitos trabalhos bons. Esta edição da Bienal, diferente da _visualmente monocromática_ edição anterior, traz um espetáculo colorido. Com este viés, o colorido, indico os trabalhos de dois artistas seminais nas artes brasileiras, a Amélia Toledo e o Leonilson e também a ótima instalação do colombiano Mateo Lópes. Vale também para os vídeo instalações de Douglas Gordon e Anri Sala.
A obra “Palacio del Papel”, de Mateo López, um dos artistas indicados por Jan Jfeld ©Divulgação/Bienal
É incrível o espaço “literário” que a dupla Marilá Dardot e Fábio Moraes construíram no térreo. A proposta de construir um espaço que é um elogio a leitura como ato criativo é lúdico. A dupla construiu um labirinto de cômodos revestidos com imagens de livros referenciais da dupla que dá ao espectador uma surpresa a cada abertura de uma porta.
A instalação “Longe daqui, aqui mesmo” da dupla Marilá Dardot e Fábio Moraes ©Divulgação/Bienal
Acho que as contemporâneas Rosângela Rennó e Rochelle Costi apresentam obras sintomáticas nesta edição. O trabalho da Rosângela atualiza a discussão sobre o mercado da arte através de antigos trabalhos fotográficos (não necessariamente fotografias, mas máquinas, objetos com fotos e etc) colecionadas pela artista que serão leiloadas até o final da Bienal e, assim, as relíquias expostas na sua instalação voltam a circular. As intervenções da Rochelle no espaço do prédio do Niemeyer trazem à tona memórias e situações poéticas muito particulares da artista para o monumental espaço da mostra.
“Estante”, de Rochelle Costi ©Divulgação/Bienal
Dos novos artistas, gostei muito dos trabalhos de Cinthia Marcelle e Jonathas de Andrade. São trabalhos visualmente atraentes (embora o primeiro é em preto-e-branco) e ao mesmo tempo abertos para várias interpretações. Gosto de trabalhos literários e, no caso, os dois trabalhos lidam com as palavras: no trabalho da Cinthia há palavras escritas mas apagadas e portanto não-visíveis, e no trabalho do Jonathas há palavras associadas as imagens.
A obra “Educação para adultos”, de Jonathas de Andrade ©Divulgação/Bienal
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RICARDO OLIVEROS, JORNALISTA
Twitter: @oliveros
O primeiro grande destaque da Bienal é o seu curador Moacir dos Anjos. Esta Bienal é uma continuação do seu pensamento apresentado no Panorama da Arte Brasileira 2007 (MAM-SP) em que a relação entre política e arte já estava presente. Além disso, ele conseguiu estabelecer um diálogo entre artistas já mortos como Helio Oiticica e Lygia Pape e artistas consagrados mundialmente, jovens, desconhecidos do grande público.
A instalação “Ninhos”, de Helio Oiticica ©Divulgação/Bienal
Como seria muito difícil escolher nominalmente artistas _porque são tantos e tão bons_ acho imperdíveis os “Terreiros”. São 6 espaços espalhados nos 3 andares da Bienal para os quais foram convidados artistas como Kboco e o arquiteto Roberto Loeb; o arquiteto Carlos Teixeira com seu espaço de descanso e reflexão; Marilá Dardot e Fabio Moraes e a biblioteca da Bienal com livros doados por pessoas que eles contataram ao longo da preparação deste trabalho; Eu sou a rua com seus 40 eventos programados; Ernesto Neto e seu espaço de encontro e uma releitura de Helio Oiticica; e finalmente a sala de projeção do artista esloveno Tobias Putrih.
“Alvorada”, de Tobias Putrih ©Divulgação/Bienal
Estes espaços vão garantir ao público uma nova dinâmica de ver a arte, de uma forma orgânica, perceber suas relações e estabelecer contatos humanos, longe da ideia de que arte é uma coisa que “intocável”.
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RENATO DE CARA, FOTÓGRAFO E PROPRIETÁRIO DA GALERIA MEZANINO
Twitter: @galeriamezanino
A Bienal está muito lúdica e contemporânea! Cheia de fotografias. Os que mais me chamaram a atenção, dos quais consegui ver na abertura foram a instalação maravilhosa feita de imagens e equipamentos fotográficos encontrados pela artista Rosangela Rennó, além de outra instalação incrível de Nuno Ramos: grandes construções de areia bem no centro da Bienal, com urubus soltos, algo bem profético e apoteótico.
“Bandeira Branca”, do artista Nuno Ramos ©Divulgação/Bienal
Quem visitar a Bienal também não pode perder as obras de Marcius Galan _pelo minimalismo e conceito, ambos excelentes_, de Jimmie Durham, que é meu ídolo, um índio norte-americano e de Henrique Oliveira, pela instalação feita de tapumes em que as pessoas podem entrar e sair como se fossem fetos.
“Bureau for Research Into Brazilian Normality”, de Jimmie Durham ©Divulgação/Bienal
Pra fechar, indico ainda os desenhos abusadíssimos de Gil Vicente _talvez o artista mais polêmico desta edição_ que apresentam líderes mundiais sendo assassinados pelo próprio artista, e os trabalhos de Efrain Almeida _em tempos de obras monumentais, seus autorretratos em microesculturas de madeira merecem destaque.
Esculturas minimalistas feitas de madeira pelo artista Efrain Almeida ©Divulgação/Bienal
+ Saiba tudo sobre a 29ª edição da Bienal de São Paulo!