Desde o seu vazamento na última semana, a crítica de rock não fala em outra coisa a não ser o disco “The Suburbs”, o terceiro da banda canadense Arcade Fire.
Muito antecipado, ele sucede o não muito bem recebido “Neon Bible” _e levou a mídia especializada a um frenesi, coroado por uma resenha da BBC afirmando que o lançamento seria melhor que o clássico “OK Computer”, do Radiohead.
Antes de traçar comparativos, “Suburbs” é um disco sobre melancolia: feito por artistas melancólicos para pessoas melancólicas. O vocalista Win Butler e seu irmão, William, falam principalmente dos sentimentos de dois adolescentes deslocados, que cresceram nos subúrbios cinzentos do Texas, nos Estados Unidos.
É a mesma qualidade de grandes momentos do rock. “Pornography”, do The Cure, “Ok Computer”, do Radiohead, e “The Queen Is Dead”, dos Smiths. Assim como nos exemplos citados acima, o público do Arcade Fire tem um culto de identificação com a tristeza da banda.
Por outro lado, a intenção poética do grupo é a de fazer um álbum grandioso e conceitual, um “Viva La Vida”, do Coldplay ou “Joshua Tree”, do U2. Canções como divididas em fases, I e II, como “Half Light” “Sprawl”, mostram que a banda não abandonou suas pretensões conceituais.
“Rococo” – Arcade Fire
“The Suburbs” – Arcade Fire
Musicalmente (em termos de arranjos e execução), o disco não é inovador, e sim nostálgico: bebe na fonte do pós-punk (“Month Of May”), do progressivo (“Deep Blue”) e do folk-rock setentista (“Modern Man”). Apesar de longo (63 minutos), o álbum é cheio de bons momentos. “The Suburbs”, que abre o disco, dá o tom apaixonado e triste, já “Rococó” e “Empty Room” resgatam as influências clássicas, violinos e harmonias vocais que fizeram sucesso no primeiro disco, “Funeral”. Destacam-se também “We Used To Wait” e “Deep Blue”.
É _indiscutivelmente_ um grande disco, mas que deve perder o brilho com os anos, criado mais pela paixão do público do que pelo pioneirismo musical da banda.
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