O novo documentário sobre Grace Jones pretende mostrar um lado antes nunca visto da cantora, modelo e atriz, tão conhecida pela irreverência, originalidade e personalidade forte, sendo dona de sua própria linguagem visual, excêntrica e andrógina. “Esta é a primeira vez que as pessoas me verão desta maneira. É um retrato muito sincero e fiel – será como se me vissem quase nua”, conta ela ao Screen Daily.
A diretora Sophie Fiennes acompanhou Jones por mais de cinco anos para registrar alguns de seus momentos íntimos dentro e fora dos palcos, dando um panorama do ícone que conhecemos e de Jones por si só. É a versão dela conhecida por poucos, quando está longe dos holofotes, trabalhando ao lado de seus parceiros criativos no mundo da música, da arte, da moda e do cinema.
“Esse filme começou com um espírito criativo e colaborativo. Grace sempre teve muito controle de sua imagem pública, mas teve a grande decisão de desmascará-la”, divide Fiennes. “Ela nunca tentou controlar o meu processo de gravação, e eu também não tinha a narrativa do filme pronta conforme ia gravando. Apenas fui gravando”, continua.
Grace Jones: Bloodlight and Bami conta ainda com performances excepcionais dos hits Slave To The Rhythm e Pull Up To The Bumper, além de suas músicas autobiográficas mais recentes, Williams’ Bloods e Hurricane. No filme, Fiennes propõe um diálogo entre tais músicas com a vida que Jones leva com a família em seu país natal, Jamaica, a partir de uma viagem de férias que a cantora fez por toda a ilha caribenha. No dialeto jamaicano, bloodlight é uma referência à luz vermelha dos estúdios de gravação, já bami significa “pão”, um alimento cotidiano, facilmente traduzido por aqui como o “pão nosso de cada dia”.
O filme foi lançado no Festival de Cannes deste ano e, no próximo mês, tem estreia marcada no Festival de Toronto, passando ainda por Londres, em outubro. O resultado foi aprovado por Grace. “Estou muito feliz com o filme. Não senti que foi uma invasão em nenhum momento. Foi um processo muito fluido e confortável”, gratifica. Ainda não se sabe se Bloodlight and Bami terá distribuição no Brasil.
Aos 69 anos – idade que a cantora não confirma nem desmente –, a jamaicana não dá nem sinais de uma possível aposentadoria. Ao contrário, ela voltou para Jamaica justamente com o propósito de gravar seu próximo disco, influenciado pelas raízes africanas e que já está em processo de finalização e tem lançamento previsto para o fim do ano. E não para por aí: “Estou trabalhando num filme baseado em minha autobiografia, I’ll Never Write My Memoirs. Há uma série de grandes empresas de cinema interessadas em adquirir os direitos”, adianta. Só nos resta aguardar.