“Wave UFO”, foto de Richard Learoyd ©Mariko Mori, Member Artists Right Society (ARS), NY, AUTVIS, Brasil 2010
Muita gente acredita que uma postura reflexiva de autoconhecimento e integração com o ambiente depende de uma atitude de desprendimento em relação a recursos mundanos como a tecnologia. Mas a artista japonesa Mariko Mori não pensa como “muita gente” – o que talvez seja uma das explicações para o seu prestígio que começou nos anos 1990 e continua até hoje, em obras que misturam conceitos budistas e engenharia de ponta e que poderão ser vistas na exposição “Oneness” que abre no sábado (20.08) no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo.
“Oneness” chega à capital paulista depois de passar por Brasília e Rio de Janeiro, e é a primeira exposição individual de Mariko no Brasil – a única outra vez que uma obra sua veio para estas bandas foi em 2002, na Bienal de São Paulo. Foram reunidos trabalhos de várias fases da carreira da artista, tendo como fio condutor o conceito budista da plena unidade: a consciência de que o mundo existe como um único organismo interconectado. A obra que dá nome à mostra, por exemplo, é um círculo de seis figuras de jeitão alienígena confeccionadas em technogel, um material que fica entre o sólido e o líquido. Um símbolo da aceitação do “outro”, a obra reage ao toque e fica toda iluminada quando as seis figuras são tocadas ao mesmo tempo.
Outro destaque da mostra, “Wave UFO” é um híbrido de máquina e escultura que pesa mais de seis toneladas e utiliza computação gráfica, som e engenharia arquitetônica para criar uma experiência interativa a partir da leitura de ondas cerebrais. As pessoas entram na obra com eletrodos conectados a suas testas, que identificam as ondas cerebrais e emitem frequências que se traduzem nas imagens de animação projetadas no interior da nave.
Além de instalações interativas como “Oneness” e “Wave UFO”, a mostra traz também esculturas, fotografias, vídeos e desenhos. “Empty Dream”, por exemplo, é representante do início da carreira de Mariko, quando ela realizava fotografias em grande escala e colocava a si mesma como personagem em cenários fantásticos com um quê de pop art. Aliás, por falar em início de carreira: a artista hoje reconhecida por seu trabalho fisolófico-vanguadista trabalhava com moda antes de se aventurar pelo mundo da arte contemporânea – ela era estudante do Bunka Fashion College quando começou a trabalhar como modelo, no fim dos anos 1980.
Atualmente radicada em Nova York, Mariko Mori já teve suas obras expostas em todo o mundo, incluindo o Centro Georges Pompidou, em Paris; a Fundação Prada, em Milão; o Museu de Arte Moderna de Nova York; e o Museu de Arte Contemporânea de Tóquio. Entre os prêmios que acumulou ao longo da carreira, estão a Menção Honrosa da 47ª Bienal de Veneza, em 1997, e o 8º Prêmio Anual como artista e pesquisadora no campo da arte contemporânea japonesa, em 2001, da Fundação de Artes Culturais do Japão.
“Oneness”, de Mariko Mori
De 20 de agosto a 16 de outubro de 2011
Centro Cultural do Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112, Centro, São Paulo
(próximo às estações Sé e São Bento do Metrô)
Informações: (11) 3113-3651 / 3113-3652
Horários: de terça a domingo, das 9h às 21h
+Veja na galeria algumas obras que estão na exposição “Oneness”: