“Não toque em meu cabelo, quando são os sentimentos que uso. Não toque em minha alma, quando nela está o ritmo que eu conheço. Não toque em minha coroa, eles dizem ser a visão que encontrei. Não toque no que está aqui, quando são os sentimentos que eu uso”, canta Solange Knowles em Don’t Touch My Hair, faixa do álbum A Seat at the Table.
O fetichismo do penteado afro é algo que mulheres e homens negros do mudo inteiro têm de enfrentar diariamente ao ouvir perguntas como: “Quanto tempo demorou para fazer esse cabelo?”, “Como você conseguiu?”, “Posso tocá-lo?”. “Quão desrespeitoso, sem noção, rude e egoísta é o ato de tocar o cabelo de um estranho?”, questiona Momo Pixels, diretora de arte e designer gráfica da agência Wieden Kennedy.
Baseada em suas próprias experiências e representando todxs que já passaram pela mesma situação, Momo desenvolveu o game de 8 bits Hair Nah. Trata-se de uma mulher negra que viaja a países onde normalmente a população de origem africana é vista como “exótica” (Japão e EUA entre eles). A missão do jogo é afastar todas as mãos brancas do cabelo da personagem Aeva, cujo penteado e tom de pele pode ser escolhido pelo jogador. O medidor “Nah” aumenta conforme as mãos são impedidas e, ao final, surge na tela: “O jogo acabou, mas essa experiência não. Esse é um problema com o qual mulheres negras lidam diariamente. Portanto um aviso àqueles que fazem isso: pare com esta merda”.
Usar uma maneira divertida para falar de algo sério éum recurso que faz parte da personalidade de Momo. “Eu sou muito feliz, divertida, mas também extremamente honesta. Por isso sempre tento usar essa justaposição da melhor forma possível. Tento falar sobre questões e injustiças sociais de uma maneira colorida”, disse ela à i-D.
“Quero fazer com que as pessoas falem num primeiro momento, ‘Oooo’. Depois algo como, ‘Ei, peraí’. Ninguém espera por uma mensagem séria em 8 bits. Então eu sempre tento alcançar as pessoas com uma surpresa e adoro isso”.
Clique aqui para jogar Hair Nah.