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    Coreógrafo do Grupo Corpo fala sobre novo balé, em cartaz em SP
    Coreógrafo do Grupo Corpo fala sobre novo balé, em cartaz em SP
    POR Redação

    grupocorpo_002Cena de “Sem Mim”, novo espetáculo do Grupo Corpo ©Juliana Knobel

    As contradições, os movimentos e as possibilidades do mar são o mote central de “Sem Mim”, nova coreografia do Grupo Corpo que estreia hoje (04.08) no Teatro Alfa, em São Paulo. O ponto de partida, como característico da companhia mineira, é a trilha sonora, desta vez criada a quatro mãos pelo paulista José Miguel Wisnik e pelo viguês Carlos Núñez, que trabalharam sobre o ciclo do mar de Vigo, de Martín Codax, único conjunto de canções do repertório medieval galego-português que chegou aos nossos dias com as respectivas partituras de época.

    Das chamadas “cantigas de amigo”, cantadas por um ponto de vista feminino que lamenta a ausência de seu amor ou festeja a iminência de seu regresso, sempre com referências ao mar, Wisnik e Núñez desenvolveram a trilha que tem as participações vocais de Milton Nascimento, Chico Buarque, Mônica Salmaso, Ná Ozzetti, Rita Ribeiro e Jussara Silveira, além do próprio Wisnik.

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    Antes da estreia nacional do balé, o FFW assistiu a um belíssimo trecho de “Sem Mim”, que será apresentado em conjunto com “O Corpo” (2000), e conversou com Rodrigo Pederneiras, coreógrafo da companhia que gentilmente falou sobre o novo espetáculo, a relação do grupo com o mundo da música e o seu processo de criação; confira:

    O mar, as cantigas de amigo e suas referências em “Sem Mim”: “Essa ideia de mar veio mais tarde, porque quando eu recebi a trilha ela estava pronta, e eu fiquei absolutamente fascinado. Mas eu precisava me agarrar a alguma coisa, a um tema, uma ideia central, alguma coisa pra criar um chão pra mim. E as letras falam da mulher que está esperando o amor que pode ser que volte pelo mar, ou chorando a perda de uma pessoa que o mar levou, porque morreu, ou porque foi pra outros lugares. Então fiquei pensando: ‘O que é esse mar, o que ele faz?’. Ele separa as pessoas, ele une as pessoas; ao mesmo tempo em que ele destrói, ele é provedor. O mar, ao mesmo tempo em que é tão vigoroso e masculino, é tão delicado e tão feminino! Isso acabou caindo no que a gente tem do mar, que é o movimento de ir e vir o tempo todo; então peguei essa base como ideia pra criar o balé. Através do mar, há os movimentos ondulados – e como fazê-los? Se eu fosse usar os braços em movimentos ondulados, seria muito óbvio, então tirei praticamente todos os braços e fiz o movimento pessoal dos bailarinos todo no tronco, ondulado, ondulado, ondulado. E pensei também nos tipos de movimento espacial que poderia fazer, porque há o movimento de maré, por exemplo, que também te dá um subsídio grande. Senão, eu ia falar de amor, da mulher que está chorando, e não era o caso; a trilha não é de lamentação, muito pelo contrário”.

    A técnica clássica no contexto contemporâneo do Grupo Corpo: “No trecho que foi apresentado agora, por exemplo, não se vê nenhum movimento de técnica clássica, mas se as pessoas não tiverem a técnica clássica, elas não fazem. Essa que é a grande coisa. Talvez seja um trabalho de um termo muito utilizado ultimamente, que eu nem gosto muito, mas que acho que é isso aí mesmo, que é de ‘desconstrução’. E de dar oportunidade ao bailarino de ele ser mais ele mesmo. Porque acho que no clássico ele está sempre interpretando um animal ou um príncipe, e aqui não, cada um pode ser ele próprio, acho que isso é importante”.

    abre-grupo-corpo-sem-mim-teatro-alfaCena de “Sem Mim”, novo espetáculo do Grupo Corpo ©José Luiz Pederneiras

    O narrativo e o abstrato na dança: “Existe coisa mais abstrata no mundo do que [fazendo gestos com as mãos, apontando para o rosto e para uma aliança imaginária] ‘você é maravilhosa, eu quero me casar com você, grand jeté, grand jeté, pirueta’?. Existe alguma coisa mais abstrata que isso? Mas dizem que isso é um balé narrativo. Dança é abstrata. O Balanchine dizia uma coisa: ‘Como eu vou dizer ‘esta é a minha sogra’ em dança?’. Não é narrativa em lugar nenhum, dança é abstrata. O que a gente vê, e acho que é o que todo mundo faz, é pegar uma ideia central e tentar tirar dessa ideia momentos, se não emoções, sensações que valham a pensa, que sejam legais… mas dança é abstrata mesmo quando se pretende narrativa.

    grupo-corpo-2A música e sua importância no Grupo Corpo: “O que a gente tenta aqui, pelo menos, é não deixar que música e dança sejam coisas diferentes, que uma queira ilustrar pra outra. As duas tem que ser uma coisa só, tem que somar, tem que agregar. Pelo menos é o que a gente tenta. A maioria dos coreógrafos trabalha de forma diferente e só vê a música depois, o que é ótimo também, mas eu não consigo trabalhar assim. Eu não saberia, definitivamente. Também até soubesse, mas não conseguiria, não é o meu barato”.

    A trilha de “Sem Mim”: “Quando o Zé [Wisnik] entregou essa trilha, eu falei ‘Zé, você é um grande de um sacana, porque essa trilha é tão maravilhosa que ela não precisa de nada, não precisa de uma coreografia, de um trabalho de dança em cima’; ela é completa, está pronta, fala por ela mesma. Mas quando eu ouvi, lá no começo do projeto, com as canções tocadas à maneira medieval, pensei que dali podia nascer uma coisa muito legal”.

    O risco das trilhas personalizadas: “Desde 1992 todos os nossos trabalhos são feitos com músicas especialmente compostas. Normalmente nós participamos da feitura, algumas vezes mais, outras menos — nesse caso por exemplo, eu não participei nada. Acho que cada vez menos a gente participa. Porque uma coisa que nós acreditamos que é muito legal é que quanto mais liberdade, melhor. Esse que é o grande barato. Se você tá chamando um cara pra trabalhar com você, que ele tenha total liberdade. É daí que nascem coisas maiores e melhores”.

    A escolha de “O Corpo” (2000) para ser apresentada com “Sem Mim”: “Acho que até deu um contraponto bom, porque “O Corpo” é muito urbano, mais rascante, mais pesado, menos palatável que o “Sem Mim”, que é mais delicado. Mas o que acontece é que a gente tem um repertório muito vasto que dançamos sempre fora do país, e no Brasil não. Então resolvemos que, sempre que formos estrear alguma coisa, vamos pegar o balé que tem mais tempo que não é apresentado aqui. “O Corpo” faz uns nove, dez anos”.

    A evolução do coreógrafo entre “O Corpo” e “Sem Mim”: “Evolução? Não sei… Vendo “O Corpo”, que é um trabalho que eu gosto muito, hoje eu gosto mais do que quando criei, mas não sei, não sei como vai ser depois. Eu tento andar pra frente, te juro que tento (risos), mas eu não sei”.

    “Sem Mim” do Grupo Corpo no Teatro Alfa
    De 4 a 14 de agosto, de quarta a segunda-feira
    Quarta, quinta e sábado, 21h; sexta, 21h30; domingo, 18h
    Duração: O Corpo (42m) – intervalo de 20m – Sem Mim (47m)
    Classificação etária: livre
    Preços: Setor I e II, R$ 100; Setor III, R$ 70; e Setor IV, R$ 40

    Teatro Alfa
    R. Bento Branco de Andrade Filho, 722
    (11) 5693-4000
    Estacionamento: Valet c/ manobrista = R$ 25 – Self = R$ 18

    Compras por telefone (5693-4000 e 0300-789-3377 ), pelo Ingresso Rápido ou na bilheteria do Teatro Alfa.

    Veja aqui a programação completa da Temporada de Dança 2011 do Teatro Alfa

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