Bjork estreou seu novo e aguardado concerto, Cornucopia, que acontece até dia 1 de junho no novo espaço cultural The Shed, em Nova York. Como era de se esperar, a apresentação é de tirar o fôlego com visual de alto impacto na mistura de arte, música e tecnologia que se tornou terreno fértil da cantora.
Cornucopia é um símbolo de abundância e nutrição e foi exatamente isso que Bjork quis passar com esse que é seu show mais teatral, complexo e colaborativo. Ela convidou a cineasta argentina Lucrecia Martel para dirigir o espetáculo e deixou a cenografia a cargo de Chiara Stephenson e os vídeos para o mago Tobias Gremmler, diretor do recém lançado clipe de Tabula Rasa (apesar de a música ser de 2017).
O espectador mergulha em uma utopia tecno-acústica e sensorial, enfatizada por uma mensagem sociopolítica sobre a necessidade de ação ambiental. “Estou tentando esculpir formas de expressar o espiritual no mundo digital. Há uma enorme necessidade de achar um lugar para a alma em nossa paisagem global. Quanto mais digitais formos, mais pele nua e crua nós desejaremos”.
Para se ter ideia do nível de detalhe e cuidado que Bjork teve com o show, os instrumentos musicais foram feitos sob medida, assim como a construção de um software para ampliar o efeito do som surround de 360 graus que preenche toda a sala. Já os vídeos criados por Tobias são projetados sobre uma cortina de fios dando uma sensação de transparência e desconstrução das belas imagens. O espetáculo é de uma grandeza visual e sonora que surpreende a cada momento.
Foto: reprodução
Quem assina os figurinos, tanto da cantora quando de todos os seus músicos, é a marca Balmain. Bjork ligou para Olivier Rousteing após ver seu desfile de Alta Costura em janeiro, o primeiro da marca em mais de 15 anos. “Eu jamais esperaria que Bjork iria me ligar. A vida é cheia de surpresas e quando ela me falou que queria vestir Balmain, eu pensei: wow!”, relata o designer ao site Dazed Digital.
De fato, soa mesmo como uma surpresa a ligação de uma cantora tão de vanguarda como Bjork para um estilista que é mais visto trabalhando com estrelas super pops, como Beyoncé, Rihanna e Kim Kardashian. Ela mesma escolheu seus looks favoritos da coleção e Rousteing fez alguns ajustes em cores e formas, especialmente para os músicos que precisavam ter facilidade de se movimentar.
Bjork com look de alta costura da Balmain; ao fundo o coral Hamrahlid Choir, formado por 50 adolescentes / Reprodução
“Vi sua coleção e senti que estávamos alinhados. Normalmente é difícil descrever uma música sem palavras, mas a Balmain realmente compreendeu minhas descrições esotéricas”, disse a cantora. Fã da cantora desde adolescente, ele conta que quando recebeu o telefonema, se sentiu como um garoto de novo, muito mais do que o diretor criativo da Balmain. “Foi algo muito emocionante e às vezes nos esquecemos de como a moda tem a ver com emoção. Esse show é feito de emoções puras”.
Emoções que começam logo no início do show com o Hamrahlid Choir, formado por 50 adolescentes, cantando por 20 minutos. Em um determinado momento, eles invadem a plateia, preenchendo o espaço do The Shed com sua energia jovem. O concerto tem ao todo 100 minutos de beleza, arte e inovação, com direito a participação do novo ícone do ativismo ambiental: a sueca Greta Thunberg aparece em um telão gigantesco para falar sobre a inação política em relação à mudança climática.
Para quem tiver a sorte, Cornucopia fica até dia 1 de junho no The Shed – e ainda há ingressos.
Greta Thunberg em telão no show de Bjork / Reprodução