A comunicação é dinâmica e, portanto, precisa acompanhar as mudanças culturais colocadas à prova. Recentemente, a Associação Brasileira de Letras revirou do avesso a gramática tupiniquim, subtraindo acentos, reinventado o uso do hífen e até de alguns termos compostos. O que seria um caos provocativo, na dialética defendida pelo linguista (sem trema mesmo) norteamericano (agora sem hífen!), Noam Chomsky, que defende que a capacidade para produzir e estruturar frases é inata ao ser humano, ou seja, já é uma espécie de herança genética, se transformou no mote central desta edição do SPFW. Palavras e ícones foram colocados ao longo dos corredores da Bienal, instigando leituras pouco convencionais dos visitantes. Cada um interpreta o significado conforme o seu próprio universo. Resolvemos ampliar a discussão e colocar os pingos nos is.
“Dicenário” SPFW:
Clássico. clás.si.co adj (baixo-lat classicu) 1. “Por que todo mundo me faz esta pergunta? Eu não sou nada clássica! Mas considero a palavra um estilo que envolve toda uma questão cultural; no Brasil isso significa ser careta”, arremata a consultora de moda, Costanza Pascolato. 2. Relativo à literatura grega ou latina. 2 Diz-se da obra ou do autor que é de estilo impecável e constitui modelo digno de imitação. 3 Aplica-se ao período de uma determinada língua no qual ela apresenta, no seu uso culto e literário, sensível estabilidade de formas gramaticais e notável precisão no aproveitamento dessas formas, por haver uma norma lingüística bem assente e firme (Matoso Câmara Jr.), define o dicionário Michaelis.
A consultora de moda, Costanza Pascolato, não se considera clássica © Priscila Vilariño/FFW
Delicious. 1. “A vida pode ser bem delicious, como a moda”, define Doris Bicudo, editora da RG Vogue. 2. é um site que oferece serviço que permite que você adicione e pesquise bookmarks sobre qualquer assunto, define o site Wikipédia. 3. No mundo da moda virou sinônimo de boas sacadas. 4. Ao pé da letra, traduzido do inglês, delicioso.
A editora da RG Vogue, Doris Bicudo © Priscila Vilariño/FFW
Desejo. de.se.jo (ê) sm (baixo-lat desidiu) 1. “Desejo é tudo. É a vida”, define o fotógrafo Marcio Madeira. 2. Ação de desejar. 3. O que se deseja. 4. Anseio, aspiração veemente. 5. Cobiça. 6. Apetite, vontade de comer ou de beber. 7. Apetite carnal, concupiscência. 8. Desígnio, intenção, define o dicionário Michaelis. 9. Psicol “Impulso, acompanhado da imagem da sua satisfação; surge quando há demora na satisfação desse impulso” (Donald Pierson).
Marcio Madeira revela seu desejo à flor da pele © Priscila Vilariño/FFW
Escapismo. es.ca.pis.mo sm (escap(ar)+ismo) 1. “A moda tem muito escapismo, pois permite levar qualquer pessoa direto para outra realidade. A moda é transformadora”, define o estilista, Dudu Bertholini. 2. Ato ou tendência de escapar, esquivar-se, fugir de qualquer coisa que seja, ou pareça ser, penosa, áspera, causadora de sofrimento, define o dicionário Michaelis.
Experimental. ex.pe.ri.men.tal adj m+f (experimento+al3) 1.“Gosto de coisas que nos levam para longe do padrão, que nos possibilita ser livre e achar novas soluções”, define o stylist, Maurício Ianes. 2. Relativo a experiência ou a experimentos, ou por eles caracterizado. 2 Baseado na experiência; empírico. 3 Derivado da experiência ou por ela descoberto; prático: Resultados experimentais. 4 Que serve aos fins ou é usado como meio de experimentação. Conhecimento experimental: o que se funda sobre fatos e na análise científica.
Ianês e seus experimentalismos © Priscila Vilariño/FFW
Excesso. ex.ces.so sm (lat excessu) 1. “O menos é mais”, define o cabeleireiro Mauro Freire. 2. Diferença para mais entre duas quantidades; excedente, sobra. 3. Grau elevado; exagero, cúmulo, define o dicionário Michaelis.
O cabeleireiro Mauro Freire decreta o fim dos excessos © Priscila Vilariño/FFW
Falação. fa.la.ção sf (falar+ção) 1. “Moda não precisa de texto”, avisa o editor de moda Ricardo Oliveiros. 2. Fala. 3. pop Discurso, parolagem, define o dicionário Michaelis.
Fale somente o necessário, avisa Ricardo Oliveiros © Priscila Vilariño/FFW
Kitsch. 1.“É um pinguim sobre a geladeira”, define p apresentador do Programa esquadrão da Moda, Arlindo Grund. 2. É um termo de origem alemã (verkitschen), usado para categorizar objetos de valor estético distorcidos e/ou exagerados, que são considerados inferiores à sua cópia existente, define o site Wikipédia.
Sonho. so.nho sm (lat somniu) 1. “A vontade de correr atrás do infinito. O sonho traduz bem isso. Tudo na minha vida se resume a isso. É muito, né?!”, define o fotógrafo Rogério Cavalcanti. 2. Representação em nossa mente de alguma coisa ou fato, enquanto dormimos, define o dicionário Michaelis.
E fez-se a luz para Rogério Cavalcanti © Priscila Vilariño/FFW
Colaboraram Bianca Pelliciari e Lica Altafim
Produção Lêda Villas Bôas