Gabriel Marchi, de Itu para o FFW
Algo acontece com o bicho homem ao entrar em contato com a natureza. Algum instinto selvagem. A chegada no SWU Music And Arts Festival, que começou neste sábado (09/10) na fazenda Maeda, em Itu, SP, serve bem para ilustrar isso: pessoas gritando, correndo, chutando o ar, dando abraços coletivos. Até segunda-feira, shows de bandas como Rage Against The Machine, Dave Mathews Band, Regina Spektor e Pixies levarão milhares de pessoas até o campo para ouvir música_ e o FFW vai acompanhar tudo de perto.
– O vento gelado e um frio de 13 graus pegaram de jeito boa parte do público. Teve gente tentanto trocar regata por jaqueta de couro no Oi Trocadores (brechó sustentável que é parceria entre a Oi e a loja À La Garçonne, de Fábio Souza). Não conseguiram: só dá para trocar regata por regata, camiseta por camiseta, calça por calça.
Killer On The Dancefloor ©Juliana Knobel
– O DJ set do grupo Killer On The Dancefloor proporcionou uma cena engraçada ao tocar “Sabotage”, dos Beastie Boys. Pessoas em todos os cantos da fazenda Maeda se voltaram para a tenda eletrônica, como zumbis, andando em direção à música. #thrillerfeelings
– Quase no final da tarde tarde, descolados e alguns paraquedistas assistiam ao set live da dupla carioca The Twelves na tenda eletrônica. Mas de longe dava pra ouvir o sensacional remix de “Reckoner”, do Radiohead_ e a versão acelerada, quase technno, de “Heart Shaped Box”, do Nirvana. Tudo feito na hora.
Fernando Catatau, do Cidadão Instigado ©Juliana Knobel
– Uma pena o show do Cidadão Instigado no palco Oi Novo Som ser encurtado para apenas seis músicas_ culpa do atraso no show de Mallu Magalhães. O repertório saiu do álbum mais recente, “Uhuuu!”, que mistura pop, rock, brega e música eletrônica, com destaque para o vocalista Fernando Catatau e sua guitarra épica. Na plateia, o paulistano Curumin, que havia tocado no mesmo palco mais cedo. Para quem não conhece a banda, fica a dica: myspace.com/cidadaoinstigado
Marcelo Camelo (esq) e Rodrigo Amarante ©Juliana Knobel
– Um homem com uma dor/É muito mais elegante. A frase do poeta Paulo Leminski descreve bem o show dos Los Hermanos, que aconteceu no começo da noite no Main Stage, palco principal do evento. Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, com seus vocais carregados de verdade, dividem o papel de frontman, enquanto a banda_ incluindo a ótima seção de metais _colocava peso na apresentação que mistura rock e samba. O repertório, composto basicamente de hits como “A Flor”, “Todo Carnaval Tem Seu Fim” e “Vencedor”, agradou e levantou o público.
– Burocracia e falhas de logística atrapalharam o primeiro dia de festival. Pulseiras de mil cores_ que os seguranças não sabiam identificar _credenciais diversas, caminhos e entradas confusas. Caótico é a palavra.
Zack De La Rocha, do Rage Against The Machine ©Juliana Knobel
– O Rage Against The Machine anarquizou total. Se o discurso político da banda_ que subiu ao palco sob o som de sirenes e uma estrela comunista no telão _hoje parece ingênuo, sua força perante o público ainda é gigante. O suficiente para apavorar, em momento tragicômico, a galera da Pista Premium, quando uma massa de headbangers derrubou as grades que separavam quem pagou caro de quem pagou muito caro.
Mais do que ativistas políticos, os integrantes do Rage Against são excelentes músicos: Tom Morello é um gênio da guitarra, Zack De La Rocha não perde o fôlego nunca, e o resto da banda acompanha. Mas o momento mais surreal da noite foi quando o som simplesmente parou_ duas vezes _ e apenas os retornos da banda funcionavam. Ei, quem apertou o botão de “mudo”?