No auge da fama, o estilo andrógino e a vida pessoal überreservada da atriz sueca Greta Garbo (1905 – 1990) chegaram a ser considerados entediantes pela mídia. Ainda assim, ela causou inveja em gente como a sua contemporânea Marlene Dietrich (1901 – 1992), que na época declarou publicamente que gostaria de ser Greta. Sua reclusão era tamanha que, em 1954, ao receber um Oscar pelo Conjunto da Obra, ela não compareceu à cerimônia de entrega, cabendo à amiga Nancy Kelly receber a estatueta no seu lugar.
Quase 20 anos após sua morte, uma das mais enigmáticas divas de Hollywood – e uma das poucas a fazer a transição do Cinema Mudo para o Falado com sucesso – ganha uma nova exposição que, muito provavelmente, revela mais do que a atriz aprovaria se ainda estivesse viva. No último dia de fevereiro, o museu Triennale, em Milão, abriu as portas para a mostra “Greta Garbo – Il mistero dello stile”.
A ideia nasceu quando Craig Reisfeld, sobrinho-neto de Garbo, falecida em 1990 após décadas longe dos holofotes, visitou o Museu Ferragamo e, em conversa com a curadora, Stefania Ricci, comentou sobre o extenso closet que a família havia guardado. A exposição inclui clipes de filmes, fotografias (há uma seção dedicada ao seu rosto), figurinos de filmes famosos e peças pessoais, de echarpes e casacos a malões Louis Vuitton personalizados, além de muitos sapatos Ferragamo.
O designer Salvatore Ferragamo, que ganhou fama calçando atrizes de cinema na primeira metade do século 20, contou em sua biografia que Garbo lhe disse: “Não tenho sapatos. E quero andar.” Em cinco provas, ele criou um par de saltos baixos e fechados que ela gostou tanto que pediu 70 pares, a maioria variando apenas na cor.
De Milão, a expo segue para o próprio Museu Ferragamo, em Florença, onde fica até setembro.
“Greta Garbo – Il mistero dello stile”
ONDE La Triennale di Milano – Itália
QUANDO De 28 de fevereiro a 4 de abril de 2010
+ www.triennale.it