Todo mundo quer faturar com as festas de final de ano _e na indústria musical não é diferente. Uma enxurrada de CDs aguardados ao longo de 2010 foram lançados no mês de dezembro. E se você ainda não escolheu os seus presentes, não tem desculpa _confira a seleção do FFW:
O principal mérito de “Loud” é mostrar que Rihanna voltou a se divertir. Nos últimos dois anos, ela chamou mais atenção em tablóides (após o escândalo com Chris Brown) e revistas de moda (forçando a barra no lado fahionista) do que por sua música. Agora, busca o dance como redenção _sendo “Only Girl In The World”, hit radiofônico de beats house_ o carro chefe destan empreitada.
Boa parte de “Loud” segue a fórmula pop vigente: synths oitentistas, letra hedonista e vocais processados em estúdio. Ainda assim, ela acerta nas energéticas “S&M” e “Raining Man”, com participação genial/geniosa de Nicki Minaj. Mas a grande surpresa é “Man Down”, um electro-reggae que nos relembra que Robyn Rihanna é natural de Trinidad e Tobago _ela deveria se lembrar mais disso também.
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Feito Pra Acabar Marcelo Jeneci
Som Livre
Há muito tempo a MPB não produz um nome tão carismático quanto Marcelo Jeneci. Num país cuja música pop é dominada por cantoras, Jeneci _que é parceiro de Vanessa da Mata, Arnaldo Antunes e Chico César_ evoca Erasmo, Roberto e Chico Buarque com desenvoltura impressionante e sonoridade radiofônica.
Produzido por Kassin e com arranjos do maestro Arthur Verocai, “Feito Pra Acabar” tem belos duetos com a vocalista Laura Lavieri, como em “Felicidade” e “Pra Sonhar”. Ambos cantam com paixão adolescente, em letras que flertam com o brega (“Dar-Te-Ei” e “Quarto de Dormir”) ou mesmo de certa pretensão, como “Por Que Nós?”: Davam-nos rótulos/ Todos em vão/ Éramos únicos/ Na geração/ Éramos nós dessa vez. Seja ou não a vez de Marcelo, sua tentativa é mais que bem-vinda.
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Lançado pela YB, o álbum de estreia de Juliana R convida o ouvinte para dentro de seu universo cinzento e melancólico da paulistana. Acostumada com pequenos palcos, ela simula a sensação de proximidade entre cantora e ouvinte com arranjos discretos, produzidos e mixados por Fabio Pinczowski.
As dez canções compilam seu trabalho desde os dezessete anos, mirando principalmente o folk – mas com influências diversas, garantidas pela variedade de colaboradores (são dezessete no total). Os melhores momentos, “Vou Ver, De Repente” e “Longe”, acontecem quando a voz da cantora _e suas ondulações de humor_ ganham definição máxima. Uma fina ironia é o máximo de humor que aparece no disco, especialmente em faixas como “El Hueco”, cantada em espanhol, e “Since I’ve Met You”.
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Endlessly Duffy
Universal Music
Não é segredo que Duffy surgiu para preencher o vácuo que Amy Winehouse deixou. Em “Endlessly”, ela precisa provar _para um mercado pop cruel e faminto por novidades_ que tem algo próprio a oferecer. Nesta fase, Duffy tenta se afastar da influência motown, mas falha no pop dançante e eletrônico, que segundo ela, foi “influenciado pelo hip-hop”.
Mas o que salva Duffy é sua voz. O timbre infantil e agudo, em uma época dominada por autotune, é distinto demais para ser ignorado, e salva faixas sem-graça como “My Boy”, “Lovestruck” e “Keeping My Baby”. Por isso, os melhores momentos do disco estão nas baladas _afinal, nada pode ser mais cativante que uma garota de voz poderosa e coração partido.