De revolucionários a cults: Primal Scream ©Reprodução
Nos próximos dias dois grupos distintos terão motivos para comemorar: a banda Primal Scream, ícone dos anos 90, volta ao Brasil e faz show em São Paulo, tocando todos os hits do álbum “Screamadelica”, um dos grandes clássicos dos anos 90. Os dois grupos são os jovens da década de noventa, que presenciaram em tempo real as mudanças que a banda fez na música, e os moderninhos de hoje, que elevaram a banda ao status de cult. Não faz parte de nenhum desses? Não se aflija. Leia a matéria, escute o som e garanta seu ingresso.
A banda, de origem escocesa, se formou em 1982, quando o vocalista Bobby Gillespie ainda estava na escola, e o movimento punk – na música – ainda estava bombando. A formação inicial não teve vida longa, e em determinado momento, Bobby cansou do mainstream da época, a New Wave Music, e queria fazer algo diferente. Por um tempo a “banda” ficou nos covers de Velvet Underground e Byrds, até começarem a surgir composições próprias. Bobby disse algum tempo depois que não existia realmente uma banda, mas eles se reuniam toda noite para ter alguma coisa pra fazer. Para a primeira apresentação ao vivo, em 1982, se nomearam de “Primal Scream”, um termo usado para descrever um choro que é escutado na terapia, para liberar memórias reprimidas.
Show do Primal Scream ©Reprodução
Mas foi só quase uma década depois que a banda alcançou a fama e o sucesso comercial, com o lançamento do álbum “Screamadelica”, que transformou a banda em uma das primeiras a deixar de ser apenas um tradicional grupo de rock e a incorporar elementos da música eletrônica, junto a grupos como New Order e Happy Mondays. Nessa época, as raves viviam seu auge no Reino Unido, e os integrantes da banda começaram a frequentar esses lugares e a se interessar pelo som, e pelas “viagens” proporcionadas pelo ácido. O primeiro single lançado nessa época, “Loaded”, entrou na lista dos hits mais tocados do Reino Unido. A linda “Higher than the Sun” também faz apologia às viagens recreativas de Bobby e sua turma.
Edição especial da “NME”, em comemoração aos 20 anos de “Screamadelica” e Bobby em capa da “The Face”, em 1994 ©Reprodução
Mas “Loaded” não era “Loaded” desde o princípio. A banda havia conhecido o DJ Andrew Weatherall em uma rave, e pediram para ele remixar uma música nova, chamada “I’m Losing More Than I’ll Ever Have”. O DJ apagou tudo, começou do zero, e iniciou com estouro uma nova fase da Primal Scream. Acrescentou breakbeat eletrônico, vocais gospel, arranjo quase todo instrumental, e uma citação do filme “The Wild Angels”, de 1966, em que o ator Peter Fonda diz:
“We wanna be free
We wanna be free to do what we wanna do
And we wanna get loaded
And we wanna have a good time
That’s what we’re gonna do
Away baby let’s go
We’re gonna have a good time
We’re gonna have a party”
Depois disso tudo, a música merecia ser rebatizada. E foi, alçando a banda Primal Scream ao posto de revolucionária da música. Hoje, é um dos maiores clássicos do grupo.
+ Ouça “Loaded”:
O álbum “Screamadelica” não é uma jóia da música apenas pelas mudanças que propôs, mas especialmente por traduzir o espírito de um tempo, o zeitgeist dos anos 90. Ouvido nos dias de hoje, 20 anos depois, se entende o que foram aqueles anos noventa, assim como se ouvidos daqui a cem, duzentos anos. O DJ Camilo Rocha, em texto sobre as duas décadas do álbum, definiu o que ele trazia dos anos noventa: “Sua música transmite delírio, ambição, euforia, alegria de viver, catarse química, introspecção drogada, alucinação, escapismo e inconsequência. Sensações comuns a boa parte da juventude inglesa na virada dos 90. Um tempo especialmente louco”.
Não bastasse tudo isso, Bobby Gillespie, o vocalista, não é bom apenas na música, e tem uma relação forte com a moda. Cheio de charme, suas aparições no palco são sempre arrebatadoras, também pelos looks elegantérrimos. Ainda não está convencido? Ele é casado com a stylist Katy England, que já trabalhou com Alexander McQueen, e em seu casamento usou um terno branco com pinturas de rosas (!), difícil para a maioria, uma graça nele. A noiva usava McQueen. Ele também foi garoto-propaganda da marca japonesa Uniqlo.
O casamento de Bobby e Katy, em 2006 ©Reprodução
Bobby é também super amigo de Kate Moss (em uma época houve boatos de que eles tinham um caso), e a super modelo deu as caras em alguns clipes da banda, chegando inclusive a cantar com ele, em um vídeo produzido em câmera Super 8, pelo SHOWstudio.
+ Assista Kate Moss & Bobby Gillespie cantando Diamond Blue:
Em sua visita ao Brasil, a banda irá comemora os 20 anos de “Screamadelica”, tocando o álbum na íntegra. Vai perder de ver ao vivo uma revolução da música?
PRIMAL SCREAM – POPLOAD GIG 7
QUANDO 24/09
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