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    Design em pauta: São Paulo recebe superstars da criatividade
    Design em pauta: São Paulo recebe superstars da criatividade
    POR Redação

    Mob-design-2011

    Aconteceu nesta segunda e terça-feira (22.08 e 23.08) no Teatro Shopping Frei Caneca a III Conferência Internacional MOB Design 2011. Já consolidado como um dos maiores ciclos de palestras sobre o Design e Economia Criativa no Brasil, o evento organizado pela Objeto Brasil trouxe nesta edição grandes nomes do design brasileiro e mundial, como Tucker Viemiester (Rockwell Group, Studio RED/Coca-Cola), Hartmut Esslinger (Frog Design e criador do design de um dos primeiros Macintoshs, o Apple II), Davin Stowell (fundador da Smart Design), Gianfranco Zaccai (Continuum), Ana Carla Fonseca (doutora em arquitetura e urbanismo focado em Cidades Criativas), Eduardo Duarte (professor da Rhode Island School of Design), Julio Bertola (VP de Design Electrolux) e Lincoln Seragini (Seragini Farné Guardado Design).

    A palestra de abertura foi por conta de Tucker Viemeister, considerado o guru do design de acordo com a revista “Business Week”, que começou dizendo o que se demonstrou ser o lema do primeiro dia de evento: estamos numa era pós-industrial, a era do design. Em um dos exemplos citados, mostrou que a marca Ramones lucrou mais dinheiro com camisetas vendidas do que com álbuns e shows. Em uma retrospectiva de sua vida, Tucker explicou que sua carreira de designer começou quando viu seu pai, Read Viemiester, desenhando e se divertindo em seu ateliê. Read estava criando na época o design de um carro, que chamou de Tucker, em homenagem ao filho.

    tucker-viemiester-mob-design-2011“Design com interatividade é a chave para criar uma conexão emocional com as pessoas” ©Daniel Ayub/FFW

    Um dos pontos citados na carreira de Tucker, e grande exemplo da importância do design, foi a criação do Coke Cruiser, um veículo parecido com uma patinete eletrônica, usado em festas para distribuir garrafas da bebida. O resultado foi que 43% das pessoas acharam que a Coca-Cola vinda do veículo era mais gostosa do que as normais, demonstrando assim como o design influencia na opinião e apreciação de um produto pelo consumidor.

    Mais focado hoje no design de ambientes para eventos, Tucker diz que a chave para o futuro está na interatividade. “Quando passamos por um lugar e este reage aos nossos movimentos, mudando suas formas, cores e sons, criamos uma conexão emocional e um sentimento de fazermos parte de algo maior”. Ótimos exemplos para isso são suas ambientações para a Bienal de Arquitetura em Veneza 2008 e o projeto Plug-and-Play, realizado em San Jose, California.

    Vídeo sobre as instalações da Bienal de Arquitetura em Veneza 2008

    Hartmut Esslinger

    Eu quero o melhor design do mundo“, foi o que Steve Jobs disse a Hartmut Esslinger quando o chamou para desenhar o Apple II, um dos primeiros Macintoshs. Tendo passado por empresas como HP, General Electric e Olympus, o que mais nos chamou a atenção foi quando a Louis Vuitton apareceu na lista. “Entrei na empresa assim que Henry Racamier assumiu a liderança. Na época, a loja possuía apenas duas lojas, uma em Paris e outra em Nice, mas em pouco tempo fizemos um ótimo trabalho de renovação da marca, que se tornou a multinacional que todos conhecemos hoje“. Hartmut e Racamier chegaram a um conceito básico de design que chamaram de “non-matching”. Como as pessoas costumam combinar as roupas com suas bolsas, é necessário possuir muitos estilos diferentes do acessório. No entanto, os padrões do couro nas bolsas da Louis Vuitton tinham a característica de serem considerados neutros, e foi justamente essa neutralidade que eles buscaram levar para as cores, gerando assim uma linha de produtos de couro que combinavam com tudo, sendo considerados atemporais. Dessa forma, os produtos da Louis Vuitton passaram a ser comprados em todas as partes do mundo, por todas as classes e culturas, tornando-se uma marca global e não só parisiense.

    hartmut-esslinger-mob-design-2011Hartmut considera que um produto inovador é fruto de 1% de ideia + 90% de produção + 9% de sorte. É preciso uma observação das pessoas, dos problemas, do mercado e das culturas. ©Daniel Ayub/FFW

    Gianfranco Zaccai

    Enquanto que no primeiro dia a questão estética foi tida como personagem principal, quando Gianfranco Zaccai começou sua palestra dizendo que “não devemos fazer produtos bonitos, mas sim aqueles que mudem a vida das pessoas“, uma nova postura foi definida. Co-fundador e CEO da Continuum, empresa de consultoria em design, Zaccai explicou que o design não deve ser um conceito exclusivamente visual, mas sim deve percebido com todos os sentidos – “Modele a experiência, não a estética”. Exemplificando, Gianfranco contou um pouco sobre como o tamanho dos tênis esportivos nos anos 80 era um problema pois não cabiam perfeitamente em cada pé. Foi então que teve a ideia para criar o Reebok Pump, em que a estética não importava, mas sim o fato de que ele inflava automaticamente, se encaixando nos pés de qualquer um. O resultado? Foi o maior sucesso de vendas na história da Reebok.

    omnipodOmnipod da Continuum ©Reprodução

    Entre os projetos da Continuum, um dos últimos destaques é o Omnipod Diabetes, que não foi uma invenção, já que injetores automáticos de insulina existiam antes. A inovação está no design, já que o novo produto é muito mais leve e não precisa de longos tubos como os outros modelos. O controle também não se parece com algo relacionado a um tratamento médico, mas sim a qualquer aparelho eletrônico, como um celular. Com esse visual mais limpo, as crianças não tinham vergonha de usá-los e o produto se tornou líder em vendas nos EUA.

    davin-stowell-mob-design-2011Davin Stowell durante sua palestra ©Daniel Ayub/FFW

    Davin Stowell

    Seguindo a mesma linha de pensamento anterior, o fundador da Smart DesignDavin Stowell, também acredita no design que tenha sentido. Separando claramente a palavra design de styling, explicou a evolução do mercado americano através do design. “O mercado cresce quando há uma grande invenção ou um grande design, e não no styling”. Stowell acredita que a tecnologia sempre virá primeiro: “os IBMs, Apples e celulares não venderam porque eram bonitos, mas sim porque havia uma tecnologia nova e incrível por trás”. Mas então quando o design entra? A Apple estava prestes a falir após a briga perdida pelo domínio dos computadores nos anos 80 e 90, mas o design prático, leve e bonito do iMac G3 salvou a empresa. Da mesma maneira, quando um dos sócios da Sony pediu para que o departamento de som criasse um aparelho para que pudesse ouvir música clássica enquanto viajava, a tecnologia não precisava ser criada, mas sim aplicada a uma nova forma de uso, que foi o Walkman da Sony. Não foi uma questão de estética, mas sim de reinvenção do uso.

    walkman-imacg3Primeiro Walkman Sony e o Apple iMac G3 ©Reprodução

    Usando uma de suas criações como exemplo, Stowell mostrou como um simples conceito de design mudou completamente a imagem publicitária de um carro e também a vida das pessoas. A nova linha da Ford possui um painel LCD, em que era possível colocar qualquer tipo de imagem. Davin e sua equipe criaram um diferente tipo de medidor, o “Smart Gauge“, em que quanto mais folhas verdes tivesse, mais econômico e menos poluidor estaria sendo o seu uso do veículo – “Virou até uma brincadeira, as pessoas competem para ver quem consegue economizar mais”. O governo dos Estados Unidos chegou a premiar com 1,2 milhões de dólares a Universidade da California pela pesquisa: “Como sistemas do tipo do ‘Smart Gauge’ ajudam a economizar combustível“. Davin brincou: “Eles podiam ter perguntando para nós”.

    smart-gauge“Smart Gauge”(à direita do painel) da Ford, que revolucionou a imagem publicitária dos seus carros nos EUA, assim como uma conscientização a respeito da economia de combustível ©Reprodução

    Em resumo, para os empresários, o evento serviu para mostrar que a economia criativa é uma das que mais geram lucros frente aos investimentos. Para os designers, ensinou como aprimorar seu processo criativo através da observação crítica das relações que as pessoas têm com os produtos e ambientes. Para as outras pessoas, mostrou com que magnitude o design criativo pode mudar nosso modo de vida e não somente a estética dos produtos que colocamos em nossas casas.

    A pergunta mais frequente feita aos palestrantes foi: “Como o designer brasileiro é visto lá fora?“, a resposta que Tucker deu foi: “O designer brasileiro pode ir a qualquer lugar do mundo e ser reconhecido“, o que nos leva a uma reflexão sobre algo que Ana Carla Fonseca comentou em sua palestra sobre as cidades criativas e o design como fator de competitividade: “O design pode ser o carro-chefe para a mudança da imagem do Brasil. Será que o avião brasileiro é visto lá fora como algo divertido vindo daquele país legal ou como um produto inovador que precisamos ter em nossas vidas?”. Que esta retórica fique como motivação para todos os designers e criadores no Brasil.

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