Mark Zuckerberg à saída de Wall Street ©Reprodução
Com o Facebook às vésperas de abrir seu capital na Bolsa de Valores, estará o seu CEO à altura do desafio de gerir uma empresa pública gigante? Quem pergunta é o “The New York Times”, em um artigo publicado em 14.05, e a reflexão é válida. Estará Mark Zuckerberg, do alto de seus 28 anos, com o seu moletom de algodão, preparado para tomar as rédeas de uma empresa que, com capital aberto, valerá até US$ 110 bilhões (sim, você leu isso mesmo)? Zuckerberg manterá 55,8% do controle da empresa que fundou em 2004, segundo a “Folha de S.Paulo”. A Folha também apurou que, com o dinheiro levantado, o Facebook tem como meta ampliar sua comunidade global, sobretudo em “grandes mercados de relativamente baixa penetração”, com foco no Brasil, Índia, Japão, Rússia, Alemanha e Coreia do Sul.
Essa questão está na cabeça de muitas pessoas. A resposta irá determinar o futuro do Facebook, na medida em que agora Mark passa a ser julgado em tempo real por homens de negócio engravatados de Wall Street, onde esteve no início do mês fechando negócios para a sua empresa.
A primeira crítica que o jovem multimilionário recebe é a de não usar gravata. Seu moletom de capuz já é sua marca registrada, que ele usa com o mesmo despojamento em uma reunião de trabalho ou em um bar com os amigos. Amigos esses que, por mais incrível que pareça, o criador da rede social mais bem sucedida do mundo tem dificuldade em ter. Seu colega de Harvard, co-fundador do aplicativo “Causes” no Facebook, Joe Green, não vê essa caraterística como negativa. “Apesar das suas poucas palavras, Mark tem autoconfiança irracional. Só assim ele poderia ter começado algo como o Facebook”, disse ao “NYT”.
Quem Mark escolhe para “adicionar como amigo” já é outra coisa. Consciente das suas limitações e, consequentemente das suas capacidades, Zuckerberg tem como conselheiro outro gênio de informática, Bill Gates; o co-fundador da rede social voltada para as relações profissionais “Linked-In”, Reid Hoffman; e Donald E. Graham, presidente do “Washington Post”. Todos reconhecem em Zuckerberg a sua visão de negócios e principalmente, seu olhar para a indústria cibernética. Como bom empresário, procura sempre preencher as suas limitações com pessoas mais capacitadas do que ele. E suas caraterísticas, por mais desleixadas que possam parecer para os engravatados de Wall Street, não desvalorizam sua capacidade nem tiram a sua credibilidade enquanto fundador de uma das empresas mais valiosas da atualidade.
O Facebook mudou a forma como nos comunicamos e nos relacionamos. Cada vez com mais funcionalidades e novos aplicativos, a Facebookmania ainda tem muita história para contar.
A pergunta, inicialmente feita pelo “New York Times”, talvez necessite de uma reformulação. Estará uma empresa pública, de capital aberto, disposta a aceitar as novas regras de “moletom e tenra idade” do seu presidente? É o que descobriremos logo mais.
update: 18 de maio
Mark Zuckerberg “tocando o sino” da Bolsa de valores Nasdaq ©Reprodução
Esta-sexta feira (18.05) o Facebook virou empresa pública com ações cotadas na bolsa. No dia anterior, Zuckerberg escreveu uma carta irônica dando razões que distinguem a sua empresa de todas as outras e assegurando que é vantajoso investir no seu negócio bilionário. Mark revela, inclusive, o que fará com os US$18 bilhões que vai ganhar com a abertura de capital: “Estou pensando em comprar a Grécia. Mas ainda assim, isso ainda me deixaria com os mesmos US$18 bilhões. LOL”. Aquele que hoje é um dos jovens mais ricos do mundo, não dispensa uma boa dose de sarcasmo.
Abaixo pode ler a carta na integra:
Dear Potential Investor:
For years, you’ve wasted your time on Facebook. Now here’s your chance to waste your money on it, too.
Tomorrow is Facebook’s IPO, and I know what some of you are thinking. How will Facebook be any different from the dot-com bubble of the early 2000’s?
For one thing, those bad dot-com stocks were all speculation and hype, and weren’t based on real businesses. Facebook, on the other hand, is based on a solid foundation of angry birds and imaginary sheep.
Second, Facebook is the most successful social network in the world, enabling millions to share information of no interest with people they barely know.
Third, every time someone clicks on a Facebook ad, Facebook makes money. And while no one has ever done this on purpose, millions have done it by mistake while drunk. We totally stole this idea from iTunes.
Finally, if you invest in Facebook, you’ll be far from alone. As a result of using Facebook for the past few years, over 900 million people in the world have suffered mild to moderate brain damage, impairing their ability to make reasoned judgments. These will be your fellow Facebook investors.
With your help, if all goes as planned tomorrow, Facebook’s IPO will net $100 billion. To put that number in context, it would take JP Morgan four or five trades to lose that much money.
One last thing: what will, I, Mark Zuckerberg, do with the $18 billion I’m expected to earn from Facebook’s IPO? Well, I’m considering buying Greece, but that would still leave me with $18 billion. LOL.
Friend me,
Mark