Ao fundo, a dupla Daft Punk em cena de “TRON: O Legado” ©Reprodução
Mesmo quando era mudo, o cinema já tinha música como suporte: artistas contratados tocavam piano durante as projeções, incitando clima de suspense, romance ou drama. Ao longo de 2010, estúdios e diretores vem apostando em um novo jeito de trazer _e renovar_ a música dos seus filmes: se unindo a rockstars.
Envolta em muito hype ao longo de 2010, a trilha original de “TRON: O Legado” foi composta pelo Daft Punk. A dupla eletrônica francesa é tratada como personagem, com direito a aparição no filme. “Foi de longe a coisa mais desafiadora e complexa que já estivemos envolvidos”, comentou Thomas Bagalter, da dupla _seus reconhecidos sintetizadores oitentistas foram misturados a uma orquestra de 85 instrumentos.
Nesta segunda-feira (11/12), Trent Reznor, do Nine Inch Nails, foi indicado a um Globo de Ouro pela música original do filme “A Rede Social“. Reznor usa camadas eletrônicas sutis, como eletrodos, conferindo uma atmosfera tensa ao longa-metragem. Ainda nesta semana foi divulgado que Alex Turner, o vocalista dos Artic Monkeys, vai assinar músicas do filme “Submarine”, que estreia no festival de Sundance no ínício de 2011.
Antes de tudo, é necessário diferenciar trilha original (score) de trilha sonora (soundtrack). A primeira, música composta especialmente para o filme (geralmente com uma orquestra), serve para completar e dar atmosfera às cenas. É o caso de músicas clássicas de filmes como “Tubarão” ou “Star Wars”, ambas de John Williams. Já a segunda serve para divulgar o filme com CDs e videoclipes. Pense “I Will Always Love You”, da Whitney Houston, no filme “O Guarda-Costas”.
A nova abordagem funciona como estratégia de marketing: ter um músico famoso pode ser decisivo para levar um fã ao cinema. Por isso, diretores escolhem cuidadosamente o artista que faz a trilha _Beck assinou as faixas do filme “Scott Pilgrim”; tudo a ver com o universo nerd e o público ligado em rock alternativo e quadrinhos. Já o Grizzly Bear, banda indie do Brooklyn, compôs os sons de “Blue Valentine”, filme independente com Ryan Gosling e Michelle Williams _reforçando o público-alvo interessado em cultura não-mainstream.
A lista vai longe, com Thomas Mars, do Phoenix, compondo a trilha de “Somewhere”, da esposa Sofia Coppola. Ainda em 2010, a dupla eletrônica Goldfrapp construiu paisagens sonoras poéticas para “O Garoto de Liverpool”‘, filme sobre a infância e adolescência de John Lennon. Pouco antes, o filme “The Road” _baseado em um livro pós-armageddon_ teve suas faixas concebidas e gravadas, muito apropriadamente, pelo soturno Nick Cave. Afinal, parece que esse mashup de mundos não é má ideia…