O início da palestra do WGSN ministrada por Clarissa Araújo ©Juliana Knobel/FFW
O Rio-à-Porter, salão de negócios que acontece paralelamente ao Fashion Rio, está já na sua 20ª edição e este ano conta com uma novidade: o Sebrae Nacional (Serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas), juntamente com os seus polos regionais, fechou uma parceria com a Luminosidade, empresa organizadora do evento, para que pelo menos até 2014, esta ajude marcas emergentes a impulsionar o seu negócio, dando apoio, por meio da produção de conteúdos, e prestando consultoria. O evento conta ainda com palestras voltadas para o negócio dos clientes e das marcas ali representadas, ministradas por convidados e especialistas em moda e tendências. Esta quinta-feira (24.05), foram duas apresentações: a primeira, do WGSN sobre Estratégias de Merchandising Visual, e a segunda sobre a importância da informação de moda e das várias mídias na construção de um negócio e de uma marca de moda.
Clarissa Araújo, gerente para novos negócios do WGSN para a América Latina ©Juliana Knobel/FFW
Na primeira palestra, às 11h, a gerente para novos negócios do WGSN para a América Latina, Clarissa Araújo, apresentou, em blocos bem divididos, quais as melhores estratégias para “vender a sua marca visualmente”, ou seja, fazer com que quem olhe para a loja ou quem veja uma ação da marca se sinta atraído por ela através de motivações visuais agradáveis. O primeiro bloco, Estratégias Emergentes, mostra como ideias revolucionárias podem alavancar um negócio. Uma lavanderia que recicla roupas velhas, um aplicativo que permite “taguear” os produtos na loja e retirar no caixa ou um supermercado que vende os produtos de acordo com as quantidades exatas para determinada receita culinária são alguns dos exemplos de estratégias que surgem. O segundo bloco, de Comércio Editado, ensina como o fato de vender para o consumidor um conjunto de coisas já agrupadas ou “editadas” – editar o mix de produtos consoante a localização da loja, por exemplo -, pode ajudar a venda e mudar a percepção do consumidor em relação a determinada loja, marca ou produto. No terceiro bloco, o da Sustentabilidade, Clarissa introduz o conceito do professor da Harvard Business School, Michael Porter, de criação de valor compartilhado (CSV), que explica que o tema da sustentabilidade, que nos últimos tempos tem sido fonte de notícias, hoje em dia vai muito além dele mesmo, englobando até a produção das próprias matérias primas e o espaço físico da loja. Como exemplo, Clarissa usa a marca carioca Langak, que utiliza material de ferro velho para montar as suas lojas. No último bloco, apelidado de Surrealismo, é mostrada a importância de uma vitrine inspirada e inspiradora assim como a disposição dos produtos na loja e o efeito que isso tem no consumidor. Clarissa terminou a sua palestra falando sobre a importância do pioneirismo nacional e sua função em um mundo com os olhos voltados para o Brasil.
Camila Yahn, editora-chefe do FFW, fala sobre a importância da informação de moda na construção de um negócio ©Juliana Knobel/FFW
A segunda palestra do dia, às 13h30, contou com a presença da editora-chefe do FFW, Camila Yahn, e do stylist e editor de moda da revista “ffw_Mag!”, Paulo Martinez, que conversaram sobre inspirações e a importância da informação de moda nos negócios e deram alguns exemplos de fontes onde buscar essa informação. Paulo falou ainda sobre a sua função de curador das marcas presentes no Rio-à-Porter como parte da parceria entre a Luminosidade e o Sebrae, e revelou estar “muito feliz por achar coisas legais produzidas no Brasil”. O resultado desta curadoria vai estar presente em um editorial de moda na “ffw_Mag! Coleções”, edição especial da revista que sai depois de cada temporada de moda nacional. Apesar de admitir que internacionalmente vê coisas mais “à frente”, Paulo acrescenta que estamos no bom caminho, e que só falta ao Brasil “arriscar mais e ter menos medo de errar”, para se equiparar às produções além fronteiras. “Fico preocupado com a mesmice das coisas… não precisamos copiar”, acrescenta. Quanto ao negócio, o editor de moda dá conselhos preciosos a lojistas e donos de marca: “Acreditem no seu produto, façam com que ele caia nas mãos certas e mantenham sempre o contato com os editores e com as revistas”, diz.
Camila Yahn e Paulo Martinez falam sobre inspirações e produções locais ©Juliana Knobel/FFW
Camila Yahn, além de participar e mediar o bate-papo anterior, ainda deu uma lista de filmes, livros, sites, jornais e revistas, nacionais e internacionais, ideais para a pesquisa de informações corretas e apuradas de moda, sublinhando a importância da mesma: “Não podemos saber só de tendências; informação de moda vai muito além disso”, diz a uma plateia preocupada em não perder nenhuma das dicas. A editora falou também da importância das redes sociais como forma de observar um potencial cliente ou consumidor para desvendar os seus hábitos de consumo e assim devolver, enquanto marca, a informação correta. Para Camila, o que torna um produto diferente e mais atrativo são as inspirações que a marca ou o designer coloca nele. “coisas que tocam o nosso coração e que nos inspiram podem ser o diferencial do nosso produto”, diz, valorizando a importância da informação pessoal como ferramenta de trabalho.