Nascida em meio à androginia grunge dos anos 90, Coco Gordon Moore, filha dos ícones Kim Gordon e Thurston Moore, da banda Sonic Youth, diz não querer contar com o sucesso e fama dos pais. Reservada e sem pretensão alguma de ficar famosa, já fez com que excluíssem a página dedicada a ela na Wikipedia e manteve suas redes sociais privadas até pouco tempo atrás.
Apesar de querer ficar às margens do sucesso que sem dúvida bateria à sua porta, é impossível não notar sua presença crescente. Em 2015 pousou com sua mão para a campanha de outono de Marc Jacobs, seu debut nas campanhas de moda. No mesmo ano, ela também foi capa da Dazed and Confused, em foto de Collier Schorr.
Seu estilo é totalmente influenciado pelos anos 90 e, inclusive, colaborou e participou como modelo em uma parceria entre as marcas MadeMe e XGirl (Lourdes Leon, filha de Madonna, também “modelou” na campanha). Para quem não sabe, a XGirl foi fundada por Kim Gordon e pela stylist Daisy Von Furth poucos anos após o nascimento de Coco. Agora, essa nova colar traz a marca de volta. “Ver as fotos dos anos 90 da minha mãe, Daisy Von Furth, Sofia Coppola e Chloë Sevigny usando as roupas teve grande influência no meu estilo”, disse em uma entrevista a i-D sobre a nova colaboração, que é uma releitura completa dos anos 90 com macacões, boinas e suéteres de crochê. “Eu queria me vestir exatamente igual a elas.”
XGirl vs MadeMe / Reprodução
Agora, recém-formada na School of the Art Institute, de Chicago, tem se focado em construir seu papel de ‘criativa com consciência social’ e planeja começar sua vida nova no Brooklyn, em Nova York, ganhando dinheiro como babá e buscando um trabalho de meio-período em um abrigo para animais – experimentando aquilo que ela denominou de ‘mundo real’ para compor sua arte.
“Grande parte do meu trabalho foi sobre o que eu estava passando na escola, e agora preciso viver um pouco no mundo real e criar um trabalho artístico sobre isso”, contou em entrevista à revista Nylon.
Indecisa entre continuar a carreira apenas nas artes plásticas ou escrever poesia, tem buscado em seu trabalho um jeito de conectar a duas linguagens cada vez mais e nele conta com uma crueza íntima: linhas negras rígidas, largas faixas de cores e camadas confusas com geralmente algum texto ou frase incorporado – como ‘Today I spent 14 hours in my room on my computer’ ou ‘Today I broke a chair’. “Eu gosto do fato de que há muitos significados diferentes. Pode ser que alguém se sentou e quebrou acidentalmente, ou que foi com raiva.”
Engajada em discussões sociais, tem visto a oportunidade de usar sua persona pública como um modo de dar voz às causas sociais que apoia. Em seu trabalho artístico, Gordon Moore explora temas como a violência sexual e a cultura de estupro, e o vê como uma maneira de reivindicar seu próprio corpo, os arquétipos de feminilidade e o desejo da mulher. “Recentemente tive a ideia de vender meus quadros e doar os lucros para organizações que são importantes para mim, como Women of Color Against Violence, Massachusetts Ball e No Means No. Eu quero que meu trabalho seja acessível para mulheres de baixa-renda, especialmente porque meu trabalho é feito para elas, para estimular suas vozes.” Ao questionar seu papel na arte, onde há um mercado de predominância essencialmente masculina, procura modos efetivos para mudar esse cenário. “E isso meio que deu certo, pois vendi algumas peças para uma mulher que podia pagar apenas um pouco, e daí vendi meu trabalho também para um homem que pagou o valor total.”
Ainda vamos ouvir falar muito de Coco Gordon Moore…